Empata foda

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Sophia entrou no restaurante de Arthur a procura da amiga, Laura não havia atendido as ligações da loira e ela precisava conversar com alguém.

Chegou um tanto atordoada. Olhou para os lados procurando algum conhecido, na última vez que tivera ido ali, Arthur ainda era um dos garçons.

— Sophia? — Ouviu a voz tão familiar de Micael e se virou. — O que faz aqui? Ainda mais com essa cara.

— Micael? — O olhou de cima abaixo. — Então foi pra cá que você fugiu? Previsível.

— Eu não fugi, me mudei. — Disse com um sorriso fraco. — Tem uma sútil diferença.

— Claro que tem. — Suspirou. — Laura, eu preciso falar com a Laura.

— Se acalma e senta aí, vou chamar. — A loira assentiu diversas vezes e observou Micael sumir restaurante a dentro. — Arthur. — Ele chamou ao bater na porta, ouviu barulho de respirações ofegantes, zíper fechando e alguns palavrões baixos. — Atrapalhei é? — Micael escorou no batente e cruzou os braços, com um sorriso debochado.

— Você sempre atrapalha, Micael! — Laura reclamou, seus cabelos estavam desgrenhados. — O que é? O restaurante está pegando fogo? Se não for isso você está demitido.

— Minha nossa! — Soltou uma risadinha. — Estava tão bom assim? Arthur nem tem cara de ser tudo isso.

— Micael, quer calar a sua boca? — Arthur brigou, mas logo riu também. — O que aconteceu?

— Sophia... — Foi interrompido pelos dois bufando. — Que isso gente?

— Você interrompeu a nossa transa pra chorar de novo pela Sophia e o filho dela, não né? — Riu do tom de voz que Arthur usou.

— Gente, vocês estão muito irritados, estão precisando transar. — Brincou, me nenhum dos dois estava com humor pra isso. — Sophia está no salão, querendo falar com você, Laura.

— Aqui? Tem tanto tempo que ela não aparece aqui. — Ficou de pé surpresa. — Sabe o que aconteceu?

— Não, mas ela parece nervosa. — Deu de ombros e viu a amiga caminhar pra sair. — Laura?! — Ela se virou e o encarou. — Esqueceu algo importante no sofá. — Ela olhou e lá estava sua camisa. Estava saindo só de sutiã da sala. Corou e Micael gargalhou, Arthur até soltou uma risadinha junto.

— Está demitido Micael. — Laura gritou de novo, enquanto caminhava pra fora.

— Será que eu posso ficar e ouvir essa conversa? — Pediu a Arthur que olhou o relógio da parede. — São cinco da tarde, nem tem movimento direito. É só adiantar meia hora o meu horário de janta, simples.

— Por isso que dizem que trabalhar com amigo e parente não dá certo. — Balançou a cabeça. — Fica aí, mas se a Sophia te expulsar eu não posso fazer nada.

— Curioso pra saber o que aconteceu. — Esfregou as mãos com ansiedade e Arthur deu risada. — Você não está?

— Sabe que foi briga deles, por isso está tão animado.

— Nossa Arthur, como você é ridículo! — Balançou a cabeça e riu. Laura vinha caminhando com Sophia e os quatro se trancaram na pequena sala.

— Vem cá, vocês dois não deviam estar do lado de lá da porta? — Sophia perguntou ao vê-los de pé perto da porta fechada. — Dois fofoqueiros.

— A gente pode até sair, mas a Laura vai contar depois, estamos poupando a língua da minha namorada. — Arthur brincou, mas ninguém riu. — Conta logo pra gente o que aconteceu.

— Eu tive uma briga séria com Augusto. — Disse num suspiro. — Sai de casa e não tinha muito pra onde ir.

— Como assim você saiu de casa? — Laura disse surpresa e Micael ainda em silêncio arregalou os olhos. — Definitivo? Terminou? É isso? Casaram tem um mês.

— Não, não é nada definitivo, eu só preciso de um tempo. — Abaixou a cabeça nas mãos. — É lógico que eu vou voltar pra casa.

— Vai contar pra gente o motivo da briga? — Micael perguntou e a loira ergueu a cabeça o encarando.

— Você. — Disse sem rodeios e o deixou surpreso.

— Eu não fiz nada, sai de lá tem mais de uma semana! — Se defendeu sem entender.

— Augusto e eu só demos falta hoje. — Ele ficou um tanto sentido, mas em seguida negou com a cabeça. — Não o quê?!

— Eu deixei a minha cópia da chave em cima do balcão quando saí. Quem achou, percebeu na hora que eu tinha me mudado. — Sophia ficou em silêncio, pensativa. — Se ele achou essa chave e eu duvido que não tenha achado, é lógico que ele sabia que eu tinha ido embora. Ele mentiu, como sempre fez.

— Como sempre fez? — Sophia ficou de pé. — Sobre o que está falando?

— Ele também mentiu pra mim quando eu estava preso. Sobre vocês e o tempo que levaram até começarem o namoro. Ele disse três meses.

— Nem nos seus melhores sonhos. Não demorou duas semanas. — Respondeu com um dar de ombros. — Eu não entendo porque essa palhaçada toda! Eu já casei com ele, eu nem via a sua cara!

— Tá legal, mas você brigou e saiu de casa porque ele não te disse que o Micael havia se mudado? — Laura a puxou pra baixo e a loira se sentou novamente. — Esclarece, Sophia.

— Ele instalou câmeras por todo o apartamento. — Contou. — Ele vai pra rua e fica me vigiando como um hamster na gaiola!

— Desde quando tem câmeras lá? — Micael a encarou.

— O máximo que ele viu foi a gente assistindo o filme. — Contou sem vida. — Vocês não acham coisa de maluco instalar câmeras em casa? O ódio que estou sentindo!

— Agora eu entendi porque ele falou aquelas coisas pra mim. — Deu uma risada. — Ainda assim, ele deu uma viajada.

— Ele contou que te expulsou do apartamento porque você ficava me rondando. — Fez aspas com os dedos. — A briga foi feia.

— Eu não sei onde é que ele viu eu atrás de você. — Deu risada, descontraindo o ambiente. — Quando voltar pra casa, pede a ele pra trocar os óculos.

— Então, eu disse que fui eu. — Ela corou e surpreendeu os três com a confissão. — Eu disse que se você quisesse eu não casava e que só casei com ele porque você não quis.

— Puta que pariu, eu queria o acesso das câmeras pra ver a cara dele nessa hora. — Deu risada, mas somente até a próxima frase de Sophia.

— Ele sabe que transamos. — O silêncio tomou conta da sala.

— Você contou essa merda pra ele mesmo eu pedindo pra não contar?

— Não, ele descobriu porque é o doido das camisinhas, estavam contadas, Micael. Você acredita? — Disse incrédula. — Ele sabe há muito tempo, por isso botou as câmeras.

— A gente devia ter transado enquanto víamos StarWars. — Balançou a cabeça. — Já que o maluco fica assistindo, ele ia adorar.

— Você podia parar de se divertir com a situação. — Disse com uma careta. — Foi isso, e eu não tenho pra onde ir, pelo menos por hoje.

— Não pode ficar com a gente, Sophia. — Arthur falou surpreendendo ela e a namorada. — Não façam essas caras, estamos com o Micael, se eu colocar você debaixo do mesmo teto, vão acabar transando de novo. É isso que queremos? Se for, fica.

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