Capítulo 56

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Mosteiro da Graça



Henrique estava dormindo em seu quarto, tendo um pesadelo que o angustiava fazendo-o remexer-se sobre o colchão.


No sonho tormentoso, ele via uma flecha apontada para o seu coração, mas não conseguia se mover para fugir da morte certa. Quando a flecha é atirada, ela vem em sua direção lentamente como se o resto do mundo tivesse parado ao seu redor, no entanto quando a ponta da arma estava prestes a lhe atingir, seu rosto transforma-se no de Freya, então ele acorda assustado levantando seu tronco de um salto e sentando-se na cama com a respiração ofegante e sentindo uma dor aguda no peito.


Ao olhar para a frente, o Rei se depara com a figura da Morte parada ao pé da cama, sob à meia-luz que envolvia o quarto, fazendo-o estremecer de susto. A Sombra o encarava fixamente com semblante de pesar. Ele, ao perceber a expressão da entidade, sente sua dor no peito se intensificar.


- Não me diga que... - diz Henrique com a voz hesitante.


- Eu avisei e, infelizmente, você não foi capaz de evitar.


- Não pode ser.


- Sua filha passou por mim.


Ele levanta-se e vai ao encontro da Sombra agarrando-a pelo pescoço, mas suas mãos transpassam pelo espectro de fumaça sem causar danos.


- Você não podia ter levado ela.


- Esse era o destino dela - diz a Morte impassível.


- Tem que ter algo que eu possa fazer - diz ele afastando-se alguns passos e abaixando os braços na lateral de seu corpo.


- Até tem, mas é algo que vai contra as regras da vida e enfraqueceria a sua magia, que já está quase drenada.


- Se for para trazer minha filha de volta, eu preciso fazer isso.


- Aceite, pelo menos uma vez, o curso natural da vida - aconselha a Morte. - Freya vai ficar bem onde está.


- Eu preciso dela para fortalecer minha magia, então não vou aceitar que você a leve de vez.


Henrique pega a jarra de cerâmica com água, que estava em cima da mesa de leitura, e a arremessa na direção da Sombra da Morte, que desaparece. Então o objeto choca-se contra a parede quebrando-se em vários pedaços, que se espalham pelo chão.


Alguns minutos depois, alguém bate à porta, mas o Rei permanece estático no mesmo lugar. Então a porta se abre e Diana adentra o cômodo fitando Henrique, que estava com uma expressão perturbadora no rosto. Ela olha para o lado e vê os estilhaços da jarra no chão com uma poça de água ao redor.


- O que aconteceu aqui? - pergunta ela aproximando-se dele.


- Você vai saber de qualquer jeito - suspira ele fitando um ponto indefinido do quarto.


- O que?


- A Freya está morta - dispara ele deslizando seu olhar para o rosto dela.


Diana prende a respiração e fica com o olhar perdido em uma expressão incrédula.


- Como você...? - sussurra ela se interrompendo com a voz trêmula e os olhos marejados.


- Devido a magia negra, a Morte se manifesta para mim quando alguém ao meu redor vai morrer.


- Foi assim que você soube sobre o destino de Freya e tentou evitar que ele se concretizasse - lamenta-se ela com as lágrimas escorrendo por seu rosto.


Henrique aproxima-se de Diana passando o polegar por sua bochecha secando as lágrimas que caiam.


- Eu vou trazê-la de volta.

Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now