Capítulo Vinte e Três // Fitting the pieces

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Quarta-feira.

Aquilo não poderia estar acontecendo.

Pisquei mais uma vez e encarei o presente que ele havia me dado na minha época do ano favorita.

E novamente eu penso: aquilo não poderia estar acontecendo.

— Você gostou? — ele me perguntou.

Ergui meu olhar e notei que todos à mesa esperavam por minha resposta. Não, não era isso, na verdade.

Todos estavam boquiabertos até que a minha mãe adentrasse a cozinha.

Então os olhos dela foram até o presentes em minhas mãos. Sem piscar, ela mudou a atenção para ele.

— Posso saber o que isso significa?

Notei que todos à mesa abaixaram a cabeça um pouquinho. Até mesmo minha avó sabia que não poderia contestar minha mãe agora.

Mas é claro que ele não notou isso.

— Ah, Eloise, por favor. A garota tem dezoito anos, é normal que ela faça sexo.

Fecho meus olhos com força e peço que Deus o atinja com um raio.

— Ela tem dezessete. — pude ouvir seus dentes trincarem com tanta raiva. O presente sai das minhas mãos e quando vejo, minha mãe está andando até meu pai. Ela coloca a caixa na frente dele e diz: — Da próxima vez que você presentear a minha filha com camisinhas eu mesma enfiarei todas elas na sua boca e te farei engoli-las. Uma... por... uma... Você me entendeu?

O natal era a minha época do ano favorita, por mais que a minha namorada tivesse opiniões bem contrárias a magia desse dia. E ninguém estragaria isso.

Muito menos meu pai.

Ele estremeceu na cadeira quando minha mãe terminou de falar. Do outro lado da mesa, Lennon estava com os punhos cerrados, fitando meu pai tão intensamente que não sei como ele não se partiu ao meio.

Não era segredo para ninguém que Lennon o odiava mais que tudo.

E eu nunca entendi o porquê.

— Foi só um presente. — meu pai tentou se explicar em vão.

— Um presente idiota e sexista. — minha mãe rodeia a mesa e se senta no lugar de sempre.

Ele revirou os olhos.

— Não foi nada demais, Eloise. Eu só achei que deveríamos ensinar a nossa menina a se proteger.

— Acredite em mim — Miles entra na conversa e eu já sei o que vem aí. —, ela não precisa desse tipo de proteção.

Meu pai pisca, confuso.

— Por quê não? — se vira para mim. — Você ainda não deu pra nenhum menino?

Fito o saleiro à minha frente. Quando anos de cadeia eu teria que passar por arremessar um objeto na testa dele?

— Isso não é da sua conta. — sinto a raiva emanando da minha mãe mesmo estando há um metro e meio dela.

— Sabe, Ray... — Miles se encosta na mesa e Lennon o olha como se estivesse dizendo "não ouse...", mas ele claramente ignora esse sinal. — você deve estar necessitando muito de atenção para perguntar a sua filha se ela deu para algum menino.

— Eu estou preocupado com a vida sexual da minha filha, só isso.

— Não. — meu avô finalmente diz algo. —, você está querendo mesmo é ser inconveniente. E conseguiu, Rayden, meus parabéns.

Enmity [Enemies to Lovers]Where stories live. Discover now