Tribunal do Santo Oficio
A porta pesada da cela, onde Freya encontrava-se presa, é aberta por um dos carrascos e Bispo Domênico adentra o minúsculo quadrado aproximando-se da bruxa.
- Está pronta para começar a falar? - indaga o Bispo, rispidamente.
- O que você quer que eu fale? - A bruxa retruca encostada de pé no canto da parede com seus longos cabelos pretos cobrindo seu rosto.
- Onde os seus estão escondidos? - interroga Domênico dando um passo para perto dela, que espiava o movimento dele por entre os fios de suas madeixas.
Ela reconhece se tratar do mesmo homem alto, magro e de cabelos grisalhos espessos vestido em uma túnica branca de seda, que recebera a ela e ao caçador na entrada do Tribunal.
- Eu não vou falar nada.
- Prefere morrer então?
- No momento em que coloquei meus pés nesse lugar, já sabia que o meu destino seria a morte.
- Pelo menos está pronta para confessar, bruxa? - Ele dá outro passo na direção dela.
- Eu não tenho nada para confessar - dispara Freya sacudindo a cabeça para tirar os cabelos do rosto e encara o Bispo com seus olhos verdes brilhando de raiva.
- Você é filha do diabo, uma alma perdida, que precisa ser purificada. - Ele brada apontando o dedo em riste para a bruxa. - É claro que está cheia de pecados
- Quem usa do mal para se beneficiar é a própria Igreja. - Ela avança furiosa na direção do Bispo, que dá alguns passos para trás arregalando os olhos pretos. As correntes que a prendiam esticam-se no limite fazendo-a, com o tranco, ser puxada para trás. - Vocês são uns hipócritas, piores que nós bruxos - desdenha a bruxa cuspindo no rosto do Sarcedote.
Domênico, em uma reação instintiva, dá um tapa no rosto de Freya, que o vira para o lado com o impacto sentindo sua bochecha direita arder e sua pele clara ficar avermelhada.
- Os bruxos são uma maldição neste mundo, que vamos exterminar. - Ele afasta-se. - E você bruxa insolente vai falar por bem ou por mal.
Freya não responde, apenas vira o rosto de volta para ele encarando-o com fúria. Sentindo seu sangue ferver, ela fecha os punhos cravando as unhas na palma de suas mãos deixando marcas avermelhadas.
- Levem-na para a Sala de Confissão - ordena o Bispo aos carrascos, que aguardavam parados perto da porta do lado de fora da cela.
O Reverendo retira-se da cela e afasta-se pelo corredor enquanto dois homens trajados com capas vermelho-sangue agarram Freya pelos braços e desprendem as correntes mantendo as algemas em volta dos pulsos dela. Eles a arrastam para fora da cela e pelo corredor estreito em penumbra até o final onde ficava a Sala de Confissão. A bruxa debatia-se tentando se soltar das mãos dos carrascos, que eram mais fortes.
Ao entrar na sala, Freya se depara com equipamentos de tortura. Ela apavora-se internamente sentindo seu estômago afundar de pânico, mas mantém-se calada e sem expressão, com olhar gélido para não demonstrar seu temor. Enquanto os carrascos obrigavam-na a se deitar em uma mesa de madeira rústica com farpas e prendiam-na pelos tornozelos e pulsos, um homem alto de cabelos castanhos ondulados vestido com túnica preta entra na sala e aproxima-se da mesa.
- Sou o Padre Bartolomeu. - Ele comunica tentando parecer gentil. - Você, mesmo sendo bruxa, deve ter um nome.
Freya apenas encara os olhos amendoados dele, furiosa.
YOU ARE READING
Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)
FantasyEm meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condenando-os a morte. É nesse cenário que vive Freya, uma bruxa que quando criança viu sua mãe ser executada na fogueira. Anos depois, ela mesma é...