Cabaré (G!P)

Cap 17

CAMILA CABELLO

Entrei no salão da boate para mais um dia de trabalho, sabendo que a essa hora meus filhos já dormiam feito anjo com uma babá que estava sendo muito bem paga para qualquer emergência, estar presente.

Lauren havia saído de casa a 3 dias. Como de madrugada meus filhos dormem bastante e não tem problemas de insônia, a preferência por trabalhar até o último segundo, havia sido melhor. Assim eu não ficava acordada andando de um lado para o outro em meu quarto, pensativa sobre tudo, atormentando mais a minha mente.

Eu não dormia direito a 3 dias. Havia extravasado o primeiro dia em lágrimas, para dispensar a dor o máximo que desse.

Meu sentia meu olhar morto, a dor no coração e a irritação comigo mesma. Me livrar de pessoas a qual não faziam significado em minha vida, como amar, era fácil. Agora eu entender alguém que amo, fazer tanto comigo, estava sendo.. devastador.

Estava fumando bastante, o costume era apenas 1 ao mês, no máximo, para evitar o vício, cheiro em mim que eu não gostava, e também pra que não fosse algo frequente ao ver dos meus filhos. Mais o nervoso, a ansiedade, estava me acalmando apenas quando colocava um cigarro entre os lábios.

-Está doendo alguma coisa aí dentro?-Ouvi a voz conhecida de jack soar, olhei para o lado vendo o homem sentar comigo. E brindar a cerveja dele a minha taça que continuava imóvel em minha mão.

-Bastante.-Resolvi ser sincera. Ele assentiu parecendo processar a minha palavra.-Ter tanta responsabilidade, as vezes nós carrega demais mesmo.

-Uma vez vi sua esposa com o filho no carro lá fora, faz tempo. Tem apenas um?-Ele perguntou curioso, dei de ombros não vendo maldade em seus questionamentos.

-Tenho dois. Uma menina mais velha também.-Falei, ele sorriu de forma verdadeira. Pela primeira vez na vida, não via o homem com a maldade constante de me querer de forma maliciosa.

-Eles devem parecer muito com você.-Ele falou, assenti concordando com aquilo, por mais que Isabella não tivesse nascido de mim, ela tinha todo meu jeito, talvez pelos aprendizados e costumes.-Quantos anos você tem,Camila?

-Estou na escada dos 30. Para evitar falar a idade exata.-Brinquei sorrindo, vendo ele assentir. -E você ?

-36.-Ele falou revirando os olhos, sorri.-Não tenho muitos problemas com minha idade.. as vezes as novinhas gostam de homens mais velhos.

-Bem, eu devo concordar.. -Falei sorrindo.-Eu também não tenho problema com a minha idade, pelo contrário.. a cada ano que faço aniversário, me sinto bem em ver meus progressos.

-Você tem um sucesso nas mãos Camila, meus parabéns pelo seu trabalho.-Ele falou admirado, pisquei algumas vezes agradecida por suas palavras.-Pretende um dia se aposentar?

-Com certeza.. quero parar daqui a poucos anos e apenas descansar, viajar um pouco, me sentir em paz.-Falei suspirando.-E aí se a vontade da minha filha for essa, isso aqui será tudo dela.

-E se ela não quiser?-Ele perguntou curioso.

-Se ela não quiser.. talvez eu feche, talvez eu venda.. -Falei pensativa do quanto essa hipótese me doía.

-Não há mais ninguém além de sua filha?-Ele perguntou surpreso. Neguei.

-Não. Se não for dela, não será de mais ninguém.-Falei, ele assentiu compreendendo.

-Duvido muito que ela não queira, deve ter seu jeito. Fora que isso aqui é ótimo..-Ele falou, assenti.

-Também acho que ela gostaria. Ela tem muito interesse em fazer parte do meu dia. Porém, ainda muito nova pra isso, não quero que ela cresça da maneira que eu cresci.. me orgulho de mim mesma e do trabalho que minha tia teve, mais sei que conheci algumas coisas nova demais.-Falei com um sorriso, ele ergueu a sobrancelha e logo soltou uma risada.

-Queria eu, ter te conhecido quando assumiu isso aqui.. -Ele falou com o olhar perdido em mim, me fazendo sentir uma leve vergonha. Engoli em seco percebendo que eu estava mais bêbada do que eu gostaria. -Não pense que eu sou um pervertido, Camila.. amaria ter você, nunca me interessei tanto por uma mulher assim.. mais saiba que também seria um ótimo amigo.

-Não há realmente possibilidades de nada, jack. Mais você parece ser uma boa pessoa.-Falei pressionando os lábios notando seu olhar em minha boca.

-Eu não ganho sequer um beijo? Apenas para me confirmar que você é extremamente boa até nos mínimos ?-Ele perguntou interessado. Suspirei.

-Eu amo minha esposa, Jack. E por mais que agora ela não mereça o meu respeito, eu honro com a minha palavra e com tudo que um dia eu prometi. Se eu fosse a sua esposa, acredite.. eu te respeitaria da mesma maneira..-Falei tocando em sua mão, sendo simpática.-Também sou uma boa amiga com quem eu quero, Jack.. mais irei te pedir uma última vez, tudo bem? Melhor que deixe seus interesses de lado.. para que não estrague uma boa relação. Sou casada e por mim, isso não irá mudar. Tudo bem?

-Tudo bem. Foi apenas uma última tentativa.-Ele falou dando um beijo em minha mão e logo a soltando.-Gostaria de uma bebida ?

-Estou bem assim.-Falei, ele assentiu logo informando que ia ao banheiro. Apenas confirmei e olhei para Dinah que se aproximava com um sorriso.

-Pensei que ia ter que te socorrer.-Dinah falou, sorri dando de ombros.-Você realmente mudou Camila.. continua a grande chefe gostosa e cheia de si.. mais mudou.

-Ele é um homem gato, Dinah. Vamos concordar.. em outros tempos, eu já estaria no meu quarto com esse homem.. mais eu não sou assim.. eu olho para essas paredes, lembro que Lauren refez uma boate pra mim depois daquele acidente.. ela me devolveu tudo que era importante a minha vida, me deu uma família, mudou minha concepção de vida, de amor.. eu não serei como ela, não irei agir contra mim mesma..-Falei assentindo enquanto falava as palavras , confirmando elas em mim mesma.-Só que.. isso tudo, está me matando. Está acabando comigo.. eu não sei até quando eu irei aguentar isso.

-Acho que você já bebeu de mais.. fumou demais.. né melhor ir tomar um banho? Eu cuido por aqui.-Dinah sugeriu preocupada, suspirei concordando. Logo me levantando, beijando seu rosto e indo até a escada da minha sala, logo subindo e abrindo a porta.

Quando abri a porta da minha sala e fechei, ergui o olhar, me assustando ao ver Lauren ali, ela estava de costas, com o quadro com a foto de nossa família na mão, olhando para a foto.

Ela pareceu ter percebido minha presença, se virou depois de colocar o quadro no lugar e me encarou, logo descendo o olhar pelo meu corpo. Notei seus olhos avermelhados, as bochechas mais rosadas, ela parecia ter chorado.

Senti meu coração acelerado, me aproximando em silêncio conforme via ela vindo em minha direção. E eu não privei sua atitude, senti ela beijar minha boca e eu entreabri os lábios, dando passagem ao seu beijo. Aproveitando daquilo, pois eu estava louca de saudade, sentindo sua mão em minha cintura, apertando e colando mais meu corpo ao seu.

-A verdade..-Ela falou de olhos fechados quando afastou sua boca da minha, a testa encostada a minha e a respiração descompensada. Ainda com seu corpo colado ao meu, suspirei ouvindo ela falar.-Mark era pai de Emilly também, Camila.. ela era irmã de Shawn, seu falecido irmão.. e eu sabia disso, esse tempo todo.