Capítulo trinta e cinco

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ZANE BRANDO

Daqui uma hora irei pisar dentro de uma quadra com piso de grama, para jogar o primeiro jogo da fase de classificação. Minha perna treme sem parar, Phil já repassou todas as nossas estratégias e quais são os pontos fracos do meu adversário. Contudo, ainda estou muito nervoso com tudo que envolve o campeonato, é a minha penúltima chance de ganhar algo importante da temporada. Tirando Wimbledon, tenho apenas o aberto dos Estados Unidos para ganhar um Grand Slam, com a consequência, vários pontos no ranking mundial. Talvez seja por isso que esteja nervoso demais para o jogo de hoje.

Encosto minha cabeça na parede, o silêncio do vestiário está ensurdecedor, o que alimenta ainda mais o meu nervosismo. Fecho meus olhos, escutando o som da minha respiração, a qual possui um ritmo normal. Tento imaginar os possíveis cenários da partida de hoje, e na maioria delas me imagino saindo como perdedor. Nunca fui de me auto sabotar antes dos meus jogos, porém, nos últimos tempos, após todos os meus fracassos em quadra, isso virou uma rotina.

Quando o sono toma conta do meu corpo, eu o vejo, com a mesma expressão facial de calma, com um sorriso amigável no rosto. Ethan caminha em minha direção, com passos lentos, o que me deixa mais aflito, venha logo, diga as mesmas palavras logo e faça com que eu acorde logo.

– Então é você o novo namorado dela – a frase me assombra como em todas as noites ao dormir.

Observo com cuidado como Ethan é. Seus cabelos loiros são lisos e em fios curtos, sua pele é branca, quase como um leite, ele é alto, como um jogador de basquete é, os ombros largos, evidenciando o seu porte de atleta. É como ver como será Hunter no futuro, pois ele já é uma cópia infantil de seu pai, ao crescer será novamente igual a ele e no mais tardar do futuro, ele mostrará para as pessoas como seria se Ethan tivesse vivido mais que os seus 17 anos.

– Sou – diferente dos outros dias, decido responder.

– Muito prazer, faz dias que estou vindo para te conhecer – o rapaz loiro estica a mão para mim.

Com um certo receio, estico o meu braço em sua direção, entrelaçando a mão dele com a minha. Eu pego em algo sólido, em algo real em minha imaginação. Ethan volta a sorrir para mim, como se eu fosse uma das melhores pessoas do mundo inteiro. Delicadamente retiro minha mão da dele, acabando o momento do cumprimento.

– Queria muito conhecer quem é o cara que fez ela voltar a viver – suas palavras me deixam com uma certa surpresa – vim falar para você, que quando ela chora e você não entende, não é com você, é coisa de nós dois.

– Eu sei – afirmo para uma pessoa que já morreu e está na minha frente – ela ama muito você.

– Faz ela me esquecer – franzo minhas sobrancelhas, não querendo raciocinar o que escutei – faz ela me esquecer, Zane.

– É impossível – sou realista com esse caso, pois Ari jamais conseguirá esquecer Ethan.

– Eu não suporto mais vê-la sofrer dessa forma, por favor, faça ela me esquecer – há dor em sua voz, como se não suportasse saber que Ari sofre dia após dia com sua ausência – Ari merece ser feliz, tire essa dor dela, faça com que ela me esqueça.

– Não tem como – explico para o loiro, que nega com a cabeça – ela vai lembrar de você durante todos os dias da vida dela.

– Tem como sim! Faça com que cada momento da vida dela seja tão feliz e especial, que não sobre tempo para lembrar de mim – é lindo a preocupação que ele tem com ela, os dois irão se amar por várias vidas – ela não pode mais sofrer dessa forma.

– Tentarei fazer isso, mesma que seja praticamente impossível – prometo para o rapaz, que suspira em alivio com a minha resposta.

– Obrigado, por várias coisas, por ser um pai para o meu filho e por amar a pessoa que mais amei na minha vida – ele coloca a mão no meu ombro, dando um leve aperto – não poderia existir alguém melhor para eles do que você.

Lucky loserWhere stories live. Discover now