Capítulo Dezessete // Time is shallow

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[N/A]: FELIZ NATAL MINHAS ASSASSINAS AMEAÇADORAS.

Espero que vocês tenham um natal ameaçado de felicidades e assinado de tristeza (não procurem sentido porque não tem, beijos.)

Ps: postando agora pois meia noite estarei fortemente alcoolizada.

Quinta-feira.

Seguro a taça suja de vinho em minhas mãos, sabendo que já era a sétima que lava em dois dias.

Aquilo estava saindo do controle.

— Mãe? — bato duas vezes na porta e a empurro para o lado. No breu do quarto, vejo-a jogada em sua poltrona, encarando o pôr do sol da sua janela e com uma taça de vinho em mãos.

A oitava taça.

— O que foi? — sua voz estava abafada, como se ela estivesse fazendo muito esforço para falar.

Respiro fundo e adentro o quarto, fechando a porta atrás de mim.

Não respondo a pergunta, apenas tento tirar a taça de suas mãos, mas um pouco do líquido acaba caindo quando ela afasta a faça de mim.

— Não. — vociferou, abraçando a taça. — Não faça isso.

— Mãe, me dá essa taça. — ergo a mão e ponho a outra na cintura, de repente me sentindo uma mãe.

Ela olha para a minha mão, vira a taça e a entrega.

— Você pediu a taça.

Fecho os olhos com força. Invés de lidar com uma alcoólatra, eu estava lidando com uma criança.

Deixo a taça sobre a escrivaninha e me sento no braço da poltrona. Ela finge que eu não estou ali, e teima em assistir o sol que já se pôs.

— Eu sei que você acha que eu estou agindo de forma infantil... — a interrompo.

— É, e você acertou.

Ela me olhou de forma tão cansada que me desculpei silenciosamente.

— Estou passando por momentos difíceis, Enola. Não espero que você entenda, mas quero que me respeite.

— Por que eu respeitaria você? Mãe, olha ao redor! — abro os braços, indicando seu próprio quarto. Tinha roupas no canto e litros de vinho espalhados por todo o cômodo, embalagens de pizza e algumas coisas. — Você mal tá vivendo! E sabe o que é pior? Eu não entendo! Não consigo pensar em um motivo que esteja te fazendo afundar cada vez mais! É desesperador estar desse lado.

Coloquei para fora, achando que aquilo iria me trazer algum tipo de alívio. Não trouxe. A única coisa que eu senti foi raiva de mim, dela, dessa situação, porque eu não poderia fazer nada para ajudá-la.

— Se é desesperador pra você, imagine pra mim. Sou eu quem está passando por isso, Enola. Sou eu que estou acabando comigo mesma, e você acha mesmo que suas meias palavras vão me confortar? — cuspiu as palavras, mal vendo o que elas me causaram.

— A senhora não está agindo como uma adulta.

Ela não está me olhando, mas vejo seus olhos se cerrarem quando ela gralha:

— Alerta de spoiler, querida: adultos nem sempre querem ou sabem ser adultos.

Quando eu era criança, não sabia entender as atitudes das pessoas, ou controlar as palavras que saíam da minha boca. E então minha mãe me disse: “A vida não vem com um manual, Enola. Muitas vezes você terá que pagar para ver.”

Vendo-a ali, eu finalmente entendi o que ela queria me dizer naquela época.
Mas isso não significa que entender tornava as coisas mais fáceis.

Por isso, saio do quarto, porque eu não sei bem o que lhe responder.

Enmity [Enemies to Lovers]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora