Make Up Your Mind

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Eles iriam embora no dia seguinte e para mim nunca foi esforço nenhum ficar com os meus pais apesar de ás vezes rolar uma discussão ou outra. Por isso estou me sentindo horrível agora enquanto mexo na comida do meu prato sem nenhuma vontade de comer. Eu deveria estar participando da conversa e ouvindo mais atentamente os planos da minha mãe de redecorar a casa, mas a única coisa que eu consigo fazer é dar um sorriso quando ela diz que eu não preciso me preocupar por que meu quarto ainda continua e continuará com as paredes no mesmo tom de vinho "horroroso" de sempre.

Eu sei que a dona Marlene sabe que a filha dela não está bem, porém ela também não me pergunta nada durante o resto do tempo que fica em Londres. Só afaga o meu cabelo maternalmente quando eu soluço contra o seu ombro na hora da despedida no aeroporto.

Diferente da minha mãe, Poliana não segura a língua e na primeira oportunidade ela transborda todas as perguntas que estava guardando para quando meus pais fossem embora. A primeira delas é se o colar de lua tinha sido dado pelo Liam. Quando respondo que sim, todas as outras indagações desencadeiam até que eu me veja contando sobre como ele tinha ido me ver no teatro duas vezes e sobre como, aparentemente, Dylan tinha uma parcela de culpa em tudo o que estava acontecendo.

A verdade é que ao chegar nessa parte, Polly me olha com tanta pena que eu chego a ficar irritada.

— Ele parecia ser tão bonzinho — ela murmura com os braços em volta na barra metálica para não perder o equilíbrio com o vagão do trem que se movimentava. — Ele gosta de você, isso é um fato.

Mesmo tendo que fazer oito apresentações por semana eu tinha aulas nos outros dias e ainda tinha trabalhar, afinal Wicked não era remunerado por ser uma produção acadêmica. Tinha entrado em um acordo com Jeffrey para ele me escalar apenas para os outros dias da semana. Claro que ele chiou e reclamou no meu ouvido o dia todo até aceitar. Então é isso que eu estou fazendo: completamente cansada, mas no metrô indo para não faço ideia aonde ganhar dinheiro já que eu ainda preciso me sustentar.

— Você acha que foi por isso que o Liam terminou com você?

Ás vezes gosto de pensar que o silêncio é um tipo de resposta. Pode significar muitas coisas, entre elas significa que você não está afim de falar no momento, mas para Polly aquilo não existe então ela espera que eu responda, me olhando fixamente com seus olhos verdes arregalados.

— Não sei — respondo com um ruído seco. — E não importa se foi por isso. Ele não tinha esse direito de se meter na minha vida, independente se foi na boa intenção ou não.

Ela concorda com um movimento.

— Não acho que foi por isso. — Ela me ignora quando eu solto um resmungo e reviro os olhos devido a continuidade do assunto. — Sobre o Liam, quero dizer. A não ser que o Dylan tenha insinuado pra ele que tinha alguma coisa entre voc...

— Poliana, escuta com atenção o que eu vou te dizer — digo tão seriamente que Polly enruga a testa pra mim. — Eu vim pra Londres com objetivos muito claros na minha mente e nenhum deles envolvia entrar em um relacionamento amoroso, muito menos em dois. Muito pelo contrário, eu estava certa de que eu tinha que me manter longe de qualquer coisa que cheirasse romance.

— É, mas aí você literalmente esbarrou em um cara por quem você já era atraída fisicamente já que você tinha um pôster dele na sua parede, coisa que eu me lembro muito bem. — Ela sorri e eu bufo. — E você se apaixonou.

Eu já sabia daquilo e já tinha dito aquelas palavras em voz alta, mas ouvi-la dizer que eu estou apaixonada me faz encostar a testa no metal frio na minha frente.

— Eu não ligo. — Fecho os olhos e me concentro nos meus dedos que descem e sobem o zíper da minha jaqueta. — Eu provavelmente sou uma daquelas pessoas que nasceu para ficar sozinha e isso é bom. Ninguém precisa de ninguém para ser feliz.

De Lua, com amorNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ