Capítulo dois

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ARIZONA McGREGOR

Massageio meu pescoço enquanto processo as palavras do diretor da escola de Hunter. Mais uma briga em menos de um mês, parece que as idas frequentes a terapeuta não estão fazendo tanto efeito assim. York aperta minha coxa, para tentar me tranquilizar sobre essa situação, mas ele também não está tranquilo e acredito que nós dois estamos pensando na mesma coisa, que Hunter deve parar de jogar basquete e em consequência parar de conviver com crianças 4 anos mais velhas que ele. Porém, não é apenas isso, nós dois sabemos que essa agressividade excessiva de Hunter se deve ao fato dele não ter um pai.

– Isso nos preocupa muito, senhora McGregor – o diretor Thompson comunica e assinto, pois também me preocupa muito.

– Estamos tentando terapia – murmuro um pouco decepcionada com o fato disso não ter dado certo.

Fora seus amigos do basquete, Hunter vem sendo agressivo com outras crianças de um ano para cá. Ele se desenvolveu muito rápido, não apenas fisicamente, mas mentalmente também, não agindo de fato como uma criança de 6 anos. Tanto em vocabulário quanto em atitute, ele pensa como alguém que tem 10 anos, porque é com meninos de 10 anos que ele prática basquete todo dia durante a tarde. Não quero tirá-lo do esporte, mas talvez seja a única alternativa para que ele volte a ser uma criança calma.

– Diretor Thompson, Hunter me relatou que Jack falou coisas não muito legais sobre a Arizona e mesmo que seja totalmente contra a violência, meu sobrinho só queria defender a mãe – York tenta explicar, porém, nem eu e muito menos o diretor Thompson iremos cair nesse papo.

– Se fosse uma situação isolada, poderíamos lidar com isso de uma forma mais fácil, entretanto, esse tipo de situação está sendo muito frequente – sei quais serão suas próximas palavras e isso me deixa com o sentimento de que sou uma péssima mãe – se Hunter continuar assim, terei que convida-lo a se retirar do colégio.

Pelo canto do olho, percebo que York ficou atingindo com as palavras do diretor. Quando Ethan faleceu, York prometeu que criaria Hunter como um filho e que faria dessa criação a melhor possível. Porém, hoje vemos que não fizemos ao máximo e que há sequelas em meu filho que nunca saberemos como de fato cura-las. Talvez Ethan soubesse como agir agora.

– Claro, sei que já prometemos, mas iremos fazer de tudo para que isso não se repita mais – dou a minha palavra e o diretor reprime os lábios.

– Se houver mais uma briga envolvendo Hunter, terei que tomar essa providência – ele alerta e concordo com a cabeça, já planejando a conversa séria que terei com meu filho mais tarde.

– Entendemos completamente a sua posição – dou razão para ele, pois nesse caso, ele está sim, com a razão – Hunter irá mudar de comportamento.

– Eu espero, senhora McGregor – o diretor se levanta da cadeira e eu e York imitamos o gesto – Hunter é um bom menino, sei como a história de vocês é complicada, porém, tenho que pensar na integridade dos outros alunos.

– Claro, e novamente, pedimos desculpas pelo transtorno – aperto a mão que o senhor estendeu e respiro fundo – obrigada pelo tempo, diretor Thompson.

York faz o mesmo gesto e assim seguimos para fora da sala da direção, já viemos tantas vezes aqui durante o último ano, que acredito que às vezes York deve pensar que está novamente no ensino médio, quando ia quase todos os dias para a direção. Só que meu irmão não ia por conta de briga, mas sim porque dormia nas aulas ou iniciava um jogo de basquete durante a aula.

– Vou tirar ele do basquete – aviso e meu irmão mais velho abre a boca, mas a fecha em seguida – sei que é importante, só que não podemos continuar com essa situação.

Lucky loserTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon