Capítulo cinco

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ZANE BRANDO

Amasso a garrafinha de plástico que estava vazia, encaro novamente o relógio no meu pulso, York está atrasado, muito atrasado. O jornalista do Atlanta Sport Times está preparando o ambiente para minha entrevista. Duas cadeiras estão posicionadas no meio da quadra de tênis e um pequeno estúdio atrás para fazer uma gravação de qualidade. Meu agente achou que é muito bom dar uma entrevista antes de voltar a jogar, para que até lá tenha esfriado a polêmica da bola no rosto de Cameron. Organizamos respostas prontas durante a semana e como iria me vestir. Só não tínhamos combinado que York iria se atrasar.

– Relaxa – Phil cochicha no meu ouvido e aperta meu ombro – você sabe o que deve falar.

– Mesmo que essa entrevista dê errado, não importa, o que importa é ganhar o campeonato, com ou sem ajuda da torcida – digo entre os dentes, pois nenhum deles irá entrar no campo por mim – cadê o York?

Giro minha cabeça em todas as direções, com o objetivo de encontrar meu agente, mas falho em todos os lugares que olho. Minhas mãos começam a suar e constato o quão horrível é dar entrevista. Se fosse apenas uma entrevista que seria transcrita para um jornal ou revista, mas não, agora com as modernidades do mundo, eles lançam a entrevista gravada também, como um complemento para a leitura no site online. Coço minha nuca e respiro fundo, passando cada frase em minha cabeça, mas tenho certeza que irei gaguejar em algo momento.

– Senhor Brando, precisamos colocar o ponto em você – uma moça da equipe vem até mim e Phil, tem grandes fones de ouvido em sua cabeça e pela forma como fala, parece estar cansada de repetir a mesma frase todo dia.

– Ok – murmuro e ela balança a cabeça para segui-la.

Enquanto colocam o ponto do microfone em mim, meu olhar fica voltando para a entrada da quadra, na esperança de ver York chegando. Phil leva algumas coisas para mim, entretanto, de tão nervoso que estou, não consigo entender nada, parece que meus ouvidos entram em outra órbita e tudo que consigo ouvir é um chiado. Carlson Albert é quem irá me entrevistar, um jornalista de opinião neutra sobre os assuntos esportivos e apenas expôs o que houve. York foi espetacular em conseguir essa entrevista com Carlson.

Sou guiado para a cadeira que designaram para o entrevistado, então me ajeito nela e coloco o microfone como me instruíram. Carlson se senta ao meu lado e estica a mão para mim, com a boa educação que tenho, aperto sua mão e murmuro uma boa tarde para ele. Os últimos toques nas luzes artificiais são feitas e então começa a contagem regressiva para a filmagem. Quando estão chegando no 1, vejo York correndo em nossa direção e atrás dele está a mulher mais linda do mundo, Arizona. Puta que pariu, York, por que trouxe ela justo hoje?

– Zane Brando conheceu a ascensão do tênis mundial aos 17 anos – Carlson começa a fazer uma introdução da minha carreira, focando seu olhar para a câmera – e agora, aos seus 24 anos, está vivendo a primeira crise de sua carreira.

Uau, isso doeu muito. Engulo um seco e encaro a câmera, atrás dela estão York, Phil e Arizona. Meu Deus! Essa mulher é linda de mais. Ela sorri de canto para mim e não sei se vou chegar vivo até o final dessa entrevista.

– Vamos começar com a pergunta que todos desejam saber: o que levou a você rebater uma bola de tênis no rosto do seu agente esportivo? – Carlson é sem rodeios e sinto um amargor na minha boca.

– Cameron Wyatt foi quem me descobriu – começo com a voz um pouco rouca, encaro Phil, que com seus olhos paternais, me encoraja a continuar – tivemos um relacionamento e como qualquer um, tivemos conflitos, mas isso não vem ao caso, pois é algo pessoal nosso. Cameron sempre foi um bom homem e devo tudo o que sou hoje a ele, o que houve, posso afirmar para você, que não consigo explicar, foi um misto de raiva pelo jogo perdido, a cobrança para ganhar e isso desencadeou em um excesso de raiva.

Lucky loserWhere stories live. Discover now