Vilarejo Monte Esmeralda
Ela sentia como se o fogo estivesse lambendo a sua pele, que de branca passava a ficar avermelhada. Sentia seu corpo todo arder em chamas apesar de não estar sendo queimada. Sentia a sensação da dor lancinante consumi-la fazendo-a gritar até perder o ar. Ela via o fogo crepitando a sua frente e alguém emergindo em meio as chamas aproximando-se, lentamente. Quando a figura chegou mais perto, pôde ver que era a sua mãe com o rosto todo desfigurado pelas queimaduras.
Então acorda gritando e sentando-se de um salto no colchão de palha no chão a um canto.
- Freya - chama a tia alarmada se aproximando e agachando perto da garota, que estava ofegante com suor escorrendo por suas têmporas e nuca. - O que foi? - pergunta afastando uma mecha de cabelo do rosto da menina.
- Tive um pesadelo com minha mãe - responde Freya com a voz entrecortada fitando com seus olhos verdes agoniados a tia ao seu lado -, ela estava na fogueira e eu sentia a dor dela.
- Esses seus pesadelos me assustam - diz a outra abraçando-a.
- Por que você sabe que não é só um pesadelo - diz a garota com apreensão na voz correspondendo o abraço. - Eu vi a morte dela.
- Ela só foi até a casa da vizinha ajudá-la com o nascimento do filho e já volta. - Ela tenta consolar a sobrinha, mas sem muita convicção na voz.
De repente, uma mulher ofegante com o vestido cinza sujo e amarrotado e os cabelos pretos em desalinho, irrompe pela porta rústica de madeira do casebre.
- Diana, os caçadores estão chegando - avisa ela com expressão aflita, fazendo a outra se levantar de um salto. - Você precisa esconder a Freya.
- Isabel, você os viu? - Diana questiona indo até a irmã.
- Eu senti a presença deles aproximando-se do nosso vilarejo. Terminei o parto da vizinha e vim correndo para cá, mas eles já estavam tomando as ruas do vilarejo e invadindo os casebres.
- Então precisamos nos esconder rápido.
- Eles já me viram, mas a vocês não.
- O que quer dizer com isso? - Diana encara Isabel com os olhos verdes arregalados.
- Mãe. - Freya, que havia se levantado, vai até a mãe abraçando-a pela cintura. - O que está acontecendo? - choraminga a garota com medo.
- Minha linda - diz Isabel se agachando para ficar na altura da filha -, você precisa se esconder com a sua tia.
- E você? - indaga a pequena Freya com os olhos marejados.
- Eu vou ficar bem, encontro vocês depois - responde a mãe com um nó na garganta tentando segurar o choro.
- Mentira - dispara a menina começando a chorar -, eu vi a sua morte.
Isabel olha apreensiva para Diana e volta a fitar a filha.
- Freya, olha para mim. - Isabel pede segurando o rosto magro da filha com as duas mãos. A menina encara os olhos verdes da mãe, que refletia os seus. - Não importa o que aconteça, eu nunca vou te deixar. - Ela tira do seu pescoço uma correntinha com pingente de lua cheia e coloca a joia no pescoço de Freya. - Eu vou sempre estar com você.
A menina abraça forte a mãe enlaçando-a pelo pescoço, Isabel corresponde tentando segurar as lágrimas, que teimavam em cair.
- Agora você precisa ir com a sua tia, minha linda - pede ela acariciando os cabelos pretos e volumosos da filha.
YOU ARE READING
Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)
FantasyEm meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condenando-os a morte. É nesse cenário que vive Freya, uma bruxa que quando criança viu sua mãe ser executada na fogueira. Anos depois, ela mesma é...