I Know Things Now

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Devagar, Liam anda até uma mesinha no centro da sala de onde pega um livreto de Wicked. Ele se aproxima de mim para entregá-lo e meu corpo treme só por ele estar perto. Não dou muita atenção para a playbill porque todo dia eu via uma daquelas.

— Atrás — ele me diz quando eu levanto o rosto para ele.

Viro o livreto e vejo todas as propagandas de vários anunciantes que contribuíam financeiramente com a realização da peça, o que é bem normal no teatro. Alguém precisa pagar pelos cenários, figurinos e tudo mais. Lembro-me de Juan que um dia teimou que nós conseguiríamos comida de graça só por que a Pizza Hut estava entre os anunciantes.

Mas, eu nunca havia dado a devida atenção para aquilo. Não me interessava. Só que agora me interessa por que meus olhos batem em um nome que justificaria Liam ter tocado no assunto.

— A sua gravadora? — pergunto quando vejo o anuncio gigantesco da Syco. Não sei como eu nunca tinha notado aquela coisa. — O que é que tem?

Ele solta um suspiro audível antes de falar, como se estivesse juntando coragem ou se preparando pra falar algo que não quisesse.

— Eles não iam me falar — ele começa —, mas um dos nossos empresários achou melhor... Que eu soubesse. — Liam se cala para inspirar fundo novamente. — Eu já tinha visto aquela matéria, o seu amigo perdeu o tempo dele me mostrando. — Ele faz uma pausa de novo, mas eu nem penso em dizer nada, não agora que ele resolveu falar. — Os diretores da gravadora estavam pensando em tirar o patrocínio da peça porque aparentemente esse tipo de artigo estava manchando a imagem deles. — Liam faz uma expressão de desgosto. — E da banda.

Minha testa enruga em desentendimento e eu sinto meus lábios secarem. Aquilo é a coisa mais absurda que eu já tinha ouvido.

— Você quer dizer... — Minha voz sai rouca. — Que eu estava manchando a imagem da sua gravadora? E do One Direction?

Eu não era nada. Absolutamente nada. Com certeza não tinha aquele poder todo.

Ele me dá um sorriso triste e me olha com pena.

— Não. Eu estava fazendo isso. — Ele dá de ombros. — Mas até aí tudo bem, um de nós sempre está fazendo alguma coisa que acaba denigrindo a nossa própria imagem e a única coisa que estar com você fez foi melhorar a minha.

— Então eu não estou entendendo — sibilo com irritação. Ele tinha que começar a ser mais claro.

— Eu estava sujando a imagem da sua peça, da sua escola e a sua. — Liam solta de uma vez só parecendo frustrado. — E por isso eles iam deixar de patrocinar o seu musical. Por que aparentemente as pessoas não conseguiam falar de você sem falar de mim e sem achar que você só estava lá graças a mim. Ou que a empresa do Simon é a maior patrocinadora da peça também graças a mim.

É muita informação de uma vez só e eu fico confusa. Aperto a minha têmpora com as pontas dos dedos com força.

— Tudo isso por causa de um jornal?

— Fico feliz que você só tenha visto um, mas foram vários. — Liam esconde as mãos nos bolsos da calça preta de moletom que veste. Ele fixa os olhos em pontos diferentes até que eles param no instrumento logo ao lado dele. Minhas bochechas coram de leve e eu imagino se ele está lembrando-se da mesma coisa que eu tinha lembrado quando olhei para o objeto. — Eu não tive escolha. — Ouço ele murmura e ele ergue os olhos pra mim de novo. — Eles sugeriram até te tirar e colocar outra pessoa no seu papel.

— Eles não fariam isso. — Minha cabeça balança como se apenas falar não fosse o bastante para negar a ideia. Mas a verdade é que eu nem sei o que estou falando, não conheço aquela parte do show business como ele.

De Lua, com amorWhere stories live. Discover now