Capitulo 01

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Vilarejo Monte Esmeralda



Ela sentia como se o fogo estivesse lambendo a sua pele, que de branca passava a ficar avermelhada. Sentia seu corpo todo arder em chamas apesar de não estar sendo queimada. Sentia a sensação da dor lancinante consumi-la fazendo-a gritar até perder o ar. Ela via o fogo crepitando a sua frente e alguém emergindo em meio as chamas aproximando-se, lentamente. Quando a figura chegou mais perto, pôde ver que era a sua mãe com o rosto todo desfigurado pelas queimaduras.


Então acorda gritando e sentando-se de um salto no colchão de palha no chão a um canto.


- Freya - chama a tia alarmada se aproximando e agachando perto da garota, que estava ofegante com suor escorrendo por suas têmporas e nuca. - O que foi? - pergunta afastando uma mecha de cabelo do rosto da menina.


- Tive um pesadelo com minha mãe - responde Freya com a voz entrecortada fitando com seus olhos verdes agoniados a tia ao seu lado -, ela estava na fogueira e eu sentia a dor dela.


- Esses seus pesadelos me assustam - diz a outra abraçando-a.


- Por que você sabe que não é só um pesadelo - diz a garota com apreensão na voz correspondendo o abraço. - Eu vi a morte dela.


- Ela só foi até a casa da vizinha ajudá-la com o nascimento do filho e já volta. - Ela tenta consolar a sobrinha, mas sem muita convicção na voz.


De repente, uma mulher ofegante com o vestido cinza sujo e amarrotado e os cabelos pretos em desalinho, irrompe pela porta rústica de madeira do casebre.


- Diana, os caçadores estão chegando - avisa ela com expressão aflita, fazendo a outra se levantar de um salto. - Você precisa esconder a Freya.


- Isabel, você os viu? - Diana questiona indo até a irmã.


- Eu senti a presença deles aproximando-se do nosso vilarejo. Terminei o parto da vizinha e vim correndo para cá, mas eles já estavam tomando as ruas do vilarejo e invadindo os casebres.


- Então precisamos nos esconder rápido.


- Eles já me viram, mas a vocês não.


- O que quer dizer com isso? - Diana encara Isabel com os olhos verdes arregalados.


- Mãe. - Freya, que havia se levantado, vai até a mãe abraçando-a pela cintura. - O que está acontecendo? - choraminga a garota com medo.


- Minha linda - diz Isabel se agachando para ficar na altura da filha -, você precisa se esconder com a sua tia.


- E você? - indaga a pequena Freya com os olhos marejados.


- Eu vou ficar bem, encontro vocês depois - responde a mãe com um nó na garganta tentando segurar o choro.


- Mentira - dispara a menina começando a chorar -, eu vi a sua morte.


Isabel olha apreensiva para Diana e volta a fitar a filha.


- Freya, olha para mim. - Isabel pede segurando o rosto magro da filha com as duas mãos. A menina encara os olhos verdes da mãe, que refletia os seus. - Não importa o que aconteça, eu nunca vou te deixar. - Ela tira do seu pescoço uma correntinha com pingente de lua cheia e coloca a joia no pescoço de Freya. - Eu vou sempre estar com você.


A menina abraça forte a mãe enlaçando-a pelo pescoço, Isabel corresponde tentando segurar as lágrimas, que teimavam em cair.


- Agora você precisa ir com a sua tia, minha linda - pede ela acariciando os cabelos pretos e volumosos da filha.

Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now