Capítulo trinta e dois

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ARIZONA McGREGOR

O café esfriou faz tempo, York está em silêncio, processando o que contei. Meus dedos batem levemente na borda da mesa da cafeteria, ansiosa para saber a reação de fato dele. Se foi um misto de conflitos para mim, imagina para York saber que a única aparição detalhista de Ethan foi em um sonho de Zane. O que se passa em sua mente nesse momento é o mesmo que se passou na minha após meu namorado acordar gritando, por que Ethan nunca apareceu dessa forma para mim? E por que para o Zane?

– É bobeira, eu sei, mas... – não termino a frase, porque meu irmão assente com a cabeça.

– Foi um sonho realista demais e nós gostaríamos de ter tido um sonho assim também – agora é minha vez de assentir – o que mais ele falou?

– Nada, apenas "então é você o novo namorado dela" – suspiro e pego o café frio, tomando quase tudo em um gole só – daí o Zane acordou gritando.

– Provavelmente é alguma insegurança dele ganhando imaginação – pois é, eu também pensei nisso – eu nunca sonhei assim com ele.

– Nem eu – claro que já sonhei, mas eram imaginações guiadas, com cenas do nosso passado se mesclando com um futuro irreal – foi uma frase positiva, né?

– Não sei, a interpretação é sua – e York volta para a defensiva – deve ter sido.

Deixo um suspiro escapar e York pega minha mão, apertando-a forte.

– Foi positiva e isso é um sinal para que você continue vivendo com o Zane – os olhos de meu irmão se fixam em mim – pode ser uma loucura, mas talvez tenha sido uma forma do Ethan dizer que apoia tudo isso.

– Obrigada – coloco minha outra mão em cima das nossas, sentindo que após um tempo, tenho meu irmão de volta.

– Você é minha irmã e bem, a mamãe fez eu entender algumas coisas – uma risada sem graça escapa de sua boca – eu quero muito que você seja feliz, mesmo que não seja com o Ethan.

Sei que deve ser duro dizer isso em voz alta, e fico grata por York estar mudando sobre tudo isso, porque ele é o meu irmão, meu melhor amigo, e toda essa nossa briga me fez muito mal. Engulo algumas lágrimas, indo abraçar forte o moreno, os últimos anos não foram nem um pouco fácil para nenhum de nós, por isso merecemos calmaria após tanto tempo de tempestade.

– Fui um péssimo irmão e me sinto muito culpado – nego com a cabeça, ele estava no direito dele de viver seus sentimentos – eu só o queria aqui conosco.

– Eu também – por mais que eu ame muito Zane, eu daria tudo e mais um pouco para ter Ethan aqui – mas nós estamos aqui, e temos que viver tudo que ele foi impedido de viver.

– É difícil – deixo um beijo na bochecha do meu irmão.

– Mas é necessário – afirmo com a voz segura – nós não temos mais 17 anos, os anos passaram e não podemos viver nesse passado, por mais que seja confortável.

– Eu queria poder vê-lo pela última vez fora de uma cama de hospital – é York, esse sempre foi meu maior sonho – mas tudo bem, pelo menos nós o conhecemos.

As lágrimas que segurei antes descem, sim, pelo menos isso. Como teria sido nossas vidas se a família de Ethan nunca tivesse se mudado para a casa ao lado da nossa? Mais uma resposta que entra no pote das que nunca saberei. Tudo sobre Ethan e nossas vidas alternativas entram nele, porque não podemos saber como seria as coisas se nunca as vivemos, entretanto, nós sabemos o que vivemos e hoje, eu sei quem eu amo e quem quero passar o resto dos meus dias ao lado.

– Eu vou ir morar com o Zane – conto o que decidi hoje de madrugada, após dormir agarrada com meu namorado – talvez seja uma decisão meio imprudente, porém, Hunter precisa de uma vida familiar, de um cotidiano igual tivemos em nossa infância.

Lucky loserWhere stories live. Discover now