Enmity [Enemies to Lovers]

Capítulo Trinta // Moon phases

Domingo.

“Eu ainda acho que você deveria ter se inscrito em uma faculdade com nome em peso.”, Nora gira o volante com maestria enquanto faz a baliza.

“A CalArts é uma faculdade de peso em nome.”, seu ‘uhum’ debochado me faz retornar no assunto: “Nora, ela foi fundada pelo Walt Disney!”

“Sabe quem também foi criado pelo Walt Disney? O Pateta.”

Desligou o carro e tirou a chave da ignição enquanto eu escutava a humilhação que era Yuri rir da fala dela.

“A Amy é uma Pateta. A Amy é uma Pateta.”, cantarolou e continuou rindo.

Espero Nora sair do carro e quando ela não está olhando mostro o dedo do meio para o meu irmão que em troca me mostra a língua.

E para a minha satisfação, Nora nota.

“Yuri! O que isso significa?”

“É só a minha língua.”, disse de uma forma engraçada, visto que ainda estava com a língua estirada.

“Não quero te ver fazendo esse tipo de gesto. Isso é coisa de gente feia. Você é feio?”

“Não, mas a Amy é.”, em seguida me deu um tapa na nuca e saiu em disparada pela rua que nem mesmo Nora conseguiu avisá-lo sobre os carros a tempo.

Por sorte, o meliante conseguiu atravessar a rua sem ser atropelado.

Hoje era o meu último dia nessa cidade, a partir de amanhã eu me mudaria para a Califórnia e ficaria no colégio interno. Sem ninguém por perto.

Parece o sonho de qualquer adolescente, porém a vida adulta não era tão simples e muito menos fácil. Me acostumar que eu não teria eles para me socorrer no que eu precisasse estava sendo difícil.

“Já decidiu o que vai fazer em relação as crianças do orfanato?”, Nora puxa um carrinho e espera que Yuri entre dentro dele para assim começamos a andar pelo supermercado.

“Conversei com Edwina, ela disse que eu poderia dar aula para eles nos sábados.”

“Tem certeza que não quer tentar achar outro tipo de trabalho na Califórnia?”

Vejo uma senhora deixar cair o seu guarda-chuva, o pego e o apoio em seu antebraço para que, mesmo que ela não tenha forças para segurá-lo, não o deixe cair novamente.

“Tenho, Nora. Aquelas pestes são a minha vida.”, e eu vou voltar para visitá-los, nem que para isso tenha que viajar por duas horas todas as semanas do ano.

“Se elas são umas pestes, isso significa que eu sou um anjo?”, Yuri tenta fazer olhinhos de gato e acaba fazendo Nora rir ao achá-lo fofo.

Mas eu não caio nessa.

“Não.”

“Mas eu sou seu irmão!”

“Peste Premium então.”

O sacana iria debater comigo, eu sei que iria, mas foi impedido por uma garota de cabelos cacheados que parou nosso carrinho ao vê-lo.

“Chico de ojos marrones.”, a garota pareceu cumprimentar meu irmão que se ajoelhou no carrinho e colocou as mãos na grade, a qual ela também as colocou.

“Hola, ojos bonitos.”

Nora e eu nunca estivemos em uma vibe tão “estamos atrapalhando?” quanto agora. E olha que já presenciamos uma declaração aleatória dos nossos pais no dia do Natal, com toda a família reunida.