Mosteiro da Graça
Henrique estava dormindo em seu quarto, tendo um pesadelo que o angustiava fazendo-o remexer-se sobre o colchão.
No sonho tormentoso, ele via uma flecha apontada para o seu coração, mas não conseguia se mover para fugir da morte certa. Quando a flecha é atirada, ela vem em sua direção lentamente como se o resto do mundo tivesse parado ao seu redor, no entanto quando a ponta da arma estava prestes a lhe atingir, seu rosto transforma-se no de Freya, então ele acorda assustado levantando seu tronco de um salto e sentando-se na cama com a respiração ofegante e sentindo uma dor aguda no peito.
Ao olhar para a frente, o Rei se depara com a figura da Morte parada ao pé da cama, sob à meia-luz que envolvia o quarto, fazendo-o estremecer de susto. A Sombra o encarava fixamente com semblante de pesar. Ele, ao perceber a expressão da entidade, sente sua dor no peito se intensificar.
- Não me diga que... - diz Henrique com a voz hesitante.
- Eu avisei e, infelizmente, você não foi capaz de evitar.
- Não pode ser.
- Sua filha passou por mim.
Ele levanta-se e vai ao encontro da Sombra agarrando-a pelo pescoço, mas suas mãos transpassam pelo espectro de fumaça sem causar danos.
- Você não podia ter levado ela.
- Esse era o destino dela - diz a Morte impassível.
- Tem que ter algo que eu possa fazer - diz ele afastando-se alguns passos e abaixando os braços na lateral de seu corpo.
- Até tem, mas é algo que vai contra as regras da vida e enfraqueceria a sua magia, que já está quase drenada.
- Se for para trazer minha filha de volta, eu preciso fazer isso.
- Aceite, pelo menos uma vez, o curso natural da vida - aconselha a Morte. - Freya vai ficar bem onde está.
- Eu preciso dela para fortalecer minha magia, então não vou aceitar que você a leve de vez.
Henrique pega a jarra de cerâmica com água, que estava em cima da mesa de leitura, e a arremessa na direção da Sombra da Morte, que desaparece. Então o objeto choca-se contra a parede quebrando-se em vários pedaços, que se espalham pelo chão.
Alguns minutos depois, alguém bate à porta, mas o Rei permanece estático no mesmo lugar. Então a porta se abre e Diana adentra o cômodo fitando Henrique, que estava com uma expressão perturbadora no rosto. Ela olha para o lado e vê os estilhaços da jarra no chão com uma poça de água ao redor.
- O que aconteceu aqui? - pergunta ela aproximando-se dele.
- Você vai saber de qualquer jeito - suspira ele fitando um ponto indefinido do quarto.
- O que?
- A Freya está morta - dispara ele deslizando seu olhar para o rosto dela.
Diana prende a respiração e fica com o olhar perdido em uma expressão incrédula.
- Como você...? - sussurra ela se interrompendo com a voz trêmula e os olhos marejados.
- Devido a magia negra, a Morte se manifesta para mim quando alguém ao meu redor vai morrer.
- Foi assim que você soube sobre o destino de Freya e tentou evitar que ele se concretizasse - lamenta-se ela com as lágrimas escorrendo por seu rosto.
Henrique aproxima-se de Diana passando o polegar por sua bochecha secando as lágrimas que caiam.
- Eu vou trazê-la de volta.
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Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)
FantasyEm meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condenando-os a morte. É nesse cenário que vive Freya, uma bruxa que quando criança viu sua mãe ser executada na fogueira. Anos depois, ela mesma é...