Capítulo três

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ZANE BRANDO

Rebato a bola com estilo backhand em direção ao campo adversário. Phil saca mais uma bola e agora vou de forehand, intercalando às duas rebatidas conforme vou recebendo as bolas. O sol do meio-dia queima minha pele, mesmo usando uma camisa térmica e sinto uma trilha de suor escorrer pelas minhas costas. Porém, eu preciso treinar o máximo que posso para voltar no aberto do México com toda minha força, para quem sabe ganhar o campeonato e subir no ranking. Vai ser difícil, principalmente porque ainda não estou 100% na melhor forma. Obtive uma lesão no tornozelo logo após o final da temporada e ainda não me sinto muito confiante com ele.

– Isso Zane, está pegando o ritmo – Phil grita e um sorriso presunçoso estampa o meu rosto, é lógico que estou pegando o ritmo das coisas.

Conforme vou rebatendo as bolas, a energia vital que o tênis tem sobre mim volta, e eu me sinto vivo, como não me sentia fazia dias. Eu preciso jogar tênis tanto quanto preciso de oxigênio, porque sem isso aqui, Zane Brando não é ninguém. Então meu tornozelo dói, tento manter a postura, só que fica cada vez mais dolorido e quando percebo, estou caindo na quadra, com o meu tornozelo latejando de dor.

– Merda! – esbravejo, por que essa porra de tornozelo não melhora logo?

– Zane, você sabe como recuperações são complicadas, fica calmo – Phil tenta contornar a situação, mas isso apenas piora tudo – o treino foi intenso hoje, vai tomar um banho e descansa.

– E se eu não estiver bem para o aberto do México? – indago meu maior medo, Phil encara os meus olhos e como alguém que me conhece muito bem, diz às palavras que preciso ouvir.

– Você vai estar, Brando.

E estarei, porque Phil me fará estar bem. Ele estica a mão para mim e dando um impulso, vou para cima, forçando meu tornozelo a aguentar o meu peso corporal. Seguimos juntos para a parte coberta da área de treinamento e pegamos as típicas toalhas brancas que ficam disponíveis, como se combinássemos os passos, secamos os próprios rostos e bebemos água como se não houvesse o amanhã.

– Vou conversar com o York hoje de tarde – comento e Phil assente sem jeito, ele não gostou do que houve com Cameron, porém, ele foi a única pessoa que me entendeu.

– Ele é bom, daqui a uns anos será o agente esportivo mais desejado pelo alto escalão – ele está certo, York se entrega de corpo e alma para cada atleta.

Sei disso porque ele mandou um guarda-roupa totalmente novo para mim, apenas com roupas claras que irão melhorar minha imagem. Também me marcou terapeuta, e eu espero que não seja a mesma do pequeno terrorista Hunter, porque parece que não está fazendo efeito naquela criança. Mas enfim, York está movendo céus e terras para melhorar minha imagem e também minha saúde mental, e isso conta muito.

– O problema é que ele não é o Cam – Phil murmura e concordo, Cameron conhecia cada mania minha e sabia lidar com isso, ou pelo menos, fingia saber.

– Vamos nos acostumar com ele – garanto e deposito um tapinha em seu ombro – como foi a apresentação da Alex?

– Incrível, quer ver o vídeo que gravei? – assinto animado e em questão de segundos, Phil já está com o vídeo da apresentação de ballet da sua filha de 4 anos rodando no celular.

Phil tem uma família incrível, uma mulher amorosa e três filhos inteligentes e bem criados. Os finais de semana que passo na casa deles, sinto uma pontada de inveja por essas coisas que jamais poderei ter. Então vou para um hotel, ligo para uma das várias mulheres que mantenho relação apenas em estilo de contato físico e essa pontada de inveja passa, porque em meio a sexo, não tem como pensar nessas coisas.

Lucky loserWhere stories live. Discover now