Capítulo vinte e nove

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ZANE BRANDO

Enrolo as pontas do cadarço e coloco dentro do tênis, uma tática para ele não se desamarrar durante o jogo. É inevitável o nervosismo, porque é uma quarta de final do Roland Garros. Faço o mesmo procedimento com o outro cadarço, me concentrando no que Phil falou antes de ir para os Estados Unidos, por conta de uma suposta pneumonia de Alex, que já descobriram que não é nada grave. E agora me encontrar sozinho em Paris, com dezenas de repórteres em cima de mim, porque novamente estou em uma quarta de final de uma Grand Slam, e todos querem saber se farei a mesma coisa que fiz na Austrália.

Queria que Arizona e Hunter estivessem aqui. Massageio a minha nuca, pensando em todos os pontos positivos de que perder essa partida, e o maior deles, estarei indo ver mais rápido minha namorada e meu enteado. Por outro lado, perder a partida irá assinar meu fracasso em torneiros do tipo Grand Slam. Respiro fundo, concentrando meus pensamentos em coisas boas. Voltarei para casa com um troféu em meus braços, comemorando uma vitória linda na cidade do amor.

Quando ergo minha cabeça para cima, encontro um moreno alto em minha frente, com as mãos nos bolsos de uma calça social. Franzo as sobrancelhas para York, sem saber os motivos dele estar aqui. As últimas informações que soube dele não foram boas.

– Sou profissional – York não me diz "oi", apenas fala isso – e como agente, tenho que estar com você nesse momento.

– Obrigado – murmuro meio sem jeito.

Ele apenas faz um movimento com a cabeça, aceitando minha palavra. Respiro fundo e me levanto do banco, pegando minha raquete favorita e desejando muitas bençãos. Conforme vou andando pelo corredor de saída do vestiário, penso em todas as partidas de tênis que já disputei minha vida inteira e como essa será uma das mais decisivas.

– Detone ele — York murmura em meu ouvido e deixa um pequeno tapa em meu ombro.

Ele passa por mim, indo na frente, para poder se acomodar melhor na parte do treinador. Meu adversário é chamado primeiro, ele é um dos favoritos para ganhar o Grand Slam, já eu, bem, por mais que minha campanha vem sendo boa, não diria que os especialistas me consideram como um grande nome nesse torneio, não depois do que aconteceu na Austrália e em Wimbledon no ano passado. Quando piso na quadra, não me sinto confiante, então encaro isso como o primeiro sinal da minha futura derrota.

E depois de mais de duas horas de jogo, quando a bola, rebatida pelo meu adversário cai dentro da minha quadra, sinalizando sua vitória, o público inteiro fica em silêncio, esperando o que Zane Brando fará. Se fosse tempos atrás, eu pegaria a bola verde e fingiria rebater no rosto de York, contudo, hoje já não temos a relação de brincadeira que um dia tivemos. Então, faço o tradicional, vou até à rede e comprimento meu adversário, parabenizando pela excelente partida e desejando boa sorte para a próxima etapa.

– Pelo menos vou voltar mais cedo para minha casa – forço um sorriso para York, tentando esconder a raiva que nasce dentro de mim.

– É – ele apenas concorda e fico grato por isso.

Sigo sozinho para o vestiário, repassando cada lance em minha mente, eu poderia ter ganho essa partida. Um pequeno bufo escapa dos meus lábios e tenho uma gigantesca vontade de gritar, só que não faço isso, porque agora sou um homem que controla sua raiva após perder um jogo. Massageio minha nuca, ao mesmo tempo que vou descendo o shorts que estou usando, preciso de um banho, não apenas para retirar o odor fétido de mim, mas para relaxar os meus nervos e musculatura.

Lucky loserOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz