Quase vidente

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Paolla

Assim que o Diogo sai da minha casa eu simplismente deixo meu corpo descer junto a porta e sento no chão pra chorar mais um pouquinho. Dentro de mim raiva,tristeza e decepção se misturam. Raiva porque esse maldito Mário que eu não faço ideia de quem seja só quer ferrar comigo. Tristeza porque eu queria abraçar e beijar meu namorado quando ele chegasse e aproveitar o restante do dia ao seu lado e decepção porque ele teve coragem de desconfiar de mim. 

Eu entendo que é muito confuso pra ele ler esses bilhetes e ver esses presentes porque é como se uma pulga estivesse sendo plantada atrás de sua orelha mas poxa,ele já me conhece o suficiente pra saber que eu jamais faria uma coisa dessas,ainda mais com ele. Meu choro só aumenta quando eu percebo que essa pessoa não vai parar de me infernizar e então o Diogo e eu não vamos parar de brigar. 

O que eu disse a ele sobre estar com medo é a mais pura verdade. Esse homem escreve como se nós tivéssemos um caso e é muito louco pensar que ele pode estar me espionando ou me seguindo. Tento respirar mais profundamente e minha cabeça começa a doer por causa do choro e então eu vejo a minha tia vindo na minha direção pra me amparar. 

- Oh meu amor,não fica assim não. - Ela diz sentando ao meu lado no chão me abraçando - Tudo vai se resolver entre vocês... 

- Ele desconfia de mim,tia. - Falo entre às lágrimas e ela as enxuga com carinho - Ele sabe que eu amo ele e ainda assim achou que eu pudesse estar traindo ele! 

- Ele tava com raiva,Caroline. - Ela fala o óbvio e coloca meu cabelo atrás da minha orelha - As pessoas dizem o que querem quando estão com raiva,cabe a você dar ouvidos ou não. 

- Me magoou ouvir as insinuações dele... 

- Eu sei, - Tia Biga encosta as costas na porta e me puxa mais pra seu corpo - Mas tenta se colocar no lugar dele,minha filha. Imagina você chegando na casa dele e recebendo um bilhete e um presente cheio de provocações como esses...o que você ia dizer?O que ia fazer? 

- Não sei,não faço ideia. - Digo totalmente sincera - Eu ia ficar puta mas ia tentar entender ele,sei lá. De certa forma eu saberia que ele me ama e que não teria coragem de me trair. Pelo menos era isso que eu queria que ele tivesse feito. 

- Mas ele não fez,ele tava com raiva e deixou as emoções dele falar mais alto e isso também é normal numa situação como a de vocês. - Minha tia argumenta séria e sei que ela tá tentando ser imparcial - O que pensa em fazer agora? 

- Evitar ele o máximo que puder e esperar ele vir me pedir desculpas. 

- Caroline...- Ela me repreende e reviro os olhos - O certo seria vocês dois sentarem e conversarem como dois adultos que são pra resolver essa questão. 

- Então ele que venha atrás de mim porque eu não saio do meu lugar! 

- Teimosa você,hein? - Ela fala com a cara de poucos amigos e dou de ombros - Você precisa dar um jeito de saber quem é essa pessoa desocupada,minha filha. Vai na delegacia ou contrata alguém pra investigar isso ou você não vai ter paz,não vai! 

- Eu vou fazer tudo isso, - Digo ficando de pé com a ajuda dela - Mas agora eu vou descansar,tô com dor de cabeça. 

- Vai lá,eu vou fazer um chá e já levo pra você. 

Assinto e subo as escadas parando no meio quando vejo o Bruttus correndo na minha direção. Pego ele em meus braços e subo com ele pro meu quarto. Deito na cama e fico fazendo um carinho nele enquanto ele relaxa mais um pouco. 

- Eu queria tanto seu pai aqui comigo,Bruttus. - Começo a falar com ele que nem liga pro que eu digo,ele só quer saber do carinho que eu tô fazendo nele - Ele passou três dias longe e quando chega ainda precisamos nos separar assim. 

A Flor e o Furacão🌺🌪Onde histórias criam vida. Descubra agora