Não há remorso

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— Vamos conversar ou fingir que nunca aconteceu nada? — Sophia perguntou ainda nua, tinha os olhos fechados e tentava regularizar a respiração.

— Onde o Augusto está? — A voz de Micael soou preocupada e Sophia deu risada. — Minha pergunta foi engraçada?

— Você só pensou nele agora?

— Queria que eu pensasse nele enquanto estava transando com você? — Ergueu uma sobrancelha, seu tom era de brincadeira. — Lembrei agora.

— Quando for fazer algo errado, tem que se certificar de que não há ninguém em casa. — Brincou também, parecia livre de culpa. — Eu fui buscar camisinha pelada, você acha que ele está em casa? Guto foi trabalhar bem cedo hoje.

— Achei que ele trabalhava de casa. — Franziu a testa.

— Na maioria das vezes, mas vez ou outra tem que ir. — Deu de ombros, procurou a camisa pra vestir.

— Você não me parece muito culpada. — Comentou e recebeu o olhar da loira sobre si. — Sabe que foi extremamente errado o que fizemos, não é?

— Sim, mas não estou tão culpada e vejo que você também não está. — Ela deu risada. — Minha culpa só bate depois de um tempo.

— Animador saber que você só se lembrou de mim semanas depois. — Fez uma careta e caminhou pro banheiro, deixou a camisinha no lixo. — Obrigado por essa informação.

— Eu não trai você, Micael. — Reforçou. — Eu realmente vacilei e podia ter ido te ver nesse tempo, não devia ter te dado ouvidos. Mas eu estava chateada, drogado ou não, você ficou com outra mulher.

— E voltamos a suposta traição. — Suspirou e entrou no box, Sophia, já vestida se levantou pra ir até lá. — Eu vou descobrir o que aconteceu naquela noite. Você vai ver que eu nunca tive intenção de nada.

— Nunca passou pela minha cabeça que você fosse culpado, Micael. — Cruzou os braços e o observou tomar banho. — Mas quando aquela mulher me chamou de chifruda, eu surtei.

— Exatamente isso, ficar com meu amigo foi um surto.

— Fiquei com ele porque você ficava mandando ele ir lá em casa saber da minha vida. — Reclamou. — Isso me irritou e sim, num momento estúpido eu fui lá e agarrei o Guto.

— Eu soube. — Disse com uma careta e fechou o chuveiro. Puxou a toalha que há pouco havia estendido e começou a se secar. — Ele fez questão de ir me contar que transaram.

— Se ajuda, ele ficou muito mais culpado do que você está agora. — Ele deu risada, uma risada bem debochada. — É verdade, eu expulsei ele lá de casa porque estava quase chorando, me irritou. E em você eu não vejo um pingo de remorso.

— Não tem remorso. — Deu de ombros, estendeu a toalha novamente e caminhou de volta pro quarto, afim de vestir sua roupa. — E eu não pretendo contar nada à ele.

— Como assim não pretende contar a ele? — Arregalou os olhos. — Por um instante eu achei que...

— Que a gente ia ficar junto? — Completou a frase que a loira deixou no ar. — Não, não vamos. — Disse seco, surpreendendo a loira. — Isso aqui foi errado, não vai se repetir.

— Por que está falando com esse tom de desdém? Há pouco estava dizendo que não suportava a ideia de ficar aqui comigo recém-casada, agora não liga se eu vou continuar ou não com ele?

— Eu acho que devia continuar. — Aconselhou enquanto abotoava a camisa. — Ele tem muito a te oferecer, vai ter a vida boa que sempre quis.

— Está me chamando de interesseira?

Aquela NoiteWhere stories live. Discover now