Capítulo dezenove

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ZANE BRANDO

Flashes me cegam. Cliques são emitidos a todo vapor. Minha mão segura firme a cabeça de Lizzy para baixo, impedindo qualquer pessoa de tirar uma única foto de seu rosto. Minha expressão facial não está das melhores e se alguém ousar encostar em mim, juro que mando todos os conselhos do meu psicólogo para puta que pariu e bato nessa pessoa. Vozes gritam "quando o bebê irá nascer?", "vocês irão mandá-lo para adoção?", "vocês acham mesmo que ela se suicidou?", "é verdade que sua mãe matou o cara e depois se matou?".

Engulo um seco e passo reto por todos eles, meu olhar está fixo em York, que parece que não dormiu faz mais de semanas. Juntamente com uma equipe preparada para essa situação, somos encaminhados para um carro com vidro fumê. Nossas malas são rapidamente postas no bagageiro e em segundos o automóvel sai do lugar, indo para o condomínio onde moro.

– Sinto muito – é a primeira coisa que York diz.

– Que porra é essa? – grito e sinto os ossos de Lizzy tremerem – que merda, York!

– Foi um descuido – ele murmura e apenas o encaro friamente – você está fazendo uma ótima campanha e querem tirar o seu foco.

E conseguiram.

Abraço minha irmã mais nova, que está chorando baixinho. A viagem para Mônaco estava sendo incrível, visitamos vários locais históricos, Lizzy conseguiu tirar uma foto com Charles Leclerc, fiz um ótimo jogo nas quartas de finais e meu adversário para a semifinal não é muito difícil. Até diversos paparazzis e jornalistas cercaram o hotel, pedindo fotos de Lizzy e explicações sobre o abuso que ela sofreu e sobre a morte da minha mãe.

– Vamos mudar o caminho – informo para o motorista – vamos ir para a casa de Phil.

Passo certo o endereço do meu treinador e respiro fundo. É um pesadelo tudo isso.

– Zane, desculpa por tudo isso – tem receio na voz do meu agente – deveria ter sido mais cuidadoso com toda essa situação.

– Ainda bem que sabe – rebato áspero, não querendo mais conversar com ele.

O clima até a residência de Phil não é dos melhores. Elizabeth está muito mal, não para de chorar e se encolher no banco, ela jamais deveria estar passando por está exposição a nível mundial. Porque nos próximos dias, todas as revistas esportivas e de fofoca só irão falar de uma coisa: a irmã do tenista Zane Brando que foi estuprada dentro de casa e da mãe que se matou. É nesse momento que desejo nunca ter sido um atleta de alta performance.

– Nós vamos sair agora – aviso para Lizzy assim que o carro estaciona na frente da casa de Phil – não tem ninguém aqui e eu vou estar ao seu lado.

Minha irmã não diz nada, apenas assente com a cabeça e abre a porta do automóvel. Rachel já está na frente da porta, esperando nós dois. York tira nossas malas e andamos atrás de Lizzy, que está ansiosa para ficar dentro de um lugar que não possa ser fotografada contra sua vontade. Assim que todos entramos na casa, respiro mais aliviado e sem dizer nada, vou até o bar do meu treinador, enchendo um copo com uísque puro até o topo.

– O que iremos fazer? – pergunto sentando no sofá, ao lado de Lizzy, que coloca sua cabeça em meu ombro.

– Você vai ter que dar mais uma declaração – York comunica e Phil ri ironicamente – o que foi?

Lucky loserWhere stories live. Discover now