Capítulo Vinte e Quatro // A lethal feeling

1.6K 107 147
                                    

Segunda-feira.

Schneider: As coisas estão piorando por aqui, Amy.
Schneider: Ontem uma funcionária do orfanato me disse que Amie não estava em condições de visitas. Eu perguntei o porquê e ela me disse que ela havia caído e ficado com um hematoma na lateral do rosto.

Finco minhas unhas com tanta força nas palmas das minhas mãos que sinto o sangue escorrendo até o pulso em questão de minutos.

A cada dia que se passava, mais machucados, arranhões e hematomas apareciam no corpo de Amie. Até mesmo Elnora havia notado.

Eu: Amie não é uma criança que brinca. Esse hematoma não veio disso.

Schneider: Eu sei. E é isso que me preocupa.

A mim também.

Eu: E quanto a Elnora?

Schneider: Ela está bem, não se preocupe. Curiosa e esperta como sempre.
Schneider: Mas eu notei uma coisa ultimamente.

Eu: O quê?

Schneider: A funcionária do orfanato diz que Amie não está saindo do quarto com tanta frequência.
Schneider: E Elnora veio até mim perguntar o porquê. Não senti que foi uma simples curiosidade.
Schneider: Ela estava preocupada.

As chances para que Schneider estivesse certo eram altas, já que Elnora se enfiou no meio de uma briga entre Amie e Eugênia para defendê-la mesmo alegando que não a suporta.

Isso só reforça meu ponto de que elas protegem uma à outra até mesmo quando se atacam.

Schneider: Inclusive, conheci essa tal de Eugênia.
Schneider: A mulher parece que levou um choque.

Eugênia tinha olhos grandes e arregalados, seus cabelos eram lisos demais, avermelhados, mas parecia que ela malmente cuidava deles. E sua feição era tão fechada que, por mais que ela estivesse de bom-humor, ainda parecia que ela havia chupado manga azeda.

Eu: Não é legal falar da aparência dos outros, Schneider.
Eu: (Parece mesmo, né?)

Schneider: Longe de mim falar.
Schneider: (Acho que ela pariu o superchoque).

Nego com a cabeça e prendo uma risada enquanto vejo minha tia me olhando de esgueira. Meu sorriso morre de vez e eu volto a prestar atenção no desfile de moda que ela nos ameaçou a assistir.

Chiara, por outro lado, parecia estar radiante com a nova coleção de roupa que eu ainda tentava descobrir se era uma roupa de bujão ou uma toalha de mesa.

De repente sinto Yuri me cutucar.

"Se eu fingir um desmaio", ele começa, cochichando no meu ouvido. ", você nos leva pra casa?"

Olho para Arlen e então para minha tia, entretidos demais com o desfile para prestar atenção em nós.

"Seria mais crível se você fingisse que está sentindo dor na clavícula.", rebato.

Yuri faz careta, apesar de assentir.

"Ai.", ele inclina o corpinho pra frente com as mãos no osso. "Ai, meu Deus, ai!"

Com a mesma velocidade que Stephanie me olhou com repreensão, ela olhou para Yuri com preocupação.

"Meu bem, o que foi?", suas mãos passam por cima de mim na poltrona e vão para as costas dele. "Está sentindo dor?"

"Estou, mas não é nada demais, eu só preciso..." finge que vai levantar, porém seu corpo volta a se inclinar pra frente. "Ai!"

Eu precisava admitir, a atuação dele estava inquestionável, o que me levou a crer que foi Enola quem ensinou isso pra ele: os olhinhos penosos, os lábios cerrados como se ele estivesse se segurando, as pálpebras se fechando lentamente para dar mais efeito ao brilho no olhar... Tudo uma estratégia teatral.

Enmity [Enemies to Lovers]Onde histórias criam vida. Descubra agora