Não peça desculpas

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Augusto se afastou de Samantha e de Sophia, queria ficar sozinho, pelo menos até o dia que era a visita de Micael. Sete dias depois, lá estava ele, entrando no presídio pra confessar seus pecados como se o amigo fosse um padre.

Esperou alguns minutos até ver o amigo chegando junto com uns outros presos. Micael sorriu e abriu os braços pra um abraço.

— Não achei que viria aqui hoje.— Ergueu uma sobrancelha. — Toda semana? Não tem nada pra fazer?  — Brincou.

— Tenho muita coisa, e não, eu não pretendo vir toda semana, pode tirar o seu cavalinho da chuva, eu não gosto tanto assim de você. — Micael soltou uma risada. — Eu vim porque precisava conversar com você, uma conversa bem séria.

— Eu não gostei da mudança de tom. — Seu sorriso se fechou na hora. — Aconteceu alguma coisa com algum de vocês? Aliás, tem a ver com a Sophia, não é? Te pedi pra ir vê-la e você volta com essa cara de enterro.

— Sim, tem a ver com a Sophia. — Falou baixinho. 

— Fala de uma vez, está me deixando preocupado. — Ergueu um pouco o tom de voz e viu o olhar que recebeu do agente. — Ela está bem? 

— Está, não tem a ver com saúde. — Avisou e viu ele relaxar visivelmente. — Não surta antes da hora. 

— Você enrola pra dizer algo simples, se eu fosse cardíaco já tinha morrido. — Voltou a fazer brincadeiras. — Está claramente com medo de me dizer algo. Sophia está com alguem? — Tentou adivinhar. — Não precisa pisar em ovos pra dizer, nós terminamos. Só queria que fosse um cara legal. 

— Eu fui lá no mesmo dia que sai daqui, semana passada. — Comecou a contar, devagar. — Ela estava fazendo uns exercícios e... — Amarelou. 

— Fala de uma vez, Augusto! — Insistiu sem paciência. — Que merda aconteceu? 

— A Sophia me beijou. — Contou e fechou os olhos, esperando o surto. Um grito, um soco, xingamentos, mas nada aconteceu e ele abriu os olhos devagar. — Você não vai fazer ou falar nada. 

— Você e a Sophia... — Não terminou, tentava assimilar algo que nunca tinha cogitado na vida. — É sério isso?

— Eu cheguei lá e ela ainda estava com raiva de você. Me disse que eu fui lá saber da vida dela pra fazer fofoca e então ela me agarrou, disse que era pra eu te contar.

— Mas que grande filha da mãe. — Disse claramente chateado. — Ninguém segura essa garota quando está com raiva. — Encarou o amigo. — E você? Em que momento vai começar a me dizer o quanto você gostou?

— Depende do quanto você vai me odiar se eu contar isso. — Ouviu o amigo suspirar. — Se disser que nunca mais vai olhar na minha cara, eu vou morrer negando! — Disse com certo desespero que fez Micael dar uma leve risada. — Você está rindo?

— Você quer que eu faça o quê, Augusto? A Sophia está solteira, beija quem quiser. E também não é como se eu pudesse levantar e dar um soco na sua cara, se eu fizer isso, vou apanhar até não aguentar mais depois.

— Então aproveitando que você não pode me bater, eu vou despejar tudo de uma vez. — Micael ergueu a sobrancelha, não esperava que houvesse mais. — Eu transei com ela.

— Você o quê?! — Queria gritar, mas o agente que antes o tinha repreendido lhe tiraria dali e ele ficaria sem respostas, fez o máximo possível pra se controlar. — Você transou com a minha namorada!

— Você acabou de dizer que ela está solteira!

— O que tem na sua cabeça, Augusto? — Disse bem irritado, naquele instante estava pensando se valia a pena a surra que viria depois só por um soco nele. — Você é meu amigo!

Aquela NoiteWhere stories live. Discover now