Capítulo 38

34 9 4
                                    

Castelo Forte dos Espinhos



- Vocês vão a algum lugar? - pergunta Freya entrando no estábulo com seu arco na mão e a aljava no ombro e vendo Dimitri e Adrian preparando os cavalos.


- O Rei resolveu promover uma caçada e nós fomos convidados - responde o cavaleiro ajeitando as rédeas do seu destriero cinza. - Apesar de esse não ser o meu esporte favorito, não dava para recusar um convite de Sua Graça.


- Bem, nós sabemos onde Beatrice está, mas para as demais pessoas, ela continua desaparecida e mesmo assim o Rei decide fazer uma caçada?


- Na verdade, a ideia do Rei é usar a caçada para distrair todos na Corte e abafar um pouco o burburinho sobre o desaparecimento de minha irmã e o casamento cancelado do Conde Ricardo, apesar dos cavaleiros continuarem as buscas por Beatrice pelo bosque e pelas cidades ao redor também.


- Agora eu entendi. - Ela vira-se para Adrian. - Você vai também?


- Não seria adequado recusar o convite do Rei, mas não estou muito feliz com isso, caçar não é mais para mim - responde ele puxando seu cavalo com pelagem negra para fora da baia.


- Você caçava pessoas e não animais.


Adrian apenas a encara com o semblante consternado.


Freya desvia o olhar engolindo em seco já arrependida pelas palavras ditas.


- Seria bom se você pudesse vir caçar conosco - diz Dimitri a Freya.


- Eu não queria ir mesmo. Só caçaria pela necessidade e jamais faria isso por diversão.


Eles terminam de ajeitar suas armas no coldre pendurado na cintura e sobem nos cavalos indo para o pátio ao encontro dos demais que iriam participar da caçada. Freya segue até o fundo do estábulo e começa seu treino do dia.



Henrique divide os participantes da caçada em vários grupos para se embrenharem pelo Bosque Real em busca de qualquer animal que pudesse ser abatido.


Eles estavam a horas no bosque caçando animais pequenos e tentando fazer armadilhas e emboscadas para animais maiores. O dia já estava findando e o pôr-do-sol pintava o céu em um tom alaranjado vibrante, quando o Rei e seu grupo escutam um rugido alto vindo por entre as árvores ao longe.


- Esse barulho está parecendo ser de um urso - comenta o Duque de Espirais.


O rugido ecoa pelo bosque novamente, mais perto.


- Com certeza é um urso - concorda o Conde.


- Então vamos pegá-lo - incita o Rei desembainhando sua espada.


- Nós já estamos cansados, Vossa Majestade - diz Hector -, não seria prudente tentar caçar um animal do tamanho de um urso agora, devemos voltar para o castelo.


- Esse urso será nossa última caça e nosso trunfo ao levarmos ele para o castelo.


Todos os homens descem de seus cavalos formando um círculo, um de costas para o outro, e com as espadas nas mãos apontando-as para frente. Vigiavam todos os lados para certificarem-se por qual direção o urso iria surgir. O rugido torna-se mais alto e parecia vir de todos os cantos do bosque, os homens permanecem em suas posições.


Um rugido alto e estridente ecoa pelo bosque fazendo os galhos das árvores balançarem e as folhagens no chão farfalharem. O urso de pelagem amarronzada surge no horizonte a frente do Conde Ricardo, que segurava sua espada com as mãos trêmulas e o suor escorrendo por sua testa pálida.


O animal ruge mais uma vez e dispara em direção ao grupo. O Conde, ao ver o urso aproximando-se depressa, esconde-se atrás de seus guardas que estavam ao seu lado. Eles são atingidos pelas garras do animal rasgando suas gargantas e arremessando seus corpos para longe. O grupo se espalha e outros guardas avançam sobre o urso fincando suas espadas no dorso dele, que, instintivamente, solta um bramido de dor e joga suas patas dianteiras para trás acertando as garras nos homens dilacerando seus rostos e pescoços.

Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now