I Dreamed a Dream

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— Foi uma péssima ideia. — É a primeira coisa que eu digo quando chegamos à frente do Opera House no dia seguinte.

— Ah, relaxa criança. — Poliana, ao contrário de mim, está animadíssima. — É só se misturar.

Ela sai andando em direção à construção grande e antiga onde um letreiro pisca os dizeres: One Direction – show acústico, HOJE às 11h.

— Não dá pra se misturar aqui — eu resmungo a seguindo. — Olha essas pessoas!

Tinha pensado que por ser um show acústico as coisas não estariam tão insalubres, mas me enganei. A rua do Opera House está lotada. O trânsito teve que ser fechado para nenhuma das fãs, que gritam e choram sem parar, fossem atropeladas. Imagino que a maioria não tenha ingresso e só esteja com esperança de um milagre acontecer. Milagre do tipo eles aparecem ali e distribuírem autógrafos aleatoriamente.

A questão é que todas essas fãs são garotas de 14 a 18 anos. Se tiver alguém da minha idade aqui ela tirou a sorte de grande de se parecer com uma adolescente mesmo depois dos 20 anos.

— Você se parece com uma adolescente mesmo sendo velha. — Ignoro o insulto de Poliana e me pergunto se ela leu meus pensamentos.

As fãs estão basicamente vestidas para arrasar, creio que aproveitaram o fato do show ser menor e mais vazio para virem elegantes. Muitas estão de salto alto! Olho pra mim mesma rapidamente: uso uma combinação de shorts jeans, alpargatas e uma camiseta com os dizeres " I <3 LONDON" que eu tinha comprado só de brincadeira.

Poliana percebe minha análise crítica e ri.

— Você está ótima. — Ela continua andando. Olha por cima das cabeças das centenas de garotas como se procurasse alguma coisa. — Só essa sua mochila que você poderia ter deixado em casa. Vou te dar uma bolsa.

Arrumo as alças da mochila nos meus ombros.

— Eu tenho bolsas! — cuspo as palavras, ofendida. — Mas eu tenho muita coisa pra levar.

— Tipo um spray de pimenta, né? — Polly dá uma piscadinha e eu não respondo. Nem preciso já que ela se aproxima de um segurança que está mais afastado da baderna e começa a falar. — Bom dia! Acho que estão esperando a minha amiga aqui. O nome dela é Lua. Eu estou com ela.

O segurança olha bem pra cara dela e depois pra minha. Faz esse processo umas três vezes e eu começo a achar que ele vai nos mandar embora aos berros. O Liam pode ter esquecido ou desistido já que eu tinha dito que não ia.

— ID, por favor. — O segurança pede e eu tiro a cópia do meu passaporte da mochila. Sempre ando com ele caso seja parada pela polícia ou precise entrar em um show do 1D, por exemplo. Ele dá uma olhada rápida. Liam não sabe meu sobrenome, mas imagino que poucas pessoas chamem Lua ali. — Sigam-me —  ele diz e Poliana sorri para mim de orelha a orelha.

Ele nos leva para uma rua lateral onde há um portão menor e várias pessoas com crachá andando pra lá e pra cá. Eu o sigo para dentro com pressa, puxando Polly pelo braço. Tudo o que eu não quero é que alguma daquelas meninas nos veja entrando.

Já dentro do prédio, subimos e descemos tantas escadas e passamos por tanto corredores que eu me perco. Distraio-me tentando lembrar do espetáculos musicais que eu sei que passaram por aqui. Sei porque depois de acertar as coisas do intercâmbio de última hora, eu passei dias pesquisando sobre peças que estavam ou já estiveram em cartaz em Londres.

— É na próxima porta a direita. — O segurança para de andar e indica a direção.

Posso sentir ele me encarando, mas estou ocupada olhando a porta que ele indicou. Ela só está a alguns passos de distância, Dá pra ouvir algumas vozes e risadas vindas de lá.

De Lua, com amorOnde histórias criam vida. Descubra agora