Pressentimento ruim

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- Amor, eu não quero sair hoje. - Sophia disse com um bico. Observava Micael recém saído do banho, com uma toalha em volta da cintura e um outra secando os cabelos. - Eu sei que você está empolgado, mas eu não estou no clima!

- Fala sério, Sophia! - Fez uma careta e parou de esfregar a toalha nos cabelos. - É a comemoração do aniversário do Augusto, se lembra? Nosso amigo, Augusto?

- Eu lembro, mas é numa balada. - Resmungou. - Eu não estou afim de ficar em pé a noite toda numa balada!

- Mas eu quero ir. - Jogou a toalha em cima da cama e Sophia desviou o olhar na hora. - Não é justo a gente sempre ir onde você quer. Isso é chato!

- Não é assim que funciona! - Incomodada com a toalha em cima da cama, a loira se levantou e retirou. - Eu estou falando de mim, eu não quero ir, se você quer, vai!

- Com esse tom? - Ele se virou para o guarda roupa, a procura de uma roupa legal. - Mas você pode ter certeza que eu vou, até agora eu não ouvi nenhum motivo plausível para não irmos. - Jogou uma camisa na cama e em seguida a calça jeans escura. - Fala um motivo que preste! - Se virou pra namorada. - Está com cólica um? Dor de cabeça? Cansada? Tem que haver algo, Sophia!

- Estou com o coração apertado. - Confessou com a mão no peito e uma expressão angustiada. - Um pressentimento de que vai acontecer algo ruim nessa festa, prefiro não ir.

- Desde quando você virou sensitiva?! - Debochou e abriu a gaveta de cuecas. - Para de bobeira, vai tomar banho, vamos nos divertir! A gente passa a vida na faculdade, estudando e tentando ser alguém, será que apenas por uma noite podemos ser irresponsáveis e beber uma cerveja? - Terminou o discurso com as mãos juntas, implorando. - Hoje é sexta! Segunda já tem trabalho e faculdade outra vez...

- Já disse que não vou, se você não quer acreditar em mim, tudo bem, mas tem algo errado, esse aperto não é normal! - Começou a juntar suas coisas pra ir embora. - Já sei que você não acredita nessas coisas, mas amor...

- Você vai deixar eu ir sozinho numa balada? - Tentou apelar para o ciúme, já que conhecia aquele bem aquele lado da namorada.

- Tua cabeça é teu guia, Micael. - Colocou a bolsa no ombro depois de juntar seus pertences. - Espero que eu realmente esteja errada, que seja só loucura da minha cabeça.

- Não quero brigar com você. - Vestiu a calça e se aproximou da namorada sem ao menos fechar o zíper e o botão. Sophia se afastou, pegou a segunda toalha que ele havia jogado em cima da cama e foi estender. - É sério que estamos brigando e você está preocupada com o colchão?!

- Não suporto toalha jogada, você me conhece e sabe disso. - Gritou do banheiro e logo voltou ao quarto. - Vou chamar um carro pra me levar pra casa.

- Vai ter raiva de mim? - Fez um biquinho. - Sendo que quem não quer ir é você?!

- Preferia aproveitar a noite com você, comendo pipoca e vendo filmes, abraçados no sofá, fazendo um amor gostoso... - Disse baixo e logo balançou os ombros. - Mas ir à uma balada é muito mais legal.

- Poxa, eu só quero fazer algo diferente! - Insistiu. - Ficamos juntos vendo filmes todos os finais de semanas, eu sempre faço o que você quer, será que não pode ceder uma vez?

- Não vou a essa festa. - Manteve a palavra. - Já disse, o pressentimento é bem ruim, não vai acontecer nada bom lá.

- Isso é você com ciúme! - Bufou e Sophia virou as costas, deixando o namorado sozinho uns instantes, até que reagiu e correu pra alcançar. - Para de birra, não vamos ficar brigados!

- Vamos sim! - Saiu do apartamento e bateu a porta. O moreno soltou um suspiro e voltou a caminhar devagar pro quarto, afim de terminar de se arrumar.

Mexeu mais um pouco na gaveta e pegou um par de meias, os calçando sentado na cama, pensando se valeria realmente a pena entrar naquela briga com Sophia por conta de uma festa.

Ouviu o telefone tocar e começou a andar pela casa, a procura do maldito aparelho, que parecia ecoar em vários cômodos e ele não achava o correto. Enfim encontrou, embaixo da almofada do sofá.

- Você não vem? - Reconheceu a voz de Augusto. - Está a maior agitação! Arthur já chegou com a Laura, Cristiano está aqui com Melissa. - Ele gritava por sobre o som alto da boate e era quase inaudível. - Aguardando você e Sophia. Até Samantha está aqui.

- Você já está bêbado né?! - Disse com a certeza de que o amigo não ouviria e então deu risada. - Você colocou quase vinte pessoas na lista da festa, isso aí não é nem metade.

- Eu não tô entendendo nada! - Gritou novamente. - Foda-se o que você falou, arrombado, vem logo! - Desligou a ligação e o moreno voltou pro quarto rindo. Augusto claramente estava bêbado.

Terminou de se vestir, ajeitou a gola da camisa pólo preta que vestia, passou pomada no cabelo pra ajeitar o topete, tomou um banho de perfume e então pegou seus pertences (chave, celular e carteira), antes e sair de casa.

Tinha chamado um carro de aplicativo para o levar até a casa noturna. Ainda a caminho, desbloqueou o celular e enviou mensagem a namorada. Sabia que a loira não responderia, a birra duraria dias, mas precisava começar a amansar a fera de agora.

Amo você, não vá dormir com raiva de mim!

Como já esperava, a resposta não veio. Bloqueou e enfiou o telefone no bolso da frente. Quando deu por si, já havia chegado, pagou ao motorista e então, ao dispensar o troco e deixar de caixinha, ele saiu do carro, indo em direção ao lugar que marcaria sua vida pra sempre.

Aquela NoiteWhere stories live. Discover now