Capítulo Dezesseis // Parallel universes

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Quinta-feira.

Eu sempre acreditei que confessar as coisas verbalmente fazia as coisas se tornarem verdades, ou pelo ao menos deixa registrado algo.

Você pode até discordar de mim, mas saiba que até mesmo Shakespeare está do meu lado quando disse "É melhor ser rei de teu silêncio do que escravo de tuas palavras". E é exatamente isso que eu tentei fazer por um tempo, se eu não dissesse a Enola que sentia o mesmo, futuramente não precisaria me tornar escravo dessa responsabilidade.

Parece cruel, mas não é.

"Você acha que eu deveria mandar essa figurinha de um bebê asiático fazendo coração?", mostro a figurinha para Schneider que me olha entediado.

"Por que você acha que não deveria mandar?"

"Não sei... se eu não mandar, vou parecer fria, e se eu mandar e ela me achar grudenta?"

"Pelo amor de Deus, Amy, é só uma figurinha. Isso não vai mudar o que ela sente por você."

Encosto-me na cadeira e argumento:

"Eu só quero fazer as coisas darem certo em cada detalhezinho de nós."

Schneider tira o celular das minhas mãos e clica na tela antes de me devolver.

Ele havia mandado a figurinha que eu estava há três minutos decidindo se mandaria ou não.

"Entende uma coisa: pra Enola desistir de você, vai precisar fazer uma merda muito grande, e você é do tipo de pessoa que pensa minimamente em cada passo, palavra, e decisão.", diz, fazendo-me parar de roer as unhas. "Relaxa, tá? Ela não vai parar de gostar de você de uma hora pra outra. E olha que se fosse qualquer outra pessoa, já teria desistido de você."

Não tinha nem como não concordar com ele.

Meu celular vibrou sobre a mesa. Abro um sorriso besta e mostro a tela do celular pra Schneider.

"Viu só? Vocês se merecem."

Na conversa, ela havia me mandado outra figurinha com coração.

"Vocês têm sorte de serem o único casal brega que eu suporto."

Desligo a tela e o olho com malícia.

"Você e Avery são piores."

"Não somos, não."

Inclino-me pra frente e faço um biquinho.

"É mesmo, carinho?"

"Ela só me chamou assim uma vez!", rebate, embora suas bochechas começassem a adquirir um tom rosado.

"Vocês têm sorte de serem o único casal brega que eu suporto.", replico sua fala e recebo seu dedo de meio em resposta.

Sexta-feira.

Faltavam apenas dois meses e meio para o fim das aulas.

Depois que Enola me perguntou se eu queria fazer uma prova para concluir o ensino médio, eu comecei a considerar a possibilidade de podermos ir para uma faculdade juntas.

Mas o que aconteceria se ela passasse e eu não? Como nós poderíamos dar certo se uma de nós fosse para o lado do estado ou até mesmo do país?

Eu nem mesmo sabia qual faculdade faria.

"Que tal música?", Nora cogitou enquanto andávamos até o supermercado.

Parei o carrinho no meio da seção de limpeza e a encarei.

"Eu já sei praticamente tudo sobre música, Nora. Quero algo novo, que faça eu me superar todos os dias."

"Como o quê, por exemplo?"

Enmity [Enemies to Lovers]Where stories live. Discover now