Capítulo onze

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ZANE BRANDO

Uma xícara de café está em minha frente, o apartamento está em um silêncio surreal, não tem a voz de Cassidy, os programas de Lizzy não estão passando na televisão. É como se alguém tivesse morrido, bem, em partes alguém morreu, e agora o que mais quero é nunca mais entrar nesse apartamento. Combinei com minha irmã para vendermos o apartamento e comprarmos uma casa, pois ela sempre desejou morar em uma residência, com quintal e tudo. Com toda essa situação, acredito que seja a melhor solução, pois sei que minha irmã jamais conseguirá vir aqui novamente e muito menos dormir em seu quarto sem ter pesadelos.

Não sei como ela conseguiu seguir normalmente a vida após o que houve, Rachel teorizou que Lizzy deve ter barrado aquela noite em sua mente e que só conseguiu encarar a realidade quando fez o teste de gravidez de brincadeira. É inevitável não pensar em Cassidy e os motivos de ter exposto sua filha, para mim, ela amava Lizzy mais do que qualquer coisa no mundo, mais do que eu. Porém, a única coisa que Cassidy ama é ter alguém ao seu lado, mesmo que essa pessoa seja um mostro e violente sua filha dormindo, dentro da sua própria casa.

– Zane? – a voz do meu agente esportivo ecoa por todo apartamento, preenchendo cada canto dele.

– Você devia ter batido na porta, tio York – é um reflexo involuntário, mas sorrio ao escutar Hunter falando, que bom que York trouxe ele para cá, uma alma pura dará leveza para o ambiente.

Pego a xícara de café e saio da cozinha, encontrando os dois no hall de entrada. O pequeno está usando uma camisa regata do Altanta Hawks e um tênis Jordan, seu tio não está muito diferente, provavelmente os dois estavam jogando basquete juntos.

– Oi carinha – primeiro cumprimento o loirinho, que corre até mim e deixa um tapa em minha mão.

– Oi Zane tenista – em cima dos seus lábios tem um pequeno bigode de suor – isso é café? – confirmo com a cabeça e seus olhos se dirigem para York – tio, posso tomar?

– Você sabe que não pode tomar – o menino salta um "ah" e faz uma careta – como você está?

Péssimo. Estou com vontade de sumir do mundo.

– Sobrevivendo – é a única palavra descente que posso citar na frente de Hunter – obrigado por vir, quero sair desse imóvel o mais rápido possível.

Rachel veio aqui antes e já retirou todas as roupas e pertences mais pessoais da minha irmã. Irei terminar de empacotar as coisas e o resto poderá ser doado ou ser vendido junto com a casa. Desse local não quero levar nenhuma mobília, Lizzy precisa entrar em uma casa nova com tudo novo, como se fosse um recomeço para sua vida.

– Vou te mandar um portfólio com casas catalogadas em um condomínio fechado – perfeito, quanto mais seguro for, melhor será – vi também sobre segurança eletrônica, acho que é interessante você pesquisar um pouco sobre isso.

Guio os dois para a cozinha e York se serve com café, o pequeno parece um cachorrinho querendo um pedaço de carne na hora do almoço, porém, com café. Abro uma das portas dos armários da cozinha e pego uma lata de achocolatado, já na geladeira uma caixa de leite gelado. O menino começa a procurar um copo, como se morasse aqui, deixo ele nessa caça e volto minha atença para o moreno, que está com um olhar nada afetivo para mim. Ele não gostou do fato de estar saindo com Arizona, mas, ele não irá me abandonar.

Lucky loserWhere stories live. Discover now