The Guilty Ones

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Dessa vez eu deixo Liam chamar  Sean para me levar para casa porque ele está exausto demais para fazê-lo e eu nem sei onde estou pra poder pegar um táxi ou metrô. Posso dizer que no fundo eu não queria ir. Eu queria ficar ali com o Liam, o ver dormir enquanto eu passava os dedos no seu cabelo. Mas se eu ficar a última coisa que ele ia fazer era dormir.  Eu sei disso mesmo já estando do lado de fora, na frente do prédio dele, esperando Sean abrir a porta de trás do carro.

Eu não queria contar nada sobre o que tinha acontecido para a Polly, mas foi só citar que eu tinha ido para a casa do Liam no dia anterior que ela espreitou os olhos verdes pra mim.

— Então... — Polly começa depois de alguns minutos de silêncio. Estávamos descendo as escadas da estação do metrô mais próxima da nossa casa. — O que aconteceu?

— Nada — eu digo, mas acho que foi rápido demais porque ela solta uma risada frouxa.

— Como você pode ser tão boa representando no palco e tão ruim pra mentir?

Eu me pergunto isso sempre que tento esconder alguma coisa de alguém, principalmente dela.

— Não estou mentindo. — Passo a catraca do metrô sem olhar pra ela.

A estação não está lotada, porém está cheia, como sempre naquele horário. Passava um pouco das 16 horas e enquanto a maioria das pessoas voltava do trabalho, eu e Polly íamos para o outro lado da cidade para mais um evento do buffet. Eu não estava no clima de trabalhar, nem um pouco, mas eu precisava me sustentar.

— Só me diz se vocês usaram preservativo. — Ela para ao meu lado, os cabelos cor de fogo esvoaçando com o ar quente da estação.

— Shiu, Poliana! — Eu olho nervosa para os lados. — As pessoas vão achar que a gente é pervertida.

— Primeiro, estamos falando em português. E mesmo que alguém entenda, sexo é uma coisa comum, não entendo pra que tanto tabu.

— O.k.

Cinco minutos se passam e eu acho que ela desistiu, mas não. Ela nunca desiste.

— Lua, me conta! Eu sei que alguma coisa aconteceu porque você está com essa cara de culpada de novo.

Suspiro alto por que sei que ela não vai me deixar em paz.

— Não aconteceu nada. — Falo o mais baixo possível por que nunca se sabe, sempre tem brasileiros em todos os lugares em Londres. — Por que eu não quis. Mas quase aconteceu.

Ela concorda silenciosamente com a expressão pensativa.

— Você gostou do que "quase aconteceu" pelo menos?

Eu a olho, desacreditada com a pergunta.

— Sim — digo apesar de querer falar um "porra, e como!"

O trem chega em uma velocidade ridícula, fazendo meu cabelo voar para todos os lados.


***

"Qual é a graça de eu estar de folga se você sempre tá ocupada?"

"Aproveita e descansa, dorme, vê sua família, seus amigos..."

"Que horas acaba sua aula hoje? Eu vou te encontrar aí."

"Liam, eu vou trabalhar depois da aula."

"Eu te levo!"

"Não precisa, de verdade."

Ele demora pra responder e eu até sei o que ele vai falar porque eu tinha chegado no ponto em que eu conhecia pelo menos esse aspecto de Liam. Ele era fofo, muito mesmo. E carente.

De Lua, com amorWhere stories live. Discover now