Olá, mamãe

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Mais três meses se passaram. Augusto não teve coragem de ir ver Micael, mas Sophia ele via quase todo dia.

O romance dos dois não era segredo no grupo de amigos. Não era bem um namoro, pelo menos nenhum dos dois havia rotulado ainda, mas já não ficavam com mais ninguém.

Quarta feira de madrugada Augusto estava na fila para ver o amigo, se é que podia chamar assim ainda. De manhã, quando Micael foi avisado de que tinha visita, ficou surpreso, estava acostumado a ficar sozinho.

— Três meses. — Comentou ao se sentar. — Não esperava que eu fosse te ver aqui.

— Eu dei o seu tempo, mas não quero ficar brigado pra sempre. — Respondeu baixo, num sussurro. — Somos amigos há tantos anos.

— Não estou brigado com você. — Avisou com um dar de ombros. — Não estou nem aí pro que você faz ou deixa de fazer da sua vida.

— O que aconteceu com você nesses três meses? Você parece diferente.

— Eu estou diferente. — Manteve o tom de voz. — Eu vivia rodeado de amigos, eu tinha a minha namorada, uma vida feliz. Tudo desmoronou num instante e não vem um aqui, já ouviu aquela frase "os de verdade eu sei quem são."?

— Não seja hipócrita, eu sempre vim te ver, eu corri atrás de advogado, levei roupa pra você, quando venho aqui trago coisas pra você. E até mesmo quando não venho, você acha que as coisas que você recebe caem do céu?

— Não acho, mas acho que é tudo culpa.

— Como pode ser culpa se antes de ter ficado com a Sophia eu já fazia essas coisas? — Falou um pouco alto. — Micael, seja razoável, por favor.

— Eu não estou brigando com você por causa dela, Augusto. — Reforçou. — Eu já superei, minha vida é outra agora, fique tranquilo.

— Será que pode me tratar normal então?

— O que eu fiz de errado?! — Sorriu. — Somos amigos, e continuaremos sendo, quando eu sair daqui, é claro.

— Eu vim te avisar que vou pedir a Sophia em namoro. — Disse sem rodeios. — Eu sei que você não quer saber, mas eu não quero que você saiba disso por outra pessoa, não quero que saiba disso quando sair. Jogo limpo.

— Obrigado pelo jogo limpo, felicidades ao casal.

— Deboche.

— Sinceramente não sei o que espera de mim. — Estava seco. — já abençoei o namoro, não sei mais o que fazer.

— Realmente não quer mais que eu venha aqui? — Ele deu de ombros. — Micael!

— Augusto, a vida é sua! Se quiser gastar horas da sua vida, fique à vontade, mas eu não quero atualizações do seu namoro. Eu fico muito contente de que Sophia esteja com alguém bacana, sempre quis isso pra ela. Mas eu realmente não preciso saber, está bem?

— Está bem! — Concordou com um dar de ombros. — Vai me contar como andam as coisas aí dentro? — Guto conseguiu desenvolver um assunto e quase teve seu amigo de volta, sabia que mais algumas visitas e ele amoleceria quanto a ele.

E assim foi feito. Augusto não desistiu da amizade com Micael e voltou pra visitar outras vezes, sem sequer tocar no nome de Sophia durante as visitas, os dois se entenderam bem.

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Os anos passaram devagar pra Micael e voando para Sophia. O moreno estava preso há pouco mais de quatro anos e aquela altura, já estava mais que misturado com o pessoal, até mesmo falava como eles.

Aquela NoiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora