— Eu quero falar com aquela mulher. — Sophia disse aos amigos, os três saiam do tribunal em silêncio. Viram a acusadora mais a frente rindo, conversando com outra mulher. — Olha como ela está rindo, essa vagabunda não foi estuprada merda nenhuma.
— Sophia não acho que é o momento ideal pra você ir conversar. — Augusto falou baixinho. — Estamos todos de cabeça quente, se você avançar nela, ainda vai ser presa também e só é o que me falta.
— Eu não vou avançar em ninguém, só preciso entender. — Fungou e correu pra alcançar Caroline, os dois correram atrás. — Ei, você! — Gritou enquanto corria. — Espera um momento.
— Oi, é comigo? — A ruiva se virou e sorriu simpática a loira que vinha até ela. — Tudo bem?
— Tudo péssimo. — Respondeu ignorante. — Me fala o que você ganhou com essa merda!
— O quê? — Tinha uma expressão assustada e a mulher que estava com ela a puxou um pouco pra trás. — Do que está falando? Quem é você?
— Não se faz de sonsa, você me viu lá dentro. — Apontou pra trás. — Eu quero saber porque você fez isso, o que você ganhou destruindo a vida do Micael? Ele nunca fez mal a ninguém, sempre foi na dele.
— Ah, a namorada. — Sorriu com deboche. — Ele me mostrou a aliança quando eu lhe ofereci água, mas eu devo informar que ele não demorou muito a esquecer que você existia não.
— Vagabunda! — Deu um passo a frente e então Arthur segurou seu braço. — Me larga, eu não vou bater nessa mulher. — Arthur soltou e seu braço, confiando em Sophia mais uma vez. — Eu espero que você consiga dormir a noite, depois de acabar com a vida de um jovem de vinte anos. Aliás, espero que não consiga.
— Vai, chifruda! — Carol gritou quando Sophia havia começado a se afastar. — Você pode até não aceitar que seu namorado é um estuprador, mas que é um traidor você vai ter que engolir, está ouvindo? — Continuava a gritar. — CHIFRUDA!
— Não responde. — Augusto disse a Sophia. — Olha o escândalo que ela está fazendo, vamos embora, Sophia! Não vale a pena o estresse, estamos na frente do tribunal.
— Mulherzinha ridícula. — Rangeu os dentes e então foi para o carro de Augusto junto com o próprio e Arthur. — Que vontade de matar o Micael. — As lágrimas dela rolavam livres pelo rosto, os dois estavam em silêncio, apenas ouvindo o desabafo. — Ele não podia ter feito isso comigo, olha o tipo de situação que me envolveu.
— Não é assim, Sophia! — Augusto tentou defender. — Ele foi injustiçado, sabemos que aquela mulher mentiu.
— Mas ele me traiu! — Gritou dentro do carro e assustou os dois. — Nunca achei que ele faria uma coisa dessa comigo, mas ele fez. Você mesmo jogou essa merda na minha cara, Augusto. Que ódio!
— Eu sinceramente acho que ele está pagando caro por isso. — Arthur também tentou defender, mas Sophia fez uma careta. — Soph, ele foi condenado a quase quinze anos!
— Foi pouco! — Nem parecia que há pouco tempo atrás estava chorando pela condenação de Micael. — Devia ter perpétua no Brasil.
— Sophia! — Augusto repreendeu, mas em seguida ele riu. — Ah, fala sério! Eu sei que você está com raiva, mas que está engraçado, está. Que perpétua o quê, mulher. Ele é inocente.
— Mas comeu o cu dela, não comeu? — Os dois arregalaram os olhos, não lembravam da última vez que viram Sophia tão desbocada. — Então não é tão inocente assim. Agora eu tenho que aturar essa piranha me chamando de chifruda.
— Você não tem que aturar nada, nem convive com ela. — Augusto rebateu e ganhou um olhar fuzilador. — Você foi atrás, a mulher estava quieta na dela, e você também chegou ofendendo, mereceu o que ouviu.
— Está do lado de quem? — Cruzou os braços irritada. — Uma mulher que faz o que ela fez, é uma vagabunda mesmo, é até coisa pior!
— Gente, vamos falar sério aqui. — Arthur chamou atenção e os dois ficaram em silêncio. — Nenhum dos dois pensam que talvez ele seja culpado? — O silêncio continuou. — Nem o próprio Micael acredita na inocência dela, digo, ele estava doidão, gente.
— Não, ele não fez. — Sophia respondeu baixinho. — Ele não é do tipo que precisa forçar alguém. Eu estou irritada porque ele realmente foi pra cama com ela, mas dai a acreditar que ele forçou eu me recuso.
— Acabou de dizer que ele merecia perpétua! — Augusto achou graça.
— Por me trair, merecia até mesmo pena de morte. — Uma risadinha escapou por seus lábios e ela soltou um suspiro. — Como eu queria que ele nunca tivesse ido aquela casa noturna! Tínhamos uma vida inteira pela frente, a gente ia casar, queríamos um casal de filhos e agora tudo isso virou pó!
— Não é assim, Sophia. — Augusto abaixou o tom de voz. — Micael é réu primário, com bom comportamento ele cumpre um terço da pena e sai. O que são cinco anos se vocês tem a vida toda pela frente.
— Cinco anos é muito tempo. — Ficou em silêncio. Nenhum dos dois disse mais nada, não queriam fazer parte daquela decisão. Augusto estacionou, a loira agradeceu e saiu, indo em direção ao seu apartamento, precisava de um banho e relaxar.
— Você acha que ela consegue seguir em frente? — Arthur que tinha aproveitado pra se sentar ao lado do amigo, perguntou. — Sinceramente, na minha cabeça é impossível ver Sophia com outra pessoa que não Micael.
— Eu concordo, mas como é que vamos impedir que ela siga em frente? Pareceu bem decidida. — Suspirou. — E digo mais, será que é justo que ela fique esperando cinco anos?
— Situação difícil, mas o próprio Micael não quer que ela fique esperando. — Arthur refletiu. — Eu só posso dizer que, depois que ele sair, vai ficar um clima terrível no grupo de amigos.
— Isso só se a Sophia não surtar e se afastar de todos nós. — Guto deu uma risadinha. — Eu faria isso fácil, afinal, somos todos amigos do Micael, ela virou nossa amiga só por conta do namoro deles, agora que não namoram, não é normal se afastar?
— Laura gosta dela. — Arthur deu de ombros. — Acho que de verdade.
— Não vi a Laura visitando a Sophia pra dar uma força, aliás, não vi ninguém fazendo isso. Eu fiz Algumas vezes. Eu aposto que ela se afasta, ainda mais quando arranjar alguém. Ou você acha que o possível novo namorado vai querer andar com os amigos do ex?
— Puta situação de merda! — Balançou a cabeça e mudou de assunto, a conversa sobre Sophia e Micael já tida dado.
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Aquela Noite
RomanceQuantas vezes você já teve vontade de voltar a um ponto específico da sua vida e evitar o que veio a seguir? Evitar sair de casa e não conhecer certa pessoa. Evitar entrar em um automóvel e assim não sofrer um acidente. Com Micael não era diferent...