O resgate

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Augusto perdeu a guarda do Levi assim que o advogado de Luiz chegou com o resultado do exame. O juiz de plantão assinou o documento e Vinicius ligou para o cliente avisando a boa nova. 

Sophia chorava muito quando recebeu a notícia, nem de pé ela conseguia ficar, assim como quando o menino foi tirado dela, só que dessa vez, era de felicidade. 

— Se acalma, amor. — Micael estava sentado ao seu lado, passava a mão em seus cabelos tentando acalentar a namorada. — Vamos buscar nosso filho de uma vez, ele não tem que ficar mais um dia sequer na presença daquele homem. 

— Eu sei, eu quero muito ir logo, mas as minhas pernas estão bambas. — Tinha a voz trêmula. — Não consigo ficar de pé. 

— Então você fica aqui com a minha mãe e eu vou buscar o Levi com meu pai. — Ela negou com a cabeça. — Ué, não tem mais nenhuma opção. 

— Eu vou. — Fungou e passou as costas das mãos no rosto. — Eu vou! — Ficou de pé.  — Eu preciso pegar o meu filho no colo e não vou aguentar esperar aqui. — Micael assentiu e segurou em sua mão.

Os quatro saíram da casa e seguiram no carro de Luiz, Micael não sabia nem como ou quando, mas havia uma cadeira de bebê pra Levi ali.

Estavam empolgados, chegaram até o apartamento de Augusto super rápido e o advogado aguardava com um oficial de justiça e a ordem do juiz assinada.

— Estamos aguardando o quê? — Micael chegou perto tentando conter a empolgação.

— Não temos uma boa notícia. — Os quatro trocaram os sorrisos por caretas apreensivas. — Augusto não está em casa com o Levi.

— Como assim não está em casa? — Micael quase gritou. — Pra onde esse infeliz foi?

— Não sabemos! — Vinícius, o advogado respondeu tentando manter a calma.

— Então liga pra porra da polícia. — Continuou o escândalo. — Esse maluco sequestrou o meu filho. — Micael observou o pai pegar o celular e então sentiu as mãos de Sophia em seu braço. — Vai ficar tudo bem.

— Não vai, ele me disse isso quando me chantageou. — Fungou, abraçada a Micael. — Ele disse que a gente ia conseguir provar que não era filho dele e pegar a guarda de volta, mas que não seria a tempo. 

— Quer saber, não liga pra policia não. — Micael falou com o pai que já estava comunicando o desaparecimento. — Eu cansei de fazer tudo do jeito certo. Desliga a ligação, pai. 

— E você está pretendendo fazer o quê? — Luiz desligou a chamada e encarou o filho. — Deixar que ele se safe não é uma opção, vai saber pra onde ele foi. 

— Ele não tem dinheiro pra sair do país, ele pode até ganhar bem, mas não é tão bem. — Começou a compartilhar o pensamento. — Ele com certeza vai pra algum estado vizinho, eu aposto em São Paulo, que é grande e tem muita gente. Fora que, Augusto não gosta do Levi gente, ele vai fazer alguma coisa. 

— EXATAMENTE, ELE VAI FAZER ALGUMA COISA! — Sophia gritou, pilhada. — E você vai deixar?

— Não, eu vou recorrer a um método bem mais eficaz do que a policia, porque ele vai pagar a droga de uma fiança e vai sair, alegando que não sabia que a guarda da criança não era mais dele. 

— Para de palestrar e dá logo a solução! — Luiz exigiu nervoso. 

— Só um instante. — Puxou o celular e discou o número que achou que nunca precisaria ligar na vida. Saiu um pouco de perto da família. 

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— Fala, Micaela! — A voz empolgada de Gil surgiu do outro lado da linha e Micael soltou um suspiro. — Quando te dei meu número, não imaginei que um dia fosse ligar. 

— Liguei porque preciso de ajuda. — Foi direto. — Sendo bem escroto e pau no cu, eu realmente preciso de ajuda. — A voz preocupada despertou a atenção de Gil. — Diz pra mim se você está no Rio. 

— Estou, no mesmo lugar ainda, bateu saudades? 

— Realmente preciso de ajuda. — Repetiu. — Augusto sequestrou o meu filho. 

— Que filho? —  Perguntou surpreso. — Você não vai me dizer que o bebê da loira era teu? —  Deu risada. — Céus, eu dei um tapa na cara da vagabunda atoa. 

— Sim, sim, o bebê é meu filho e aquele maldito sequestrou a criança. Será que você consegue me ajudar? —  Tentava manter a voz controlada. — Eu ia até a polícia, mas é muita burocracia, eu sei que ele não tem como estar muito longe. 

— Olha Micaela, eu posso até ir atrás dele e acionar uma rapaziada pra isso, apenas pelo amor que eu tenho por você, mas não farei isso. — Deu risada. — Vai ficar me devendo uma. 

— Não vai me pedir nada ilegal, né? Eu acabei de ser inocentado do estupro, não quero mais contas com a justiça. 

— Maricona. — Debochou. — Está bem então, mas eu vou poder dar a surra que ele merece?

— Se você me prometer que não vai matar, eu não quero isso na minha consciência. — Avisou. 

— Tá bem, aguarde noticias, Micaela. — Desligou a ligação e foi juntar seu pessoal pra ir atras do fujão. 

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— Eu não acredito que você chamou um bandido pra ir atrás do nosso filho. — Sophia reclamou e ele soltou um suspiro. — Micael, era melhor ter chamado a polícia. 

— Ele vai trazer o Levi de volta muito mais rápido. 

— Ele é detetive? — Solange franziu a testa. — Se nao for...

— Ele tem contatos, confiem em mim, sei o que está fazendo. — Reafirmou. — Rosa está ai, vamos conversar com ela e ver se sabe de algo.  

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Gil gostava de uma caçada, ele havia topado ajudar Micael não pela amizade, e sim por estar em completo tédio naquele dia, dar uma surra em algum idiota era uma boa ideia. 

Por mensagem, Micael disse sua teoria sobre o homem ter fugido pra São Paulo e Gil achou completamente plausível. Juntou sua galera, pegou sua arma e entrou no carro, indo rumo a pista que daria acesso a Dutra. 

 Dirigiam mais rápido do que o normal, precisavam disso pra recuperar a distância e a vantagem que Augusto poderia ter. 

Alguns capangas de outros lugares foram avisados por Gil para descerem pra pista afim de ver alguma movimentação. Fotos de Augusto haviam sido enviadas pra cada um.

Como Micael imaginou, Gil levou pouco mais de uma hora até encontrar Augusto, ele tinha parado num posto de gasolina, um de seus rapazes o reconheceu e segurou lá, disfarçadamente, até que o chefe chegasse.

— O que temos aqui?— Gil entrou no banco do carona. O bandido que o encontrou estava no de trás, junto com Levi apontando uma arma pra cabeça de Augusto. — Encontramos um sequestrador de bebê.

— Eu não sequestrei ninguém! — Disse nervoso. — O menino é meu filho, os documentos dele estão na pasta, dentro da mochila.

— Cala a boca. — Bufou e puxou o celular, enviando uma foto do bebê adormecido, que tinha a chupeta na boca para Micael, afim de confirmar se era esse mesmo o bebê.

— Quem mandou vocês atrás de mim? Micael? — Tentou saber em mais um momento de desespero. — Se estiverem te pagando, saiba que eu dobro.

— Se tem uma coisa que não me falta, é dinheiro. — Recebeu a confirmação de Micael e olhou pra Augusto com um sorriso. — Liga o carro e dê meia volta. Vamos passear um pouquinho. — Piscou um olho e assustou Augusto com o sorriso. — Você vai adorar.

Aquela NoiteWhere stories live. Discover now