March of the Witches Hunters

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A única parte boa de não ter que trabalhar é ter mais tempo para ensaiar. Wicked tinha chegado naquele momento em que todas as cenas foram passadas separadamente e as músicas ensaiadas milhões de vezes, então estava na hora de começar a juntar tudo. E fazer uma peça de duas horas sem parar pela primeira vez tinha sido exaustivo demais e isso por que não teve sequer troca de roupas. Vendo o estado em que eu termino a última cena, começo a ficar paranoica e achar que fiz uma grande besteira quando me inscrevi para as audições. Era evidente que nem condição física eu tinha pra ser a bruxa má do oeste.

— Acho que vou ficar três dias seguidos na cama. — Juan está com a respiração pesada de cansaço e quando chegamos na calçada em frente a escola ele pranteia: — Eu não vou sobreviver.

— Somos dois. Parece que eu fiz um cooper de sete horas.

Minhas costas doem, minhas pernas estão pesadas, minhas costelas ardem quando eu respiro e minha voz está rouca apesar de todos os litros de água que eu tomei entre uma cena e outra.

— A gente está ferrado.

Quero mandar uma mensagem para Liam e pedir pelo amor de Deus para ele não aparecer lá agora como ele disse que faria. Sei que eu estava na pior condição já vista na história.

— Deve ser horrível namorar um deus grego daqueles e ter que ficar se preocupando se está bonita o suficiente toda hora — Juan diz me olhando com pena.

Olho pra ele me perguntando se estava tão na cara assim o meu stress.

— Nunca pensei nisso, na verdade. — Eu mesma percebo um pouco de pânico na minha voz.

Claro que eu já havia pensando em como o Liam era maravilhoso e eu era no máximo uma pessoa normal que tinha certa beleza dependendo do ângulo. Mas eu tentava não pensar muito a respeito para não ficar doida.

— Relaxa que para te enfeiar precisa de muito mais do que isso. O gato vai querer te comer assim que te ver nessa calça leggin grudada.

— Juan!? — Olho pra ele chocada, dando um tapa no seu ombro.

— Desculpa, só digo a verdade. — Ele sorri e olha para o topo da escada. — Você pode fazer o teste com o seu outro boy que está descendo agora, apesar de que com esse eu já tenho provas suficiente só pela hora de As Long As You're Mine hoje em que ele pode tocar no seu corpinho sem medo de ser feliz. Quero ver quando ele tiver que te beijar mesmo.

— Meu Deus do céu você precisa ir embora tomar o seu remédio por que você não tá normal.

Juan junta os lábios e joga um beijo pra mim antes de ir embora rindo. Pego meu celular e ensaio um texto na minha cabeça para mandar para Liam, mas desisto porque sei que ele nunca ia aceitar não vir e provavelmente ele já dever estar chegando.

— Você esqueceu isso. — Me sobressalto quando Dylan aparece do meu lado. A pele do seu rosto está um pouco avermelhada devido ao exercício feito nas últimas horas e o cabelo desgrenhado, porém ele não estava tão ruim quanto eu achava que eu estava. Na verdade ele estava bem o bastante para arrancar umas risadinhas envergonhadas de alunas que passavam por nós.

Ele me entrega algumas partituras cheias de anotações que eu devo ter esquecido no teatro.

— Ah, obrigada — digo polidamente. Tínhamos começado a nos tratar assim, com muita educação e cheio de dedos. — Se eu perder isso acho que me mato.

Dylan não entrou mais no assunto relacionamentos para o meu alívio, e agora eu só o via nos ensaios e não mais nos corredores no meio das aulas. E mesmo quando tínhamos que fazer alguma coisa juntos ele fazia poucos comentários e evitava puxar muita conversa.

De Lua, com amorWhere stories live. Discover now