Um novo olhar pra maternidade

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Paolla


- Toma esse chá aqui,amor. - Diogo me entrega uma xícara com um chazinho bem quente e eu tomo de uma vez desesperada pra que essa dor diminua pelo menos um pouco - Você acha que ela já vai nascer?

- A doutora Tânia pediu pra eu contar de quantos em quantos minutos a contração vem e...- Paro de falar porque sinto outra dor me atingir - Tá doendo muito e em pouquíssimo tempo de uma pra outra.

- Então eu vou ligar pra ela e dizer que estamos indo pra maternidade. - Ele fala indo pegar o celular e avisa a médica da nossa ida de emergência - Pronto. Eu vou te ajudar a ficar de pé e pedir pro Davi ir buscar as bolsas de vocês.

Assinto totalmente impossibilitada de falar alguma coisa e me levanto com certa dificuldade andando devagarinho recebendo a ajuda do Diogo a cada passo. No corredor nós paramos em frente ao quarto do meu filho do coração e o Diogo abre a porta chamando o nome dele com pressa:

- Davi,pega as bolsas da sua mãe e da sua irmã no quartinho dela,filho.

- Ela já vai nascer? - Davi pergunta dando um pulo da cama no chão e vem até nós tocando na minha barriga enorme com carinho - A bolsa já estourou,mãe?

- Ainda não mas eu tô sentindo muita mas muita dor,meu amor. - Falo respirando fundo porque outra dor me atinge em cheio - A vinda da sua irmã ao mundo com certeza não passa de hoje.

- Vai filho,vai lá pegar as bolsas. - Diogo apressa ele que sai correndo até o quarto da nossa pequena - Vamos amor,eu vou te ajudar a descer as escadas.

Com um passo de cada vez e o incentivo do meu marido finalmente desço a enorme escada da nossa casa e solto um suspiro de alívio quando chegamos na porta da sala. Davi vem correndo na nossa direção e saímos todos pro carro apressados. Já se passam das onze da noite mas mesmo assim o meu filho começa a ligar pra Ângela e pra tia Biga irem correndo pra maternidade também.

As dores que eu sinto só aumentam a cada minuto e chega a ser insuportável. Uso a técnica que a doutora Tânia me ensinou e respiro bem fundo várias e várias vezes mas dessa vez parece não adiantar,dessa vez está mais forte do que das outras vezes. Olho pro Diogo desesperada e ele não sabe o que fazer enquanto dirige e me olha apreensivo com medo da nossa filha resolver nascer antes da gente chegar no local mais adequado. Paramos no sinal e outra contração me invade me fazendo gritar.

- Ultrapassa esse sinal,Diogo! - Grito suando e chorando - Acelera ou você vai ter que fazer o parto da sua filha bem aqui!

- Eu tô fazendo o meu possível!

- Não,você não tá! - Grito de novo e não me julgue,eu não consigo pensar racionalmente com toda essa dor me consumindo - Pisa nesse acelerador homem,pelo amor de Deus!

Ele faz o que eu digo e mesmo assim a maternidade nunca parece estar perto de nós,parece que ela está se afastando cada vez mais. Tento mudar minha posição no banco do carro pra ver se a dor diminui e se torna mais suportável até que nós cheguemos mas não,nada faz com que as contrações parem e eu começo a gritar no carro a cada segundo que passa. Sinto minha bolsa estourar e o líquido desce pelas minhas pernas me fazendo gelar de medo. Fico em alerta e começo a pedir a Deus que a minha filha nasça bem,não importa se for nesse carro ou na maternidade.

- Vai nascer! - Eu grito porque meu corpo todo é impulsionado a empurrar minha pequena pra fora e eu sei que esse é o momento - Diogo...a nossa filha vai nascer!

- A gente já tá chegando! - Meu marido grita chorando em meio ao desespero e eu só sei fazer o mesmo - Aguenta mais um pouquinho,meu amor. Aguenta mais um pouquinho,minha filha!

A Flor e o Furacão🌺🌪Onde histórias criam vida. Descubra agora