Are We Gonna Play?

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Os olhos dele se fecharam alguns minutos atrás e pela oscilação do seu peito desnudo percebo que ele está caindo no sono de novo. Mas a sua mão continua entre os meus fios, os movimentando lentamente.

Aproveito para dedilhar a linha do seu maxilar sentindo as pontinhas da sua barba sob os meus dedos.

— Acorda — peço com um sussurro.

Liam abre os olhos fazendo um bico por que eu passo as unhas da mão livre no seu peito.

— Que horas são?

— Cinco e alguma coisa. — Dou uma risada fraca quando ele afunda a cabeça no travesseiro.

— E você está acordada a essa hora por quê? — Apesar da sua voz sair abafada eu consigo ouvir.

Desço os dedos para as suas costas.

— Meus pais foram caminhar — comento com um desinteresse fingido e Liam volta a me olhar. — E eu pensei que agora seria uma boa hora pra te mostrar uma coisa. — Quase posso ver uma sombra de interesse passar pelos olhos dele. — Mas pra isso você vai ter que levantar.

Ele não parece gostar muito da ideia, mas se arrasta para fora da cama.

— Você não vai precisar disso. — digo quando o vejo pegar uma calça jeans de cima de uma cadeira.

Liam ergue as sobrancelhas pra mim.

— Lua. — Ele está com o mesmo tom desconfiado que meu pai usou momentos atrás por isso eu bufo com impaciência.

— Anda. — Eu o apresso, me levantando rapidamente e atravessando o quarto de hóspedes com pressa.

Volto a olhá-lo já com a porta aberta, mas Liam está parado no mesmo lugar com os olhos cravados em mim.

— Esse é o seu pijama? — pergunta com o maxilar travado e os ombros tensos.

Se ele soubesse como ele é parecido com o meu pai talvez não tivesse tanto medo dele.

Apenas faço sinal para que ele me siga para fora do cômodo e ele obedece relutante. É estranho ter Liam andando pela minha casa só de boxer, mas eu não penso muito nisso até por que não tem ninguém ali para olhá-lo além de mim.

— Está na hora de você conhecer o meu quarto. — Puxo ele para dentro, trancando a porta assim que ele passa.

Liam olha para os lados com cautela e eu noto que ele está reparando nos detalhes. As paredes vinho, os quadros, os móveis brancos, a penteadeira cheia de cosméticos, a estante abarrotada de livros e a cama desarrumada, cheia de travesseiros, ursinhos e almofadas.

— Não posso ficar aqui dentro — murmura pra si mesmo depois de demorar o olhar um pouco mais no emaranhado de lençóis.

Eu o seguro para cintura antes que ele tente sair.

— Você é meu namorado, pode ficar no meu quarto. — Aproximo meu corpo do dele e dou um beijinho no seu pescoço.

— Lua... — Agora ele fala o meu nome como se fosse um aviso. — Eu já te disse.

— É eu sei. — Afasto-me dele a contra gosto me lembrando das exatas palavras que ele havia me dito no dia anterior quando as coisas esquentaram um pouco. — "Não vou te tocar desse jeito na casa dos seus pais" — o imito com uma careta e me jogo na minha cama. — Só que a casa é minha também, sabe? — deito-me de bruços, balançando as pernas pra cima e pra baixo.

Faz mais ou menos 40 horas que Liam tinha chegado à minha casa e eu já estou cansada de todo aquele cuidado. Achei que o maior problema seria o meu pai, mas apesar da desconfiança e da carranca o senhor Paulo está sendo fácil de lidar. O problema é o próprio Liam que no máximo me dava um beijo ou outro e tinha concordado de muito bom grado com o meu pai quando ele disse que teríamos que dormir em quartos separados.

De Lua, com amorWo Geschichten leben. Entdecke jetzt