Strange Magic

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Liam me leva primeiro em cada barraca da feira e me espera muito  pacientemente porque eu quero olhar tudo e quero comprar tudo também.  Mas o salário de um funcionário de buffet não é grandes coisas mesmo que  seja em libras. Eu tenho que pagar metade de um aluguel, contas e comida.

—  Ah, Liam. Olha que lindo! — Com certeza é a frase que eu mais falo  durante uns 40 minutos e toda vez que eu falo Liam segue meu olhar ou o  meu dedo obedientemente procurando o que eu estava apontando.

—  Lua, isso é a miniatura de um ônibus! — Liam diz exasperado quando eu  pego de uma barraca a miniatura de um ônibus londrino com direito a  bandeiras da Grã-Bretanha penduradas em uma das janelas. — Você vê dez  desses em um dia.

— Liam, eu sou turista esqueceu? Se você visse os ônibus do Brasil você também ia querer uma miniatura dessas.

Eu  compro não só o ônibus, mas várias representações de pontos turísticos  da Inglaterra, além de vários quadros para decorar meu quarto e algumas  pequenas esculturas para mandar para a minha mãe de presente. Liam já  está segurando umas quatro sacolas e ele não havia comprado nada pra  ele, obviamente, e muito menos pra mim apesar de ter tentado. Todas as sacolas eram minhas. Isso tinha sido até motivo para uma discussão de  cinco minutos em que eu me neguei terminantemente a ter alguém  carregando sacolas por mim, mas Liam apenas me ignorou e as tirou da  minha mão no meu primeiro momento de distração.

Fiquei brava e fechei a expressão, mas não resolveu. Ele apenas riu e me beijou na bochecha.

Quando eu começo a ficar meio cansada e com frio Liam aponta pra uma loja.

— Acho que você vai querer entrar naquela ali.

E  ele tem razão, tanta razão que eu tenho que me controlar para não fazer  nada que eu não tenha pensado direito antes. A loja é a Notting Hill  Books, um lugar especializado em guias de viagem e que, no filme, Hugh  Grant é dono.

Lá se passam várias cenas fofas entre ele e Julia Roberts. Eles se conhecem ali sem querer e, no final, é dentro daquela loja que eles se despedem.

— Como você sabia que eu ia querer entrar aqui? — pergunto assim que entramos no lugar.

É  bem pequena comparada com as megas livrarias que existem em Londres. O  chão é de madeira assim como as prateleiras. As paredes tem um jeito  rustico e envelhecido e o ar tem cheiro de café fresco.

— Eu posso ou não posso ter assistido o filme, sabe, depois daquele dia. — Ele dá de ombros.

A pele de Liam está meio avermelhada acho que devido ao vento frio. Quero colocar as mãos no rosto dele, mas não o faço.

—  Você odiou por que é romântico e meloso? — Vejo John parado perto da  porta, do lado de dentro da loja. Ele olha alguns guias, sempre  prestando atenção nos passos do garoto.

— Eu gostei, por incrível  que pareça. — Ele me segue quando começo a andar deliberadamente pela  loja. — Eu me identifiquei com a Júlia Roberts.

Liam consegue me  fazer rir por que, ao pensar bem, talvez ele tenha razão. Júlia Roberts  no filme é uma atriz muito famosa que se envolve com o simples dono da  livraria e tem a vida revirada de cabeça praa baixo pela imprensa.

— E eu com o Hugh Grant.

De  novo tem aquela tensão no ar, mas é uma tensão quase boa. Como se os  dois estivessem esperando para ver até onde aquilo chegaria. Mas dessa  vez eu não queria ter que fazer nada. Ando pelos pequenos e apertados  corredores com ele atrás de mim e penso que daquela vez eu não queria  agir. Mas eu queria que ele agisse? Independente da resposta, eu sei que  ele não vai fazer nada por que eu o reprimi várias vezes e ele entendeu  o recado. Posso dizer isso só pelo jeito que ele evitou encostar em mim  durante o dia todo.

De Lua, com amorWhere stories live. Discover now