Tribunal do Santo Oficio
Freya estava deitada e encolhida no chão, a um canto da cela, tremendo de frio.
- Freya. - Ela escuta a voz da mãe, ao longe, chamando-a.
- Mãe. - A bruxa sussurra erguendo a cabeça e vendo a figura de Isabel à sua frente.
- Filha - diz a outra ajoelhando-se e colocando a mão no rosto de Freya, que não sente o seu toque -, isso vai acabar logo.
- Você não está aqui de verdade - consta Freya melancólica com lágrimas escorrendo por seu rosto, assim fazendo sua bochecha com a marca de queimadura arder. - Eu estou delirando.
- Você sente minha falta, minha linda, por isso está me vendo.
- Eu estou pronta para morrer, mãe.
- Não é a sua hora ainda.
A figura de Isabel desaparece e Freya volta a encostar a cabeça no chão fechando os olhos. Ela sentia calafrios percorrer sua pele, que ardia em febre. Seus tornozelos e pulsos estavam roxos e com feridas em carne viva, que pingavam sangue, devido as algemas e cordas utilizadas nas torturas. Além das marcas doloridas de queimaduras espalhadas pelo seu corpo e a sua garganta que ainda estava dolorida. Fora o seu ferimento no abdômen causado pela flechada, que se abrira e formara uma crosta grossa de sangue seco por cima.
Freya escuta o barulho da porta de ferro se abrindo, mas permanece na mesma posição quando sente uma mão tocar seu ombro e, então, abre os olhos fitando a pessoa ao seu lado.
- Você! - resmunga ela reconhecendo os olhos azuis que a fitavam de volta, em meio a penumbra da cela causada pela tocha que a pessoa segurava.
A bruxa volta a fechar os olhos, pensando estar delirando de novo.
A pessoa quebra as correntes que a prendiam a parede com um pequeno machado, ao qual as algemas permanecem em torno dos pulsos e tornozelos de Freya. Percebendo que a bruxa estava tremendo e havia perdido os sentidos, tira a capa cinza, que vestia, enrolando-a em volta do corpo dela. Após guardar o machado no coldre em sua cintura e colocar a tocha, que segurava, no chão, pega-a no colo saindo da cela e deixando a porta pesada de ferro aberta.
Seguindo pelo corredor mal iluminado pelas tochas penduras na parede e virando para outro mais estreito sobe alguns degraus de pedra em espiral chegando até uma saída que dava para o pátio.
Coloca-a em cima do dorso do seu corsero preto, que já estava separado para a fuga, e o puxa pelas rédeas até a passagem estreita camuflada pelas folhagens e trepadeiras aninhadas às pedras na lateral do muro alto do Tribunal. Do lado de fora, a pessoa monta no animal, ajeita o corpo de Freya a sua frente apoiando a cabeça dela em seu peito e sai cavalgando em disparada rumo a Floresta da Lua.
○○○
Henrique vai ao encontro de Bispo Domênico na pequena capela do Tribunal, que ficava perto do hall de entrada pelo lado oposto ao corredor dos dormitórios.
- Vossa Majestade, ainda é cedo - comenta o Bispo de pé no altar, ao ver o outro entrar.
- O quanto antes eu começar a magia de localização, mais cedo o Reverendo terá o que deseja e eu poderei voltar para o meu castelo.
- Quando poderá começar?
- Assim que eu for até a floresta para canalizar a energia que preciso. - O Rei comunica. - Por acaso vocês não possuem algum pertence dos bruxos capturados?
- Não - responde Domênico aproximando-se -, tudo o que confiscamos deles, quando chegam, é queimado.
- Reverendo, temos um problema - informa Padre Gregório entrando eufórico na capela.
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Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)
FantasyEm meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condenando-os a morte. É nesse cenário que vive Freya, uma bruxa que quando criança viu sua mãe ser executada na fogueira. Anos depois, ela mesma é...