Capítulo 08

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Tribunal do Santo Oficio



A porta pesada da cela, onde Freya encontrava-se presa, é aberta por um dos carrascos e Bispo Domênico adentra o minúsculo quadrado aproximando-se da bruxa.


- Está pronta para começar a falar? - indaga o Bispo, rispidamente.


- O que você quer que eu fale? - A bruxa retruca encostada de pé no canto da parede com seus longos cabelos pretos cobrindo seu rosto.


- Onde os seus estão escondidos? - interroga Domênico dando um passo para perto dela, que espiava o movimento dele por entre os fios de suas madeixas.


Ela reconhece se tratar do mesmo homem alto, magro e de cabelos grisalhos espessos vestido em uma túnica branca de seda, que recebera a ela e ao caçador na entrada do Tribunal.


- Eu não vou falar nada.


- Prefere morrer então?


- No momento em que coloquei meus pés nesse lugar, já sabia que o meu destino seria a morte.


- Pelo menos está pronta para confessar, bruxa? - Ele dá outro passo na direção dela.


- Eu não tenho nada para confessar - dispara Freya sacudindo a cabeça para tirar os cabelos do rosto e encara o Bispo com seus olhos verdes brilhando de raiva.


- Você é filha do diabo, uma alma perdida, que precisa ser purificada. - Ele brada apontando o dedo em riste para a bruxa. - É claro que está cheia de pecados


- Quem usa do mal para se beneficiar é a própria Igreja. - Ela avança furiosa na direção do Bispo, que dá alguns passos para trás arregalando os olhos pretos. As correntes que a prendiam esticam-se no limite fazendo-a, com o tranco, ser puxada para trás. - Vocês são uns hipócritas, piores que nós bruxos - desdenha a bruxa cuspindo no rosto do Sarcedote.


Domênico, em uma reação instintiva, dá um tapa no rosto de Freya, que o vira para o lado com o impacto sentindo sua bochecha direita arder e sua pele clara ficar avermelhada.


- Os bruxos são uma maldição neste mundo, que vamos exterminar. - Ele afasta-se. - E você bruxa insolente vai falar por bem ou por mal.


Freya não responde, apenas vira o rosto de volta para ele encarando-o com fúria. Sentindo seu sangue ferver, ela fecha os punhos cravando as unhas na palma de suas mãos deixando marcas avermelhadas.


- Levem-na para a Sala de Confissão - ordena o Bispo aos carrascos, que aguardavam parados perto da porta do lado de fora da cela.


O Reverendo retira-se da cela e afasta-se pelo corredor enquanto dois homens trajados com capas vermelho-sangue agarram Freya pelos braços e desprendem as correntes mantendo as algemas em volta dos pulsos dela. Eles a arrastam para fora da cela e pelo corredor estreito em penumbra até o final onde ficava a Sala de Confissão. A bruxa debatia-se tentando se soltar das mãos dos carrascos, que eram mais fortes.


Ao entrar na sala, Freya se depara com equipamentos de tortura. Ela apavora-se internamente sentindo seu estômago afundar de pânico, mas mantém-se calada e sem expressão, com olhar gélido para não demonstrar seu temor. Enquanto os carrascos obrigavam-na a se deitar em uma mesa de madeira rústica com farpas e prendiam-na pelos tornozelos e pulsos, um homem alto de cabelos castanhos ondulados vestido com túnica preta entra na sala e aproxima-se da mesa.


- Sou o Padre Bartolomeu. - Ele comunica tentando parecer gentil. - Você, mesmo sendo bruxa, deve ter um nome.


Freya apenas encara os olhos amendoados dele, furiosa.

Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now