5| Contra Os Príncipes das Trevas

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Escorado e abaixado atrás de um dos túmulos do grande e principal cemitério de Nova Friburgo, Rafael Marazion observava com total atenção ao ritual satânico que ali acontecia. Poderia acabar com o que aqueles três jovens faziam, poderia apenas deixar que eles colhessem a consequência de seus atos ou poderia estar em casa dormindo. 

Ele encarou o relógio no pulso e no mesmo momento o ponteiro menor marcou três horas da manhã. Não tinha escolha, fora enviado para aquele lugar por alguma razão sem que antes fosse consultado e era hora de agir.

Os três adolescentes deram as mãos e começaram a entoar um cântico satânico em latim. De imediato o pentagrama formado no meio do círculo que aqueles jovens formavam com a mãos juntas, incendiou-se fazendo o mesmo som de um palito de fósforo acendendo. Ao mesmo tempo, eles abriram os olhos em um susto, mas, não soltaram as mãos, não queriam correr o risco de serem possuídos por algo desconhecido.

Vultos negros começaram a rodear os três adolescentes e Rafael fez uma expressão de tédio ao ver. Com certeza aqueles pirralhos não fariam tal ato se pudessem ver a realidade. Rafael tomou bastante fôlego e levantou devagar, sentia-se como uma babá tomando conta de crianças irresponsáveis.

Ele correu na direção dos jovens, inclinou as mãos para frente, fechou os olhos e inspirou fundo. Usou toda a energia que tinha acumulada em si, soltou o ar de seus pulmões e abriu os olhos, que assumiram chamas azuladas no lugar das íris castanhas. Em suas mãos, uma grande quantidade de fogo, azulado e cintilante, se acumulou e formou uma barreira ao redor dos jovens, que estavam entretidos demais entoando o cântico para romper com as barreiras da visão e ver o que ali ocorria.

Rafael abaixou-se na terra, ofegante, tentando recuperar suas energias a todo o custo, sabia que aquilo era só o começo do que estava por vir. Ele levantou a cabeça e seus lábios deram espaço para um sorriso vitorioso se mostrar. Os vultos não conseguiam ultrapassar a barreira feita de fogo celestial.

Rafael sentiu um peso energético negativo sobre si e virou de costas. Uma criatura com asas negras desceu do alto, com uma força paranormal. Parou sobre a terra com um joelho e um calcanhar apoiados no chão.

— Pensa que pode segurar as hostes por muito tempo? — O ser com a aparência de um homem disse, olhou com desdém e suas pupilas chamuscaram. Usava apenas uma calça preta e larga, seu peitoral estava a mostra e atrás de si, as asas cor de carvão bateram desenfreadas.

Rafael levantou e avançou em direção ao principado, ligeiro como uma descarga elétrica, entretanto, as asas da criatura eram mais velozes. Rafael virou-se, arfante e com a testa brilhando de suor, grudando alguns fios ondulados no rosto. Ele mal teve tempo de agir quando viu uma rajada de fogo infernal saindo das mãos do principado em direção a barreira azulada.

Rafael atirou uma porção de fogo que ainda lhe restava em direção ao demônio maior, que foi jogado para trás com uma velocidade e uma força absurda, chocando as asas contra um dos túmulos.

Ele correu na direção da criatura, enquanto que em cada uma das suas mãos, adagas materializaram-se do fogo celeste. Rafael jogou uma das adagas antes que o ser levantasse, atingindo uma das asas sombrias. O infernal fez uma careta de dor ao sentir o metal repleto do fogo azulado colidir com suas penas, era um ácido letal para si.

Rafael girou a adaga que sobrara entre os dedos e esperou o guerreiro infernal se levantar e guardar as asas danificadas. Os dois estavam igualmente sujos de terra e com a mesma dificuldade em respirar.

— Vai ficar aí parado? — Rafael provocou e enrugou a testa. — Covarde.

O infernal bufou como um touro prestes a avançar em direção ao lenço vermelho, concretizou uma espada em sua mão, que era inundada de fogo alaranjado, e avançou em direção a Rafael.

Deixe o inimigo achar que já ganhou a batalha e então, surpreenda-o, Rafael ouviu em sua mente e não hesitou em seguir. Jogou a outra adaga, porém, o objeto passou bem ao lado da cabeça de seu adversário. O demônio deu um salto para frente e mirou a espada em direção a Rafael, que se abaixou no exato momento, porém, o mesmo atirou um feixe de fogo em direção a canela do jovem.

Rafael gritou e suas pernas perderam as forças, fazendo com que caísse de joelhos com uma careta de dor. A ardência poderia se comparar a plástico recém-derretido entrando em contato com a epiderme.

— E então, quais são suas últimas palavras? — O infernal apontou a espada para o pescoço do jovem caído.

Rafael sorriu de um modo diabólico.

— "Tu me revestiste de força para a batalha;... — Ele pronunciou e riu quando a espada caiu da mão do inimigo e desfez-se no ar. — fizeste cair aos meus pés os meus adversários." Segunda Samuel 22:40

— Não! — O demônio colocou as mãos sobre os ouvidos, gritou de dor e seus tímpanos estouraram e queimaram.

Rafael levantou-se com um tanto de dificuldade, acendeu sua chama divina na mão direita e segurou o pescoço do indivíduo.

— E agora o grande finale — Ele levantou o principado pelo pescoço e sussurrou línguas estranhas, seus olhos arderam em chamas.

— Por...Fa-vor...Não! — A criatura gritou e sentiu os primeiros resíduos de queimaduras na pele.

Rafael gargalhou, ele adorava vê-los implorando para não serem jogados no lago de fogo.

— Yeshua.* — Rafael sussurrou.

O demônio gritou com toda a força, contudo, em segundos uma combinação de fogo, laranja, amarelo e azul, consumiu o corpo do ser maligno, que entrou em combustão e desapareceu em meio a atmosfera.

Rafael deixou os braços caírem ao lado do corpo.

— Uma pena que você já se foi, eu quase não lutei, poderia ter sido mais divertido. — deu um sorriso zombeteiro e virou as costas para o local, que ainda era revestido de faíscas. Ele limpou o suor da testa com a costa da mão e olhou em direção aos jovens que evocaram o principado, balançou a cabeça ao notar que o fogo infernal havia feito uma abertura no meio da barreira, fazendo o fogo celeste se esvair a cada segundo dando espaço para que os espíritos malignos entrassem.

Rafael cerrou os punhos e forçou a saída de mais fogo divino, mas nada aconteceu, suas energias haviam sido esgotadas.

— Oh droga! — ele murmurou ao ver os jovens soltando as mãos, tremendo e gritando enquanto eram possuídos.




*Yeshua: "Jesus" na língua hebraica.

*Yeshua: "Jesus" na língua hebraica

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Gostou? Dá uma estrelinha! ⭐⭐⭐

Geeente, o que vocês acharam? Tenho que dizer que ameeeei escrever essa luta, espero que vcs tbm tenham amado ler. 

Beijinhos, guerreiros e até o próximo ❤❤


As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora