Capítulo Trinta e Nove // Head underwater

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Dedico esse capítulo à Victória, que até hoje não sabe, mas é a real razão de muita coisa.

Uma vez você me disse que já pensava em mim antes mesmo de ter me mandado mensagem pela primeira vez aqui no Wattpad, porém, mal sabe você que eu já sonhava com o seu nome e até mesmo tinha feito uma playlist anos atrás. Mal você sabia que eu me apaixonei por você primeiro, mas eu nunca achei que tivesse chances de um dia estar ao seu lado. Mal você sabia que a minha maior motivação de continuar essa história era porque sabia que você me mandaria mensagens... e até hoje, teu nome nas minhas notificações ainda são as minhas favoritas.

Muita obrigada por existir, meu amor. Muito obrigada por ser real. Muito obrigado por ser o mais perto que eu chegarei ao céu.

E falando em céu... espero que Deus nunca conte a ninguém o que nós duas fazemos todos os dias à meia noite...

Ah! E só para você não se esquecer... dois, dois, três ;)

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Sábado.

Não consigo me mexer.

Não consigo respirar.

Tem algo pesado sobre mim, pressionando as minhas costelas contra a madeira.

Ou é isso que eu acredito que esteja acontecendo até o momento em que eu abro meus olhos e, por causa da iluminação que os violentam, volto a fechá-los. Por ora, foco meus sentidos em minha audição, em algo que me dê alguma pista de onde eu estou.

— Você quer mesmo que eu acredite que isso foi um acidente, senhor Fletcher? — imediatamente reconheço a voz da minha mãe esbravejando com o diretor da minha faculdade. — Quais eram as probabilidades daquele ferro cair justamente em uma cena que ela estava atuando sozinha? É ridículo que você tente me convencer que isso não é responsabilidade de vocês, sendo coincidência ou não.

— Eloise, seja razoável. Nós conhecemos há anos, eu nunca deixaria nenhum risco mecânico acontecer a nenhum dos meus alunos, ainda mais a sua filha! Somos amigos, lembra?

Por alguma razão, aquele “somos amigos” não me pareceu... puro, mas tentar entender o porquê fazia a minha cabeça doer e latejar, como se tivesse um alfinete adentrando minha têmpora e destruindo cada fibra muscular no caminho.

— Não quero que você tente provar a sua dignidade, Fletcher. Quero que encontre quem fez isso.

— Como eu disse, ninguém está por trás disso, Eloise. Foi um acidente...

— Não... — ouvi minha mãe falando um pouco mais baixo agora. — Acidente, Fletcher, vai ser o que eu vou fazer com você.

Um momento de silêncio.

— Isso não é uma ameaça, é?

— Eu? Ameaçando você? — o cinismo na voz da minha mãe fez os pelos do meu corpo se arrepiarem no mesmo segundo. — Somos amigos, Fletcher. Como você mesmo disse. Eu nunca ameaçaria você... não se for em vão. Entende o que estou dizendo, querido?

Mesmo de olhos fechados, eu conseguia visualizar perfeitamente o senhor Fletcher engolindo em seco. O medo emanado de seu corpo chegava a ser palpável.

— Perfeitamente.

— Ótimo, vou pedir ao Miles para acompanhar você até a delegacia. Ah, e Fletcher, você também receberá as contas do hospital na sua casa. É bom que você as pague... sabe? Em nome das lembranças dos nossos velhos tempos.

Enmity [Enemies to Lovers]Onde histórias criam vida. Descubra agora