Capítulo 4

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         Fernando estacionou a moto no pátio do clube

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         Fernando estacionou a moto no pátio do clube. O sol já estava se pondo e a movimentação já estava aumentando. Meus braços estavam cheios com bolsas. Cinco no total, minha pele com certeza ficaria marcada pelas alças. Ele desceu primeiro e pegou as sacolas. Com cuidado, sai da motocicleta. 

                 - Isso é porque disse que só iria fazer umas comprinhas - zombou caminhando na frente - Comprou o suficiente pra montar a sua própria loja

                 - Não começa, Fernando! - aviso tentando soar brava mas estava rindo

                 - Não começar? - inquiri me encarando sobre os ombros - Estou falando sério, você tem graves problemas de consumismo, precisa de ajuda - brada ranzinza

                 - Fala de mim como se não tivesse nenhum hábito não saudável - acuso - É um monge? - intimo divertida - Ou um padre? - continua - Deve ser muito evoluído espiritualmente ao ponto de não usufruir de bens materiais 

        Não ouço a sua risada, mas mesmo de costas vejo que está sorrindo. Chegamos próximo ao corredor e eu tomo a frente abrindo a porta. Fernando entra e deixa as coisas ali. Ao sair da uma conferida rápida no relógio.

                 - Ei! - chamo a sua atenção - Obrigada por ter feito isso - digo me sentindo bem ao saber que tenho alguém nesse lugar. Mas não admitiria em voz alta 

         Fernando não diz nada, permanece parado como uma estátua na minha frente. Com o seu perfume amadeirado e salgado. Com a sua presença potente. Com seu olhar intenso sobre mim que me faz querer todo tipo de coisa pecaminosa. 

       Desvio o olhar antes que acabe me envergonhando. De repente, o seu celular começa a tocar mas ele não pega de imediato.

                - É melhor atender, deve ser importante - aconselho e dou um sorriso culpado - Você não precisa perder mais tempo comigo 

        Ele não diz nada, apenas assente e atende o celular enquanto caminha para longe. Solto o ar com força e entro no quarto. Uma vez sozinha, me sinto perdida, um turbilhão de pensamentos indesejados começam a me alcançar. Uma aflição toma conta do meu peito mais rápido do que posso controlar.

       Apoio as costas na madeira da porta e levo minha mão direita ao peito. Essa era a parte ruim de ser uma pessoa que guarda os sentimentos. Você esconde tudo para se proteger, aos olhos do mundo se torna uma pessoa inabalável, mas lá dentro está uma verdadeira bagunça, e essa bagunça se evidencia quando se está a sós com você mesmo. Nessa hora não há como esconder e nem fugir.

        Não sou uma metida, rica e insensível como com certeza alguns pensam. Sinto as coisas. Eu sinto saudade da minha casa, meus tios superprotetores, minha melhor amiga carinhosa, minha irmãzinha tímida, meu cachorro brincalhão e até do meu pai cabeça dura e frio.

Intensidade (MC ABISMO  Livro 2)Where stories live. Discover now