Sábado.
Coloquei minhas mãos nos ombros de Enola no exato momento que Chiara foi algemada em nossa frente. Suas mãos estavam sujas de sangue, o que fazia o metal da algema ficar como plano de fundo no que poderia ser a pior coisa que possa ter acontecido a minha prima.
As luzes do carro da polícia iluminavam a rua, o que fazia as pessoas saírem das suas casas às 2 horas da manhã.
Aparentemente, todos eles tinham algum tipo de lixo para jogar fora.
“Vamos acompanhar vocês até a delegacia.”, Nora toma a frente na situação. Nenhuma de nós tínhamos psicológico o suficiente para entender o que estava acontecendo. Até o momento, as palavras do policial estavam ecoando em minha mente como um mosquito sobre a carcaça ensanguentada.
Segurei a mão fria de Enola e a puxei para entrar no carro, no exato momento que a ambulância passou... e era muito louco pensar que estávamos indo para lugares diferentes.
Nora, eu e Enola estávamos indo para a casa de férias de nossos tios.
Yuri estava indo ficar com Eloise.
Chiara estava indo pra delegacia.
E o corpo de Amanda estava indo pro IML.
Me lembro daquele dia muito bem. Era como se uma chuva forte estivesse atingido minha cabeça em cheio e tudo que a minha mente podia ouvir era o som incessante das gotas atingindo o asfalto. Minhas mãos estavam tão frias quanto as de Enola agora. Estranhamente, minha esposa estava tão distante que nem mesmo minhas piadas conseguiam a tirar desse limbo mental e exaustivo que nos cercava desde a morte daquela garota.
Algumas semanas se passaram e não acredito que Chiara tenha se arrependido de nada.
Percebi isso nas inúmeras visitas que eu a fiz.
“Era ela ou era eu.”, ela repete a frase pela o que apareceu ser a quinta vez. “E entre nós, eu me escolhi.”
“Essa é a sua defesa, senhorita Caliari?”, o advogada criminalista perguntou.
“Sim.”, cruzando as pernas sobre a mesa, Chiara parecia estar a vontade para responder todas as perguntas que o tribunal estivesse disposta a fazer.
“A polícia coletou relatos de que muitos motoristas a viram se arrastando para fora do carro quando o mesmo foi arremessado da rodovia e capotado por 25 metros do local. A senhorita estava consciente e não prestou socorro a Amanda. Muito pelo ao contrário, você fugiu do local. A deixou para atrás e adentrou a mata fechada para fugir. Você confirma isso?”
“Protesto, excelência! O advogado está tentando induzir a minha cliente a acreditar que estava fugindo quando na verdade ela foi atrás de alguém que pudesse ajudá-la, como foi esclarecido pela mesma.”
O juiz arrasta seus olhos para Chiara.
“A réu se considera culpada?”
Os olhos azuis dela cintilaram com a pergunta. Eles vieram até Enola ao meu lado e de volta para o advogado.
“Sim.”
O homem sob as roupas pretas se encostou na sua cadeira, o que causou um ruído irritante por causa do seu peso ou mal uso da cadeira.
Suas dedos seguraram o martelo.
Senti o oxigênio parando no meu corpo.
A mão de Enola apertando meu joelho, em uma tentativa de me acalmar ou de acalmar a si mesma.
Seja como for, não funcionou, pois, no segundo seguinte o martelo havia sido batido e a sentença dada.
Chiara era culpada.
![](https://img.wattpad.com/cover/313498841-288-k365656.jpg)
YOU ARE READING
Enmity [Enemies to Lovers]
Teen FictionNão há ninguém que Enola Lockhart odeie mais do que Amy Sloan, sua vizinha e colega de classe, mas vê tudo virar de cabeça para baixo quando é forçada a fazer um trabalho escolar com ela. Muitos lugares, muitas experiências e muitas mudanças radica...