Tire as câmeras!

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— Como diabos você pode ter certeza disso se não tiver câmeras nessa casa? — Disse entredentes. — Me responde, Augusto.

— Tem. — Confessou. — Nas áreas comuns, nos banheiros não tem, se isso te deixa mais tranquila.

— Você é maluco, porra?! — Levou as mãos a cabeça, irritadíssima. — Como tem coragem de violar a minha privacidade dessa forma? Eu estou vivendo a porra de um reality show?

— Se serve de consolo depois que ele passou a chegar tarde e sair cedo eu não olhei mais as câmeras.

— Ah, vai se foder, Augusto! — Xingou alto. — Onde que estão essas merdas? Você vai tirar todas! Eu não sou sua prisioneira pra você ficar me vigiando pelo celular toda vez que sai de casa.

— Eu só coloquei as câmeras porque você me chifrou, eu precisava saber se ia acontecer novamente.

— Você não sabe chegar e conversar como uma pessoa normal? Tem que mandar espalhar câmeras por todo apartamento? E como você descobriu essa traição se não tinha câmeras na época?

— Porque você transou com o Micael que não tem dinheiro pra comprar camisinhas e usaram as minhas. — Disse alto, mas não gritou. Sophia se encolheu sob a voz brava do marido. — Me achando idiota, eu sei muito bem quantas camisinhas eu guardo na gaveta, Sophia.

— Você soube quando?

— No dia seguinte que ele chegou aqui, eu sai cedo pra trabalhar e deixei os dois sozinhos. — Contou e a viu engolir em seco, sabendo que não tinha a menor defesa. — Eu cheguei a tarde e não tinha nenhum dos dois, fui me barbear e o pacote de camisinha que eu tinha certeza que estava fechado quando sai cedo, não estava mais. Então, ou você pegou pra fazer balão, ou foi dar pro seu ex-namorado.

— Não gosto do tom que você está usando.

— E eu não gosto de você transando com outra pessoa, mesmo assim eu aceitei, não é? — Manteve o tom. — Não falei nada porque eu não ia te dar o que você queria.

— E o que eu queria, será que eu posso saber? — Colocou as mãos na cintura. — Pelo visto você está me entendendo melhor do que eu.

— Você queria uma desculpa pra terminar comigo, você não tinha coragem, mas estava claro que queria voltar com Micael.

— Se eu quisesse voltar pro Micael, eu tinha voltado e não me casado com você. — Rosnou, mas sabia que era mentira. — O que você viu pelas câmeras, eu dei em cima dele?

— Não, inclusive vi vocês bem afastados depois da data em questão, pelo menos até a véspera do nosso casamento onde você deitou no colo dele e ficou recebendo cafuné. — Disse com deboche. — Foi lindo, eu amei assistir.

— Sua câmera não tem som?

— Se tivesse eu teria ouvido o quê? — Ergueu uma sobrancelha. — Ele pedindo pra você terminar comigo e ficar com ele? — Resmungou. — Eu cheguei e falei mesmo que era pra ele sair daqui de casa, que eu não suportava mais ele rondando você.

— Ele não me ronda. — Bufou. — Guto, eu vou te contar a verdade, mas capaz disso doer. Eu que fui ao quarto dele, naquela manhã. — Viu a boca do marido se abrir. — Transamos e ele me disse que não queria ficar comigo, eu já estava achando que tudo estava mais que normal novamente, ia conversar com você e seguir a minha vidinha com ele.

— Como você tem coragem de me falar isso tudo assim? — Levou as mãos a cabeça. — Casamos há um mês!

— Você não quer a verdade? Foi isso que aconteceu. Na véspera do nosso casamento eu perguntei a ele com todas as letras se queria ficar comigo, que eu desistiria de tudo por ele, mas ele mais uma vez disse que não.

— Ah, vai se foder! Você é ridicula!

— Vai me xingar? — Ergueu uma sobrancelha. — Muito bem.

— Você me traiu e nem comigo queria ficar, se eu fosse um cara barra pesada eu te dava uma surra. — Disse entredentes e Sophia cruzou os braços. — Você da muita sorte que eu amo você.

— Uma surra? Experimenta encostar um dedo em mim pra você ver se eu não jogo água fervendo no seu ouvido enquanto estiver dormindo. Homem nenhum bate em mim, Augusto.

— Eu jamais encostaria um dedo em você. — Avisou. — Eu te amo, Sophia! — Repetiu e ela bufou, incrédula. — Eu gosto do que temos, da nossa família.

— Então você manda tirar essas porcarias da minha casa. — Avisou brava. — Eu não vou viver sendo vigiada. — Pegou o celular na mesinha de centro e a bolsa que estava na poltrona. — Eu só piso de novo nessa casa quando não tiver mais câmera nenhuma.

— Não seja radical, eu não olho mais agora que ele foi embora.

— Não fode, Augusto. — Caminhou pra fora e viu ele a seguir. — Não estou indo atrás do Micael, se é o que te importa. — Se virou pra ele uma última vez. — Tira essas merdas daqui e vê se aprende a falar direito comigo.

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— Micael, essa é a Raquel. — Laura estava escorada no balcão ao lado de uma morena alta, sem muitos atributos. — Raquel, esse é o gatinho que te falei.

— Laura! — Ele ficou sem graça e a repreendeu. — Sério, você e Arthur precisam parar com isso.

— Não seja mal educado com a Raquel. — Ele deu risada sem graça e se virou pra mulher.

— Tudo bem?

— Tudo sim e com você? — Ela sorriu convidativa.

— Vocês vão sair no final de semana. — Laura avisou e ele a encarou incrédula. — Tomei a liberdade de acertar tudo, já que você é tão ocupado, amigo.

— É sério? — Ergueu uma sobrancelha com deboche. — Você é inacreditável! Podemos falar um minutinho?

— Na verdade, não. — Sorriu. — Aquela mesa ali está chamando você. — Apontou e ele olhou pra trás. — Quem sabe a noite.

— Vocês são foda. — Balançou a cabeça e se afastou.

— Acho que ele não gostou muito da ideia, Laurinha. — Raquel avisou ao ver Micael se afastando.

— Te expliquei a situação, preciso da sua ajuda! Sai com ele, eu prometo que ele é legal. — Praticamente implorou. — E fala sério, ele é um gato, transar com ele não deve ser um sacrifício.

— Bom, não me parece um sacrifício. — Mordeu o lábio observando Micael anotar uns pedidos. — Pode deixar, eu te faço esse favor.

— Maravilhosa!

Aquela NoiteWhere stories live. Discover now