Tribunal do Santo Oficio - Praça da Fé
Após cavalgar, incansavelmente, por alguns dias, aos quais foi se escondendo, durante a noite em abrigos que encontrava pela floresta e usava sua magia para se proteger de animais selvagens ou até mesmo de possíveis ladrões, Freya, seguindo pela estrada principal, aproxima-se da Praça da Fé. Ela diminui os trotes do cavalo conseguindo ouvir ao longe as vozes alteradas de uma plateia alvoroçada.
A menina ao chegar perto da praça pública em frente ao Tribunal do Santo Oficio, desce de seu ronzino e joga o capuz de seu manto marrom sobre sua cabeça cobrindo parte de seus cabelos pretos, mas escondendo o seu rosto por completo. Ela avista uma multidão na praça em volta do palanque de madeira montado no centro do local à espera do Auto-da-Fé, que é o ritual de execução das sentenças dadas aos bruxos.
Freya vai abrindo caminho entre as pessoas para tentar chegar até o palco improvisado e ao conseguir chegar perto o suficiente, o que vê a deixa assustada com os olhos arregalados e boquiaberta.
A garota se depara com três mulheres muito machucadas, com seus rostos inchados e sangue seco respingado em suas peles e vestes rasgadas, cada uma amarrada, pelas mãos e pelos pés, em uma estaca de madeira e logo abaixo delas havia troncos e gravetos, que serviriam de combustão para o fogo. Uma das mulheres, ela reconheceu ser sua mãe. Então teve o ímpeto de correr até onde Isabel estava, mas uma mão a segura, fortemente, pelo pulso puxando-a para longe da multidão.
- O que pensa que está fazendo, Freya? - esbraveja Diana parando atrás de uma árvore afastada da praça. - Quer morrer também?
- Eu quero salvá-la - grita a menina se debatendo. - Prefiro arriscar minha vida a vê-la morrer sem fazer nada.
- Isso também me dói - confessa Diana deixando algumas lágrimas escorrerem livres por suas bochechas -, eu queria tanto poder salvá-la também, mas não dá. - Ela completa abaixando o tom de voz.
- Eu não posso deixá-la morrer. - Freya começa a soluçar.
Diana a abraça pousando a cabeça da sobrinha em seu peito e olhando para o palanque no meio da praça, onde a irmã estava amarrada. Ela vê os carrascos vestidos com capa vermelho-sangue acendendo as fogueiras, então cerra os olhos para não ver a cena a seguir.
Alguns segundos depois, Freya começa a tremer em seus braços e a gemer baixinho.
- O que foi, Freya? - pergunta Diana aflita afastando-se da sobrinha e segurando-a, levemente, pelos ombros.
- Eu me conectei a minha mãe para poder encontrá-la - responde a menina fazendo careta e desabando no chão -, estou sentindo a dor dela.
Diana ajoelha-se ao lado da menina e a segura em seu colo.
- Isso vai passar logo. - Diana começa a chorar copiosamente enquanto acariciava os fios embaraçados da cabeleira negra da sobrinha.
Freya começa a contorcer todo o seu corpo e a gritar de agonia. Diana a puxa para mais perto do seu peito tentando abafar seus gritos, para que não chamassem a atenção das pessoas que assistiam ao espetáculo de horrores na Praça da Fé.
A menina não suportando mais a dor acaba desmaiando, então a bruxa pega-a no colo caminhando até onde deixara o seu cavalo avermelhado e coloca-a em cima do dorso do mesmo. Depois de também subir no animal, ela sai cavalgando, apressadamente, para bem longe daquele lugar.
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Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)
FantasyEm meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condenando-os a morte. É nesse cenário que vive Freya, uma bruxa que quando criança viu sua mãe ser executada na fogueira. Anos depois, ela mesma é...