The Moment Explodes

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Até o momento eu não tinha queimado nada, mas também não era nada que pedisse extrema experiência na arte de cozinhar, eram só panquecas. Tiro a última do fogo e a coloco no topo de uma pilha. Assim que comecei a fazer percebi que não tinha ideia do que Liam gostava de comer, mas aquilo era praticamente uma unanimidade mundial. Todo mundo amava panquecas, ou no caso dos britânicos, pancakes. E só pra garantir, havia separado todos os possíveis acompanhamentos que eu achei no armário e geladeira.

Mel, pasta de amendoim e geleia de frutas vermelhas

— Hey.

Liam aparece na cozinha vestindo uma calça de moletom preta, uma regata branca e com o cabelo visivelmente molhado. Ele ergue as sobrancelhas para mim e eu percebo que fiquei muda.

— Eu não queimei nada — digo depois de limpar a garganta discretamente.

O cheiro de shampoo e sabonete é tudo o que eu sinto quando ele se aproxima de mim. Liam olha a pequena bagunça que eu fiz e sorri pra mim.

— Você sabe que eu estava preocupado com você e não com a cozinha, né?

A mão dele vai parar na minha testa. Os dedos roçam contra a minha pele e meu cabelo, acho que em uma tentativa de me limpar porque eu sei que deve ter farinha pra todos os lados.

— Eu sei mexer em um fogão, sabe? — Observo Liam separar dois pratos e colocar uma panqueca em cada. — Agora sou eu quem estou preocupada com você comendo isso.

Liam joga um pouco de mel e geleia na dele e come um pedaço. Meu lábio inferior começa a arder por que eu estou o mordendo de nervoso.

Ele mastiga por alguns segundos, o rosto formando uma careta estranha.

— Está horrível, me desculpa. — Minha voz sai chorosa mesmo que eu esteja mais com vontade de chutar algo do que propriamente chorar.

— Dá pra comer. — Liam dá de ombros e eu o olho, boquiaberta. — Eu estou brincando, Lua! Nunca comi uma pancake tão boa, meu Deus.

— Você está bem engraçadinho hoje.

— Fico assim quando eu fico nervoso.

— E você está nervoso com o que?

Ele não responde. Apenas me olha de um jeito diferente com os lábios apertados. Decido que não quero saber. Corto um pedaço da panqueca que ele tinha separado pra mim e como pura mesmo. Não está ruim, nem um pouco. Deixo-me ficar orgulhosa de mim por alguns segundos por isso, mas eu havia perdido a fome por alguma razão desconhecida - que no fundo eu sabia que tinha a ver com o garoto parado ao meu lado. Ocupo-me arrumando a bagunça que tinha feito na cozinha. Ás vezes olho para Liam que continua ali, em pé, com as costas apoiadas no armário, o prato na mão, comendo enquanto me olha. Eu não era de ficar intimidada assim tão fácil, mas tinha alguma coisa nele que me fazia ficar daquele jeito e eu meio que me odiava por isso porque eu sabia que eu era muito menos idiota do que quando ficava perto dele.

Lavo o meu prato, os talheres, o liquidificador e a frigideira que eu usei. Liam sequer me impede, o que é estranho, mas também é um alívio. Quando termino, começo a guardar os ingredientes que havia usado. Logicamente para cozinhar eu havia aberto todas as portas dos armários daquela cozinha procurando o que precisava. Esforço esse que tinha sido inútil. Quase tudo estava nos gabinetes mais altos.

Preciso me esticar toda e quase perder um braço e metade da blusa para por a lata com farinha exatamente de onde tirei, a última prateleira. Estou prestes a pedir para Liam uma ajudinha quando o ouço:

— O.k. — Levo um susto ao notá-lo atrás de mim, a respiração batendo no topo da minha cabeça e a mão na minha cintura. Os dedos dele estão no pedaço de pele que a minha camiseta deixou de cobrir devido a minha aventura pelos armários altos. Eles estão quentes devido ao banho e eu suspiro.  — Não consigo mais fazer isso.

Liam me gira para frente com uma facilidade perturbadora.

— O quê?

— Vem comigo.

Ele está sério de um jeito que eu não tinha visto antes, mas ele também parece frustrado com alguma coisa de repente. A mão dele encontra a minha e eu só o sigo enquanto ele me puxa para fora da cozinha. E eu penso em milhares de possibilidades para aquela mudança abrupta de atitude, mas tudo some quando eu vejo que ele me levou de volta para o quarto dele.

— Liam, o que...

Minha frase morre quando Liam me beija. Os dedos entre os meus cabelos e o gosto de mel na boca. De todas as vezes que nossos lábios se encontraram, aquela era sem duvida a mais absurda de todas. Era como se ele estivesse procurando algo na minha boca. E para quem estava com vergonha do quarto dele uns minutos atrás, eu estava correspondendo muito bem.

O perfume fresco de shampoo agora está tão forte e é tão bom quanto a língua dele na minha ou a pressão que ele faz na minha nuca. Minha mão desce do pescoço para os ombros dele até chegar aos braços e eu basicamente gaspo quando lembro que ele está de regata. As pontas dos meus dedos roçam na pele dele, pressionando só um pouco os músculos dali até que acabo trocando os dedos pelas unhas. Não sei o que dá em mim porque eu as cravo de leve nele. Liam me solta como se tivesse levado um choque.

— Desculpa! — digo consideravelmente sem ar e em total desespero por que, claro, eu estraguei tudo. — Me desculpa, me desculpa. Eu te machuquei?

O olhar de Liam beira a exasperação. Ele não está mais com as mãos em mim, mas continua perto.

— Me machuc... — Ele aperta os olhos com uma mão e solta um suspiro incrédulo. Depois volta a me encarar. Demora alguns segundos para que ele fale e quando o faz, a voz saí baixa e meio rouca. — Lembra quando eu disse que queria te tocar? — Os lábios rosados dele estão vermelhos e molhados o que só me faz querer que ele volte a me beijar. — Eu realmente quero fazer isso agora.

Puta merda.

Minha nuca arrepia só de ouvir aquilo. Minha nuca, meus braços, acho que até o meu pé. Até então Liam tinha sido um perfeito cavalheiro. Ele nunca tinha tentado nada comigo. Nenhuma mão boba, nem nada o que era novidade vinda de um garoto que eu sei que não é inexperiente nem nada. As mãos deles se limitavam à  minha cintura, braços, rosto até aquele momento. E eu sei que ele não vai fazer nada sem eu mostrar que está tudo bem, que eu também quero, então eu concordo em silêncio fazendo força para meu rosto não avermelhar.

Liam entrelaça os dedos nos meus de novo enquanto a outra mão vai para o meu rosto, o dedo acariciando os meus lábios. Ele troca o dedo pela boca e dessa vez ele é tão delicado no beijo que eu tenho certeza que ele está se esforçando para não apressar nada.

Mas de qualquer jeito, um minuto depois eu já estou deitada na cama dele. Eu estou deitada na cama de Liam Payne. Alguma coisa acorda dentro de mim e a minha respiração começa a ficar descompassada quando eu entendo o que está acontecendo. Liam deita ao meu lado, o corpo apoiado no próprio braço. Ele passa a mão livre na minha testa tirando os fios que caem sobre meus olhos. Acaricia minha bochecha, o meu queixo e cada parte do meu rosto com tanto cuidado que eu começo a me sentir culpada pelo meu desespero. Mas eu respiro fundo e digo:

— Não posso fazer isso agora.

Não vejo nenhum tipo de decepção no rosto de Liam e isso me conforta. Ele me beija nos lábios delicadamente e sorri.

— Tudo bem. Mas podemos ficar aqui?

— Na cama? — pergunto, passando os dedos pelo cabelo dele. — Claro. Você ainda está com cara de quem está prestes a desmaiar de cansaço ou algo assim.

Liam ri, se deitando do meu lado. Ele me puxa para que eu o abrace e fica tanto tempo em silêncio que por um momento eu acho que ele dormiu.

— Quantas vezes eu posso dizer que gosto de você sem parecer ridículo?

— Quantas você quiser.

Ele respira fundo.

— O.k. Eu gosto de você, Lua.

Não respondo porque não sinto necessidade. Não ouvi nada na voz de Liam que sugerisse que eu precisasse respondê-lo e isso me faz pensar que sim, eu gosto dele também. Bem mais do que eu deveria.

De Lua, com amorWhere stories live. Discover now