Primeiro dia com o papai

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— Que brincadeira de mau gosto é essa?! — Disse após se recuperar do baque. — Isso não tem graça gente.

— O bebê é a sua cara, Micael! — Arthur complementou. — E olha que recém nascidos tem cara de joelho, mesmo assim, eu enxerguei você ali no berço.

— Vocês estão falando sério? — Ficou de pé, balançando a cabeça tentando assimilar aquilo. — Eu transei de camisinha com a Sophia, não pode ser.

— Micael, o moleque é MARROM! — Arthur estalou os dedos pra dar ainda mais ênfase na palavra gritada. — MARROM. O filho da Sophia, branca de olhos azuis, com o Augusto, branco de olhos verdes, é moreno.

— O que a Sophia falou disso?

— Ela disse que acha que ela ou Augusto tem ancestrais negros. — Laura debochou. — Eu não duvido que tenha, aqui no Brasil é sempre uma mistureba, mas porra, tá na cara que não é por isso que o menino é moreno.

— Eu não sei o que fazer, se a Sophia disse isso, é porque não me quer por perto.

— Meu irmão, foda-se o que ela quer. — Arthur colocou uma mão no ombro dele. — O filho é seu! Entra na justiça e exige um DNA.

— Mas claro, isso tudo se você quiser assumir um filho agora.

— Eu não sou homem de fugir das minhas responsabilidades. — Disse a Laura. — Vocês sabem bem disso, é que isso é uma loucura. A Sophia fingindo que não vê que o bebê é meu a troco de nada? Ela nem é feliz naquele relacionamento.

— Sabe que ela tem medo de ficar sozinha. — Laura defendeu a amiga por um instante. — Sophia é bem controversa as vezes.

— Ela falou pra gente que o Guto disse que o menino é a cara dele. — Arthur contou com deboche e deu risada em seguida. — Me parece que nenhum dos dois soube lidar bem com a situação.

— Tá legal, eu vou até lá ver essa criança. — Enfiou o celular no bolso. — Só vou acreditar vendo.

— Quer que a gente vá junto?

— Não, preciso conversar com a Sophia. — Parou e pensou um pouco. — Será que podem chamar o Guto pra cá?

— Eu ligo, aposto que ele está doido pra fugir daquela casa, Sophia falou que o Levi não dá sossego. — Arthur deu risada e pegou o celular.

Augusto atendeu rápido e foi mais rápido ainda ao confirmar a ida até lá. Deixaria a esposa sozinha com o filho recém nascido sem pensar duas vezes.

Micael então saiu da casa e foi de táxi até o prédio de Sophia, quando chegou, sabia que Guto não estava mais lá, então cumprimentou o porteiro e subiu, batendo duas vezes na porta.

— O que faz aqui? — Sophia apareceu com o bebê no colo e Micael nem olhou pra sua cara.

— Precisamos conversar.

— Não temos o que conversar. — Ia fechar a porta, mas ele não permitiu. — Olha, eu imagino o que Laura e Arthur te disseram, mas não é verdade, tá legal?!

— Não é? — Invadiu o apartamento. — Deixa eu ver o menino.

— Não. — Escondeu um pouco mais em seu corpo. — O filho é meu e só isso que importa.

— Você não pode me pedir pra fingir que não sou o pai desse bebê. — Apontou, sem nem ao menos ver o bebê.  — Não preciso nem vê-lo, o jeito como você está escondendo ele, já diz tudo!

— É meu filho e do Augusto.

— Moreno? Conta outra! — Debochou. — Me fala o motivo de você estar falando essas coisas. Você devia ficar feliz que o filho é meu e não dele. Você nem gosta dele, vive essa bosta de casamento infeliz.

Aquela NoiteOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz