Love While You Can

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Não conseguia ter o suficiente dele também.

Não havia nada que ele fizesse que me satisfizesse, eu queria mais.

E não só mais do que havia acontecido aquela noite, queria mais das coisas simples. Queria poder beijá-lo a qualquer momento, me entrelaçar nos braços dele, desenhar com as pontas dos dedos na pele do seu rosto. Eu só queria mais dele.

Não sei há quanto tempo acordei. Já faz mais de uma hora com certeza, mas eu não havia me mexido até agora. A dor, resultado da noite anterior, tinha amenizado mas hoje tenho um motivo melhor para não querer mover um músculo. Liam.

Ele está dormindo tranquilamente do meu lado. Não lembro que horas adormeci, mas sei que estava enlaçada com o corpo dele quando isso aconteceu. Agora ele está de lado com o rosto virado na minha direção. Quero beijar sua face e os lábios rosados entreabertos, mas a única coisa que eu faço é roçar os dedos na sua cabeça, acariciando seus cabelos castanhos macios.

Poderia fazer aquilo por mais uma hora, mas já estou me sentindo bem esquisita. Não sei o que faria se Liam acordasse e me pegasse o assistindo dormir. Levanto-me da cama o mais silenciosamente possível e ele se remexe sobre o colchão, mas não acorda.

Saio do quarto enrolada no lençol já que minhas peças de roupas estão espalhadas por aquela casa estranha. Aproveito para dar uma olhada nos outros cômodos. Por dentro, a casa de Hugh Grant no filme é só um pequeno flat. Já a verdadeira, escondida pela famosa porta azul, é um sobrado espaçoso com quatro quartos enormes no andar de cima.

Depois de entrar nos outros aposentos, desço as escadas prestando mais atenção dessa vez nos detalhes: os quadros em sua maioria são de pinturas abstratas e todos os móveis seguem a linha mais clássica, em tons claros e pasteis. Pego-me pensando em como seria morar ali, entre aquelas paredes, naquela rua, naquela cidade charmosa que me fazia sonhar.

Na sala encontro todas as minhas roupas no chão e meu rosto queima ao me lembrar da noite anterior. Até agora não sei explicar o que eu senti cada vez que Liam me tocou. Eu nunca tinha sentido tanta excitação por alguém, mas talvez aquilo fosse consequência do fato de que eu nunca tinha sentido tanto amor por alguém.

E foi nisso que eu pensei naquela última uma hora em que eu o observei dormir. Eu amo o Liam.

Não estou mais só apaixonada, eu amo aquele garoto idiota.

Não faço ideia desde que dia. Teoricamente desde os meus 17 anos, mas aquele amor de fã não conta. Esse amor de querer ficar junto, de precisar tocar, de sofrer quando se é machucada eu não sei quando nasceu.

Mas ele existe e agora eu estou completamente ferrada.

Visto-me e pego as roupas de Liam antes de voltar para o quarto. Ele não está na cama, mas imagino que esteja no banheiro. Deixo as roupas dele em cima dos lençóis e me sento em uma das poltronas perto da janela. Acompanho a pequena movimentação da rua em frente, sem demorar os olhos em ninguém em especifico. Todos pareciam normais e felizes, muito diferente de mim que me sinto perdida.

Uma mão acaricia o topo da minha cabeça e lábios quentes encostam-se à minha têmpora me fazendo desviar a atenção.

— Achei que tivesse sonhado quando acordei e não te vi na cama. — Liam beija de novo a minha testa.

— Desculpa — murmuro sem ergue o rosto por que agora que ele está acordado, encará-lo ficou mais difícil.

— Você tem aula hoje, né? — Ouço os passos dele indo em direção a cama. — Eu te levo para sua casa para você se trocar e depois te levo pra sua escola.

Escorrego os dedos pelo braço de couro da poltrona.

— Liam? — Finalmente resolvo olhá-lo. Viro-me e o encontro parcialmente vestido com as roupas que eu havia acabado de trazer, faltando apenas a camisa. Ele me olha assim que o chamo. — Eu preciso te dizer uma coisa.

Espero que ele se aproxime.

— O que foi, babe?

Uma pontada dolorida lateja no meu peito ao ouvi-lo. Liam me olha com preocupação quando se senta no lugar vago a minha frente.

Quero tocar a sua barba e beijar a marca no seu pescoço. Quero que ele me segure no colo e beije a minha boca até que eu fique sem ar.

— Eu amo você. — falo um pouco chorosa e ele sorri, com os lábios e com os olhos. Daquele jeito que sempre me fez querer beijá-lo, mas dessa vez só me faz querer sair correndo. Quero enfiar o rosto na curva do seu pescoço e que ele afague o meu cabelo enquanto me convence que tudo vai ficar bem. — Mas eu tenho que voltar.

— Voltar? — Liam está confuso, mas eu sei que de todas as opções que podem estar passando na mente dele naquele instante, nenhuma sequer se acerca com a realidade.

— Para casa — explico com a voz contida. Aquilo não ia ser fácil. — Eu vou voltar para o Brasil.



De Lua, com amorOnde histórias criam vida. Descubra agora