Capítulo quinze

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ZANE BRANDO

A chuva cai forte no lado de fora, encaro o teto do meu quarto, sem conseguir dormir direito. Sinto uma dor em meu ombro e fecho meus olhos, pedindo para qualquer divindade suprema não deixar que essa dor se desenvolva para uma lesão. Daqui a 9 dias embarco para Miami para competir o aberto de Miami, e necessito estar na minha melhor versão. Meu objetivo nem é terminar o ano no top 5 melhores jogadores, mas sim disputar os Grand Slam e ganhar pelo menos um, para assim poder disputar o Golden Slam. Um suspiro escapa dos meus lábios quando um raio corta o céu e ilumina meu quarto inteiro. Vai demorar para eu conseguir dormir aqui, já estava acostumado com meu antigo quarto.

Meus pensamentos viajam para Arizona e seu filho, os dois foram aos poucos conquistando um espaço gigante no meu coração e apenas de pensar neles, abro um sorriso involuntário. O Zane Brando de pelo menos três meses atrás, que tinha um super ego inflamado, jamais iria viver esse sentimento, e hoje, sabendo como é bom gostar de alguém, sinto muita pena do antigo Zane. Porque, é tão bom gostar de alguém, ficar ansioso por uma simples mensagem dizendo "oi" ou ir aos céus com apenas um toque. E Ari faz isso comigo.

Quando mais um raio corta o céu, ouço um grito vindo do quarto de Lizzy e em segundos passos apressados correrem pela casa inteira, vindo na direção do meu quarto. A porta é aberta pela loira, que está um pouco assustada e inconscientemente volto para nossa infância, quando ela, com medo dos raios e trovões, chorava as tempestades inteiras. Mas, Elizabeth não é mais uma criança, infelizmente.

– Posso dormir aqui? – Lizzy pergunta já entrando do meu aposento.

– Tenho escolha? – ela nega com a cabeça e assinto – pode.

A loira deita na outra ponta da cama, deixando seus pés perto da minha cara. Era assim que dormíamos quando éramos menores, mas não era em um colchão king, e sim em um colchão de solteiro menor que o normal e muito fino, que fazia nós sentirmos o chão. Nunca perguntei se ela lembra dessa época e espero que não, pois não são memórias boas.

– A chuva não está deixando você dormir? – ela me pergunta depois de um certo tempo em silêncio.

– Não, só estou sem sono – murmuro, ainda com os meus olhos fixos no teto – e você?

– Mais o menos, tenho muitos pensamentos rodando minha cabeça e os raios não estão colaborando – sua resposta tem lógica – eu estava pensando... quero visitar o meu pai.

Isso me deixa um pouco surpreso, sabia pela nossa mãe que Lizzy mantinha contato com seu pai, meu antigo padrasto, que está preso por tráfico de drogas, através de cartas. Mas a entendo um pouco, por mais que nos consideramos família um do outro, a única pessoa que possui o mesmo sangue que ela, é seu pai.

– Tudo bem, vou ver se tem horário para irmos visitar ele hoje de manhã – concordo, pois, tudo que a menina quiser no momento, eu irei fazer – faz muitos anos que não vemos ele.

– É, eu sinto um pouco de saudade dele – devo imaginar – e da mamãe também.

– Eu também sinto falta dela – murmuro, mas da mesma forma que sinto falta, sinto ódio e raiva – ela vai precisar pagar por ter apoiado o que aconteceu com você.

– Isso se um dia a polícia acharem eles – eu tenho fé no poder policial do estado para isso – gostaria de entender o porquê dela não ter me ajudado.

– Cassidy ama mais ter alguém ao seu lado do que seus filhos.

– Pode ser – Lizzy murmura e suspira – eu nem sou filha de verdade dela.

– Ela amou mais você do que eu – afirmo e ela não me contraria, porque sabe que é a realidade – você tem curiosidade em saber quem é sua mãe de verdade?

Lucky loserWhere stories live. Discover now