Será que acabou?

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Micael então respirou fundo e saiu de cima de Augusto, que já estava visivelmente machucado. Olhou para as mãos ensanguentadas e soltou um suspiro pesado.

— O que foi que aconteceu?! — Ouviu a voz de Sophia e saiu o transe. — Será que pode me contar?!

— Ele... Ele... — As palavras não saiam, estava difícil formular uma frase. — Foi tudo culpa dele, Sophia.

— Tudo o quê? — Deixou o bebê de volta no carrinho e colocou as mãos no rosto de Micael, forçando o moreno a olhar em seus olhos. — O que foi tão grave a ponto de você fazer isso?

— Tudo! Tudo de ruim que aconteceu desde aquela noite até hoje. — Deixou a loira ainda mais confusa. Ele estava cansado, era visível em sua expressão. Cansado daquela história.

Não respondeu, foram interrompidos por Arthur que finalmente tinha conseguido chegar. Entrou correndo sem sequer bater, prevendo o caos que devia estar naquele apartamento.

— Cadê o Augusto? — Arthur perguntou preocupado e Micael apontou com o queixo. — Porra, Micael! — Caminhou pra perto do homem caído. — Eu disse pra esperar e pensar no que fazer. — Fez com que Augusto se sentasse. — Está bem, não está?

— Olha bem pra minha cara?! — Augusto disse embolado, cuspiu no sangue chão. Um dos olhos estava fechado, inchado. Tinham cortes espalhados e sangue na maior parte. — Eu não sei nem que merda aconteceu!

— Você sabe sim. — Micael respondeu baixo. — A sua máscara já caiu!

— Fala de uma vez o que foi que inventaram sobre mim! — Ficou de pé com certo esforço, sentia dor nas costelas. — Devia ter feito isso ao invés de entrar na minha casa e me agredir.

— A Caroline apareceu lá em casa e contou a verdade sobre aquela noite. — Arthur explicou. — Ela e Raquel.

— Raquel? — Sophia olhou interessada e observou Micael assentir. — O que essa mulher pode saber sobre esse assunto? Ela nem conhecia você!

— Ela e a Caroline são amigas. — Contou com pesar. — Eu obviamente não sabia dessa merda. — Sophia tinha a boca aberta, perplexa. — Carol contou que foi o Augusto que pagou ela pra fazer tudo o que fez, que o plano era todo dele, que quem me drogou foi ele inclusive e que o advogado que ele contratou nem era advogado de verdade.

— E você acreditou nessas vadias e não em mim que sou seu amigo há anos?! — Falou com raiva. — O mínimo que você podia ter feito era ter vindo me perguntar sobre essa merda.

— Pra você mentir? — Se virou pra ele com ainda mais raiva. Sophia segurou em seu braço, tentando prevenir outro ataque. — Eu acreditei sim em tudo o que foi dito, a história foi muito coerente.

— Para de ser absurdo! Eu nunca faria uma coisa dessa! — Manteve a fachada de injustiçado. — Você fez isso comigo atoa, como o idiota que é, acreditou na vadia que te botou na cadeia e não em mim que fiquei todos esses anos indo lá ver você e te enviando coisas.

— Não fode, você gostava de ver o meu sofrimento, ia até lá pra me deixar pior a cada visita. — Jogou na cara. — Você fez tudo isso pra pegar a minha namorada, pra ter a minha vida!

— Se é a minha palavra contra a dela eu devia ao menos ter o benefício da dúvida! — Disse alto e o pequeno Levi chorou no carrinho. — Sophia cala a boca desse moleque! — Disse bem irritado e Sophia largou o braço de Micael pra pegar o bebê. — Vai embora da minha casa, você não é mais bem vindo aqui.

— E você acha que eu voltaria aqui? — Disse com deboche. — Eu não quero mais ver você na minha frente, nunca mais.

— Pois então some daqui, deixa eu ficar em paz com a minha família. — Expulsou novamente, mas Micael deu risada. — Eu fiz alguma piada?

— Sophia não passa mais uma noite embaixo do mesmo teto que você. — Avisou e em seguida olhou pra loira, que tentava ninar o bebê. — Nem ela, muito menos o meu filho!

— Levi é meu filho!

— Só na próxima encarnação. — Rebateu. — Vamos sair daqui logo, Sophia. Vai fazer as malas! — A loira assentiu, feliz de sair daquele inferno que tinha se metido.

— Malas? Nada disso, Se você quer levar esses dois, leva! — Augusto disse com ironia. — Mas nada que eu paguei vai sair daqui! — Avisou e Micael rolou os olhos. — Nem uma chupeta que for.

— Tá legal, fica com tudo pra você. — Avisou e caminhou pra perto de Sophia. — Vamos embora agora! — Sophia pegou o celular que estava em cima do sofá e caminhou pra fora. — Vamos Arthur! — Gritou e o amigo saiu correndo. Augusto ficou sozinho praguejando alto, mas nenhum dos três conseguia entender.

— Isso é loucura. — Sophia comentou já no hall do prédio. — Eu não posso ir embora assim, sem nada pro bebê.

— Vamos comprar tudo, não se preocupe.

— Comprar tudo com que dinheiro? — Disse preocupada. — A não ser que você mande seus amigos assaltarem uma loja de bebê, eu não sei o que faremos.

— Não é hora pra isso. — Ele puxou o celular pra chamar um carro. — Você quer ir ficar na casa dos seus pais?

— Eu tenho alguma opção que não seja isso ou morar de favor com o Arthur?! — Micael suspirou.

— Eu sei que a situação é complicada, mas você quer parar de agir dessa forma? Eu vou resolver tudo, mas preciso de ajuda! Será que você pode me ajudar? — Falou grosso e encarando Sophia. — Ou você quer subir lá e dormir com aquele psicopata?! Se quiser vai. — Apontou pra trás e a viu abraçar o bebê e negar com a cabeça. — Então me responde a pergunta.

— Eu não quero ficar na casa dos meus pais, você sabe como é a situação entre nós. — Disse triste. — Mas sinceramente, eu também não quero ir pra casa do Arthur. — Ela olhou o amigo. — Nada contra, viu?

— E ficar com meus pais? — Micael ofereceu e Sophia ponderou. — Minha mãe vai te ajudar com o bebê e você vai poder descansar.

— Mas a sua relação com eles é tão ruim quanto a minha relação com meus pais. — Observou Micael dar de ombros e colocar o celular na orelha. — Vai ligar pra quem?

— Dona Solange Borges. — Avisou. — Eu não sei o endereço da casa deles, se mudaram recentemente.

Depois da ligação, a qual Micael não explicou a mãe o motivo da visita, ele chamou um carro pra levar a loira até lá. Arthur, disse que não ia com eles, afinal, era um momento e uma conversa de família.

Micael pediu o bebê no carro e Sophia lhe entregou de bom grado, ela gostava de ficar observando Micael e Levi. Era fofo.

— Será que ele vai ter vergonha de mim quando crescer? — Falou baixinho com um tom de dor. — Quando descobrir do que me acusaram?

— Lógico que não, quando ele tiver a idade a gente senta e conversa. — Manteve o sorriso. — Tenho certeza que ele vai amar e se orgulhar muito do pai que tem. Assim como eu.

— Você se orgulha do seu pai? — Brincou e a viu rolar os olhos.

— Eu tenho orgulho de você, sabia?

— Sabia não, me odiava até meio segundo atrás. — Bufou. — Não seja falsa.

— Nunca odiei você. — Se defendeu e em seguida parou pra pensar. — Na verdade, algumas vezes eu tive muita raiva.

— Você teve coragem de casar com meu melhor amigo, você teve coragem de deixar que outro homem registrasse meu filho. Você claramente me odeia. — Desabafou e não teve resposta, Sophia escolheu ficar em silêncio, aquele não era um assunto para conversarem ali no carro. 

A loira somente foi observando a conversa entre Micael e Levi. 

Aquela NoiteWhere stories live. Discover now