Capítulo Quarente e Quatro // Multiplying and subtracting

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Sábado.

Coloquei minhas mãos nos ombros de Enola no exato momento que Chiara foi algemada em nossa frente. Suas mãos estavam sujas de sangue, o que fazia o metal da algema ficar como plano de fundo no que poderia ser a pior coisa que possa ter acontecido a minha prima.

As luzes do carro da polícia iluminavam a rua, o que fazia as pessoas saírem das suas casas às 2 horas da manhã.

Aparentemente, todos eles tinham algum tipo de lixo para jogar fora.

“Vamos acompanhar vocês até a delegacia.”, Nora toma a frente na situação. Nenhuma de nós tínhamos psicológico o suficiente para entender o que estava acontecendo. Até o momento, as palavras do policial estavam ecoando em minha mente como um mosquito sobre a carcaça ensanguentada.

Segurei a mão fria de Enola e a puxei para entrar no carro, no exato momento que a ambulância passou... e era muito louco pensar que estávamos indo para lugares diferentes.

Nora, eu e Enola estávamos indo para a casa de férias de nossos tios.

Yuri estava indo ficar com Eloise.

Chiara estava indo pra delegacia.

E o corpo de Amanda estava indo pro IML.

Me lembro daquele dia muito bem. Era como se uma chuva forte estivesse atingido minha cabeça em cheio e tudo que a minha mente podia ouvir era o som incessante das gotas atingindo o asfalto. Minhas mãos estavam tão frias quanto as de Enola agora. Estranhamente, minha esposa estava tão distante que nem mesmo minhas piadas conseguiam a tirar desse limbo mental e exaustivo que nos cercava desde a morte daquela garota.

Algumas semanas se passaram e não acredito que Chiara tenha se arrependido de nada.

Percebi isso nas inúmeras visitas que eu a fiz.

“Era ela ou era eu.”, ela repete a frase pela o que apareceu ser a quinta vez. “E entre nós, eu me escolhi.”

“Essa é a sua defesa, senhorita Caliari?”, o advogada criminalista perguntou.

“Sim.”, cruzando as pernas sobre a mesa, Chiara parecia estar a vontade para responder todas as perguntas que o tribunal estivesse disposta a fazer.

“A polícia coletou relatos de que muitos motoristas a viram se arrastando para fora do carro quando o mesmo foi arremessado da rodovia e capotado por 25 metros do local. A senhorita estava consciente e não prestou socorro a Amanda. Muito pelo ao contrário, você fugiu do local. A deixou para atrás e adentrou a mata fechada para fugir. Você confirma isso?”

“Protesto, excelência! O advogado está tentando induzir a minha cliente a acreditar que estava fugindo quando na verdade ela foi atrás de alguém que pudesse ajudá-la, como foi esclarecido pela mesma.”

O juiz arrasta seus olhos para Chiara.

“A réu se considera culpada?”

Os olhos azuis dela cintilaram com a pergunta. Eles vieram até Enola ao meu lado e de volta para o advogado.

“Sim.”

O homem sob as roupas pretas se encostou na sua cadeira, o que causou um ruído irritante por causa do seu peso ou mal uso da cadeira.

Suas dedos seguraram o martelo.

Senti o oxigênio parando no meu corpo.

A mão de Enola apertando meu joelho, em uma tentativa de me acalmar ou de acalmar a si mesma.

Seja como for, não funcionou, pois, no segundo seguinte o martelo havia sido batido e a sentença dada.

Chiara era culpada.

Enmity [Enemies to Lovers]Where stories live. Discover now