Capítulo 09

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Tribunal do Santo Oficio



Freya sentia-se fraca e debilitada, por este motivo aceitava a sopa fria e sem gosto que lhe ofereciam dia sim e dia não. Aliás, ela já havia perdido a noção do tempo, não sabia dizer a quantos dias estava presa naquele lugar e nem se era de dia ou de noite, só sabia esperar pelo momento que viriam buscá-la de novo.


Além disso sentia-se imunda. As suas vestes eram as mesmas do dia em que chegara, exceto pelo seu manto marrom desbotado, que os carrascos haviam tomado dela. E por esta razão, ela sentia calafrios por todo o seu corpo, que tremia, constantemente, dentro daquela cela suja, úmida e escura. O Padre Gregório chegou a visitá-la mais uma vez para trocar o curativo de seu ferimento causado pela flecha do caçador.


A porta de ferro da cela se abre com estrondo e os homens de capa vermelho-sangue agarram a bruxa, desprendendo-a das correntes e levando-a, bruscamente, até a Sala de Confissão novamente. Dessa vez ela estava sem forças para oferecer resistência, então deixa-se ser arrastada sem alarde. Eles deitam-na em uma placa de metal, ao qual ela sente o corpo inteiro arrepiar ao tocar o material frio, amarrando-a com cordas grossas, pelos tornozelos e pulsos.


Enquanto os carrascos enrolavam as cordas, Freya mantinha os olhos fechados tentando se desligar daquele momento, mas ao ouvir a voz grave do Padre Bartolomeu, ela abre-os novamente e o encara com rancor.


- Está pronta para confessar, bruxa? - indaga o Padre parado de pé ao lado dela encarando-a de volta com seus olhos amendoados perversos.


- Vai tentar... me afogar...de novo? - ironiza ela, falando vagarosamente, por ainda sentir a garganta doer.


- Dessa vez não, querida Freya. - Ele responde cruelmente. - Quero testar até onde vai a sua resistência, principalmente, física.


Freya não responde e desvia o olhar do Padre.


- Podem puxar as cordas - ordena Bartolomeu aos carrascos, que manuseando as manivelas puxam as cordas em torno dos tornozelos e pulsos de Freya.


Ela cerra os olhos apertando-os e fazendo uma careta de dor.


- Podem puxar mais - ordena o Padre ao perceber a reação dela.


Os carrascos esticam ainda mais as cordas fazendo a bruxa soltar um grito. Freya sentia como se seus membros fossem se romper a qualquer momento e sua ferida, que ainda não estava, completamente, cicatrizada começa a ser repuxada fazendo-a sentir como se seu abdômen estivesse queimando em brasas.


- Podem parar - manda Bartolomeu olhando para Freya, que tinha lágrimas involuntárias escorrendo pela sua bochecha. - Está pronta para confessar?


- Não - sussurra ela abrindo os olhos.


O Padre com uma expressão de ódio no rosto afasta-se pegando um espeto de ferro e esquentando a ponta na tocha presa à parede da sala. Ele aproxima-se novamente de Freya e encosta a ponta fervente do espeto na perna da bruxa arrancando um gemido dolorido da garganta dela, que o sufoca mordendo os lábios.


Bartolomeu finca a ponta com mais força na pele dela deixando uma marca redonda de queimadura. Freya solta um berro agudo que ecoa pela sala.


- E agora está...


- Devia...me matar...logo - interrompe ela com a voz rouca.


O Padre a espeta novamente, mas na barriga bem no local do ferimento abrindo-o de novo e provocando o vazamento de pus e sangue. Depois também a espeta nos braços e no ombro esquerdo perto da marca de nascença dela.


- Está aqui a marca do diabo que você carrega, bruxa.


Freya apenas gritava de dor, de forma ensurdecedora, mas sem falar nada. O Padre a espetava em várias partes do corpo, até mesmo na bochecha. Ela sentia como se fosse desfalecer a qualquer momento, no entanto a bruxa ainda estava consciente e determinada a não falar absolutamente nada.

Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now