Capítulo 02

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Tribunal do Santo Oficio - Praça da Fé



Após cavalgar, incansavelmente, por alguns dias, aos quais foi se escondendo, durante a noite em abrigos que encontrava pela floresta e usava sua magia para se proteger de animais selvagens ou até mesmo de possíveis ladrões, Freya, seguindo pela estrada principal, aproxima-se da Praça da Fé. Ela diminui os trotes do cavalo conseguindo ouvir ao longe as vozes alteradas de uma plateia alvoroçada.


A menina ao chegar perto da praça pública em frente ao Tribunal do Santo Oficio, desce de seu ronzino e joga o capuz de seu manto marrom sobre sua cabeça cobrindo parte de seus cabelos pretos, mas escondendo o seu rosto por completo. Ela avista uma multidão na praça em volta do palanque de madeira montado no centro do local à espera do Auto-da-Fé, que é o ritual de execução das sentenças dadas aos bruxos.


Freya vai abrindo caminho entre as pessoas para tentar chegar até o palco improvisado e ao conseguir chegar perto o suficiente, o que vê a deixa assustada com os olhos arregalados e boquiaberta.


A garota se depara com três mulheres muito machucadas, com seus rostos inchados e sangue seco respingado em suas peles e vestes rasgadas, cada uma amarrada, pelas mãos e pelos pés, em uma estaca de madeira e logo abaixo delas havia troncos e gravetos, que serviriam de combustão para o fogo. Uma das mulheres, ela reconheceu ser sua mãe. Então teve o ímpeto de correr até onde Isabel estava, mas uma mão a segura, fortemente, pelo pulso puxando-a para longe da multidão.


- O que pensa que está fazendo, Freya? - esbraveja Diana parando atrás de uma árvore afastada da praça. - Quer morrer também?


- Eu quero salvá-la - grita a menina se debatendo. - Prefiro arriscar minha vida a vê-la morrer sem fazer nada.


- Isso também me dói - confessa Diana deixando algumas lágrimas escorrerem livres por suas bochechas -, eu queria tanto poder salvá-la também, mas não dá. - Ela completa abaixando o tom de voz.


- Eu não posso deixá-la morrer. - Freya começa a soluçar.


Diana a abraça pousando a cabeça da sobrinha em seu peito e olhando para o palanque no meio da praça, onde a irmã estava amarrada. Ela vê os carrascos vestidos com capa vermelho-sangue acendendo as fogueiras, então cerra os olhos para não ver a cena a seguir.


Alguns segundos depois, Freya começa a tremer em seus braços e a gemer baixinho.


- O que foi, Freya? - pergunta Diana aflita afastando-se da sobrinha e segurando-a, levemente, pelos ombros.


- Eu me conectei a minha mãe para poder encontrá-la - responde a menina fazendo careta e desabando no chão -, estou sentindo a dor dela.


Diana ajoelha-se ao lado da menina e a segura em seu colo.


- Isso vai passar logo. - Diana começa a chorar copiosamente enquanto acariciava os fios embaraçados da cabeleira negra da sobrinha.


Freya começa a contorcer todo o seu corpo e a gritar de agonia. Diana a puxa para mais perto do seu peito tentando abafar seus gritos, para que não chamassem a atenção das pessoas que assistiam ao espetáculo de horrores na Praça da Fé.


A menina não suportando mais a dor acaba desmaiando, então a bruxa pega-a no colo caminhando até onde deixara o seu cavalo avermelhado e coloca-a em cima do dorso do mesmo. Depois de também subir no animal, ela sai cavalgando, apressadamente, para bem longe daquele lugar.


Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now