Capítulo nove

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ZANE BRANDO

O saque é o ponto inicial para o começo do rally, começa sacando o jogador que tirou a sorte no cara ou coroa, e ele fica sacando até o final do game. Normalmente, usamos quatro tipos de saques, slice serve, kick serve, flat service e o saque por baixo. Alternar eles no game é uma vantagem, quanto mais rápido fizer 4 pontos, mais rápido ganha o game e consequentemente o set. É por isso que agora estou praticando os diferentes tipos de saques com Phil, então, jogo a bola verde para o alto, praticando o flat, que consiste em ser um saque que a bola fará uma trajetória mais reta e com alta velocidade.

Esse, como muitos jornalistas dizem, é o saque que tenho mais especialidade, é um mais arriscado, porém goste dele, principalmente pelo quesito velocidade. A bola quica no chão do lado direito da quadra, já Phil está sentado na lateral da mesma, analisando como está a execução do movimento e se estou colocando toda minha força nele.

– Estica mais o braço – ele grita para mim.

Pego mais uma bola no cesto e repito o movimento, dessa vez, esticando mais o braço. Quando ela se junta as outras bolas no outro lado da rede, encaro novamente Phil, que agora está de pé e andando em minha direção. Ele faz sinal para eu repetir e faço tudo novamente, dessa vez com o olhar minucioso do meu treinador. Faço e refaço dezenas de vezes o flat, até estar como Phil deseja.

– Agora sim, está perfeito – Phil anuncia e de tanta dor no braço, deixo minha raquete cair na quadra.

– O primeiro já estava perfeito – murmuro e imitando minha raquete, caio cansado na quadra.

Treinamos a manhã inteira e o sol quente do meio-dia já começa a queimar minha pele. Phil chuta a lateral do meu corpo e gemo de dor, porque ele tem muita força e poderia facilmente quebrar uma costela minha. Meu treinador faz apenas um sinal com a cabeça para olhar o lado de fora da quadra. Abro um pequeno sorriso ao ver Arizona caminhando em nossa direção. Invés de eu me levantar, Phil se abaixa ao meu lado e encaro profundamente meus olhos.

– Você vai perder o York se metendo com a irmã dele – ele afirma e engulo um seco – escute o que estou falando, você vai perder o único agente que aceitou você e está movendo céus e terras pela sua carreira por uma mulher – Phil avisa novamente o que já havia falado dias atrás.

– Ela não é qualquer mulher – rebato ácido e agora sou eu quem encaro seus olhos – e se estou disposto a correr esse risco, você já deveria ter entendido que para mim, ela é diferente.

– Zane, pense bem – ele me aconselha e se levanta – vejo você no final da tarde.

Meu treinador recolhe suas coisas e vai embora, cumprimentando Arizona com um sorriso falso. Entendo Phil, ele sabe melhor do que qualquer um quão importante é minha carreira e quer protegê-la de qualquer forma. E nesse momento, protegê-la é ter York ao meu lado. Só que ela é diferente... e sim, não teremos nada sério, pois Arizona não está pronta para isso, mas se para tê-la como companhia, assumo o risco de York ficar bravo comigo.

– Vida difícil? – a mulher para na minha frente, tampando o sol que estava banhando meu corpo.

– Muito – brinco e apoio meus cotovelos no chão da quadra, deixando meu troco mais elevado – esse aqui é o lugar que me sinto em casa – conto, queria muito que ela viesse na quadra.

– Não precisa ser muito inteligente para saber disso – ela ironiza e se senta ao meu lado – é em todas as quadras ou só nessa?

Lucky loserWhere stories live. Discover now