A casa caiu

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Micael não teve mais interações aquele dia. Ficou sozinho o restante e mal conseguiu dormir a noite, sua cabeça não desligava por nada.

Por volta de nove da manhã, quando finalmente o sono venceu o estresse e ele conseguiu pegar no sono, foi acordado pelo barulho de metal batendo. Levantou no susto e quando olhou, um guarda batia a chave da cela mas grades.

— Acorda, vagabundo! — Micael bocejou e coçou os olhos. — Já passa das nove, não é hora de estar dormindo.

— Não é como se eu tivesse muito o que fazer aqui. — Resmungou, mas o guarda não ouviu. — O que foi?

— Seu advogado mandou esse enfermeiro pra colher seu sangue. — Destrancou a cela e ficou observando enquanto o rapaz que mal parecia ter dezoito anos fazia seu trabalho.

Logo ele foi trancafiado e voltou ao seu tédio novamente. Acabaria enlouquecendo se ficasse muito tempo nessa situação.

O advogado só chegou perto das três da tarde. Micael fazia flexões quando viu movimentação na carceragem.

— Vai ficar suado e fedorento. — Advogado chegou fazendo piada.

— Tenho certeza que já estou. — Sorriu falso, não tinha vontade de sorrir. — Temos alguma novidade?!

— Tenho péssimas notícias. — A careta de Micael foi instantânea. — O porteiro do seu prédio veio depôr, e pelo que eu li do depoimento, ele acabou com você. O delegado deve estar bem contente.

— Sérgio? Seu Sérgio acabou comigo?! — Balançou a cabeça desacreditado. — Não é possível, ele é um senhor muito gente boa, não seria comprado por essa corja.

— Micael, o motorista do táxi também veio depôr. — Confirmou tudo o que a Carolina disse, que você começou a ser agressivo desde que entrou no carro, que quando desceu, saiu puxando a mulher pelo braço e pelos cabelos. — Ele continuava incrédulo. — E aí seu Sérgio corroborou a história, dizendo que você entrou puxando ela pelos cabelos e braço, você também disse a ele "oi, pai".

— "Oi, pai"? — Franziu a testa tentando entender porque diria tal coisa. — Que droga foi essa que eu tomei? — Sentou e passou as mãos pelo rosto. — Não é possível que tudo isso aconteceu de verdade.

— Pois então se segure, pois aqui vem a pior de todas as bombas. — Ele encarou o advogado. — As câmeras de segurança do seu prédio, isso quer dizer, a da entrada, do hall, do elevador e do corredor confirmam tudo!

— Tem imagens de eu arrastando essa mulher? — Ficou de pé e falou alto. — Você está falando sério? Sou eu mesmo?

— Sim, é claramente você, mostra o dia e o horário. — Desnorteado, começou a andar de um lado pro outro. — E digo mais...

— Tem mais?! — Arregalou os olhos.

— O laudo do exame de corpo de delito também chegou. — Micael gelou antes mesmo de ouvir. — Carolina tem hematomas bem notáveis nos braços, como se tivesse sido apertada. — Interpretou como se tivesse alguém na sua frente. — Alguns na costela, outros nas coxas. — A cara coisa que Micael ouvia ficava ainda mais enojado. — E o que vai terminar de jogar a pá de cal no seu túmulo, ela tem escoriações no ânus, vítima de uma entrada forçada. Eu sinto muito, mas esse estupro aconteceu, tinha sêmen com seu DNA nela.

— Eu realmente fiz isso tudo com a garota?! — Estava em choque, mesmo com todas aquelas informações,  não acreditava que seria capaz de fazer aquilo. — Ela me drogou e eu fiz toda essa merda?

— Quanto a ela ter drogado você, não achamos a tal garrafa de água. Quando chegamos na casa noturna, o lixo já havia sido removido e como você deve imaginar, existem toneladas de garrafas de água por aí. De qualquer forma, a droga foi detectada na sua urina e no muito provável que no exame de sangue que pedi, mas não prova nada, o advogado dela vai dizer que você ingeriu as drogas porque quis.

Aquela NoiteWhere stories live. Discover now