De Lua, com amor

Once and For All

  | 2 dias antes |

E eu espero. Mas as horas nunca se arrastaram tanto. Os dias parecem durar 90 horas e não há nenhuma atividade que consiga me distrair o suficiente.

Eu só consigo pensar no Liam e cada coisa que ele me diz me deixa mais ansiosa.

Por que ele me conta tudo, cada passo dado pra mais perto de mim. Mas ele continua tão longe que eu começo a ficar desesperada.

Fico pensando quantos quilômetros são da Itália até exatamente a porta da minha casa. Quantas horas? Quantas noites mal dormidas? Quanto tempo pra liberarem ele? Quanto tempo pra eu finalmente conseguir ficar em paz?

Então não dá pra explicar o que acontece comigo quando Liam finalmente chega. A única coisa que eu faço é abraça-lo com tanta força que meus braços reclamam. E molhar sua camisa com o meu rosto úmido. E deixar que ele me beije até meus lábios ficarem rachados.

— Não desiste de mim, de nós, disso aqui. Nós podemos tentar. Mais do que tentar, nós podemos viver isso. E não, não vai ser fácil. Ficar meses sem te ver vai ser a coisa mais difícil que eu já fiz, mas pior seria não olhar pra você nunca mais.

Assim que nos separamos ele despeja as palavras pra mim com as mãos no meu rosto, os polegares fazendo círculos nas minhas bochechas molhadas.

E tudo o que eu quero é dizer que sim, tudo bem, a gente pode fazer isso, mas milhões de interrogações aparecem na minha mente.

— Como vai ser isso? — pergunto com os olhos fechados deixando que ele acaricie meu queixo. — Eu vou estar sempre do outro lado do oceano. Não posso ir com você nas suas tours, nas suas viagens e quando você finalmente voltar pra sua casa eu também não vou estar lá.

Eu sei que provavelmente meus pais estão vendo tudo do lado de dentro da casa ou pelo menos só o meu pai, mas não me importo. Eles viram o meu estado e deve ser por isso que quando avisei que Liam estava vindo eles só concordaram e me deram um abraço silencioso.

— Não sei, mas Lua, por favor, vamos dar uma chance.

Abro os olhos para analisar os detalhes do seu rosto e me perco um pouco. Levo os dedos para um botão da sua jaqueta marrom e Liam suspira. Ele está daquele jeito que faz meu estômago dar uma volta: os olhos tristes e as pontas dos lábios caídas.

— Não acredito que eu estou praticamente pedindo pra você me amar. — ele murmura.

— Não precisa pedir. — tiro a mão da roupa dele. — Eu já te amo.

— Então me deixa te amar de volta.

Liam acaricia o meu braço e os dedos sobem até o meu rosto. Ele alcança a minha boca e sela os lábios nos meus de novo.

— É que eu nunca acreditei em relacionamentos à distância. — sussurro quando nos separamos, os lábios tocando no seu queixo.

— Lua, eu só sei que eu preciso estar em um relacionamento com você. — ele toca o meu nariz com a ponta do dedo. — Se o único que dá é o à distância então eu vou começar a acreditar nele.

Descanso a cabeça no seu peito com os dedos dele deslizando pelo meu cabelo. É difícil acreditar que ele está ali na minha varanda então eu aperto mais os braços em volta do seu corpo e acabo soltando um choramingo de descrença.

— Foi horrível. — falo depois de ficar um tempo quietinha nos braços dele. — Esses meses. Eu ficava imaginando se você já tinha me esquecido. Se você estava com alguém. — levanto o rosto pra ele sem soltá-lo. Umedeço os lábios com o rosto começando a esquentar pelo o que eu estava prestes a dizer. — Você estava?

Ele me dá um sorriso.

— Estava ocupado chorando por você. — meu rosto se torce em uma careta de incredulidade. — É sério. Os outros garotos e a Ruth podem confirmar. Eu fiquei meio paranoico com a possibilidade de você começar gostar de outra pessoa.

Só balanço a cabeça em negação voltando a passar os dedos nos botões do seu casaco e ele encosta os lábios no topo da minha cabeça.

Não sei muito bem o que pensar sobre isso de relacionamento à distância. Ele ainda vai continuar não estando aqui ou onde quer que eu esteja e eu provavelmente ainda vou continuar indo dormir com a fronha encharcada de lágrimas.

A única coisa que eu sei é que ele ficou paranoico atoa.

— Não acho que vou gostar de alguém de novo. — sussurro encabulada por que tinha impressão de que não deveria estar falando aquilo em voz alta, mas é tarde demais. — Não desse jeito. E isso me assusta.

Continuo encarando o seu tórax, mas Liam ergue o meu rosto em um movimento calmo. Passo os dentes pelos lábios nervosamente, mas ele me analisa com uma expressão tranquila.

— Eu tenho certeza que isso aqui, esse sentimento não vai acontecer de novo. — seus lábios se movem e ele me dá um pequeno sorriso deixando suas covinhas aparecerem. — E você sabe o que isso significa, né?

Na minha cabeça isso significa muitas coisas como, por exemplo, ficar eternamente sozinha caso um dia Liam se canse dessa história de namorar uma pessoa que ele mal vê.

Mas pra ele deve significar outra coisa já que entrelaça os dedos na minha mão esquerda e a ergue até a altura do seu rosto. Liam a beija delicadamente e meus olhos lacrimejam por que eu senti falta daquilo também. Afasta os lábios da minha pele, mas continua segurando a minha mão e roça o polegar pelo meu dedo anelar por mais tempo do que o normal.

E aí eu entendo.

Meus olhos se arregalam e eu tusso por que acabo engasgando com o ar. Liam dá mais um beijinho da minha mão antes de me beijar na boca e eu me concentro no movimento da sua língua por que eu só podia ter entendido errado.

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